Mulher procura por vestígios de 50 parentes soterrados por vulcão na Guatemala

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Mulher procura por vestígios de 50 parentes soterrados por vulcão na Guatemala

Eufemia Garcia procura por vestígios de 50 familiares

Eufemia Garcia, de 48 anos, assistiu com horror ao Vulcão de Fogo da Guatemala cobrir de cinzas, lava e gás escaldante sua casa há uma semana, enterrando filhos e netos. Eles estão entre os 50 familiares de Eufemia que estão desaparecidos desde a erupção do vulcão no domingo, dia 3 de junho. A guatemalteca, que tem dez irmãos, cada um com filhos e netos, procura por vestígios dos parentes.

Eufemia busca ainda pelo paradeiro da própria mãe e de seus filhos e netos. Ela morava na aldeia El Rodeo, onde a nuvem de cinzas chegou sem causar danos irreparáveis.

Pelo menos 110 pessoas morreram depois que o Vulcão de Fogo entrou em erupção no domingo, empurrando correntes rápidas de poeira, lava e gás pelas encostas do vulcão em sua maior erupção em quatro décadas. De acordo com as autoriddades, pelo menos outras 200 pessoas ainda estão soterradas. Dentre eles, Eufemia acredita que estão seus nove irmãos, bem como sua mãe, seus filhos e um neto.

Eufemia busca por familiares soterrados por lava de vulcão na Guatemala
Eufemia busca por familiares soterrados por lava de vulcão na Guatemala Foto: CARLOS JASSO / REUTERS

A aldeia de San Miguel Los Lotes, no flanco sul do vulcão, foi quase totalmente engolida por vários metros de cinza, e os esforços formais de busca foram suspensos até que o vulcão ainda em erupção se estabilize.

Desafiando a ordem de suspensão, todas as manhãs, a guatemalteca deixa o abrigo em que dorme, pega uma picareta ou uma pá e se dirige para a zona de perigo, onde grupos de voluntários e outras famílias escavam cinzas endurecidas pela chuva e pelo sol para alcançar suas casas abaixo.

Outro sobrevivente desesperado, Bryan Rivera, está procurando por 13 parentes desaparecidos. Tudo o que ele encontrou até agora na poeira e desolação é um violão que sua irmã de 12 anos adorou tocar.

— Eu não vou desistir até ter uma parte da minha família e poder dar a eles um enterro cristão —, disse Eufemia, com as feições marcadas pelo cansaço e pelo pesar.

Vendedora de frutas que viveu por mais de três décadas com sua família em Los Lotes, Eufemia disse que estava comprando ovos quando viu o fluxo vulcânico correndo em direção a sua aldeia.

Família se preparava para almoço em família

Ela correu de volta para as casas de sua família, onde tios e um irmão, crianças e primos estavam se preparando para um almoço para celebrar a visita de uma irmã que morava em uma cidade vizinha.

De uma distância segura, Eufemia viu a correnteza subir até o telhado de sua casa, submergindo-a completamente com seu filho Jaime, de 21 anos, lá dentro. Ela viu as cinzas correndo em direção a sua filha Vilma Liliana, de 23 anos, que correu em busca de segurança descalça, mas foi incapaz de ultrapassar a lava.

Sua outra filha Sheiny Rosmery, 28, ficou em casa, com seu filho em seus braços. A irmã que morava em uma cidade vizinha e o marido não foram encontrados.

Com quase ninguém da família, Eufemia diz não saber onde viverá, ou o que fará para sobreviver. Mas por enquanto, diz que tudo o que importa é a busca.

Ela preenche uma lista de desaparecidos, incluindo seus três filhos, sua mãe, seu neto, irmãos, irmãs, sobrinhos, filhos de sobrinhos e cunhados, gerações de parentes entre as famílias que se estabeleceram em Los Lotes, na década de 1970.

Os únicos sobreviventes são Garcia e um irmão que há muito tempo se mudou.

— Eu olhei aqui no necrotério e em outro necrotério, mas não há sinal deles —, disse ela, parada diante de uma fileira de caixões em um necrotério improvisado.

O vulcão, de 3.763 metros de altura e situado 35 km ao sudoeste da capital, vem expelindo material piroclástico nos últimos dias, segundo o instituto estatal de vulcanologia da Guatemala. Esse material, composto por gases tóxicos, pedras e matéria vulcânica e que pode atingir altas velocidades quando desce a montanha, foi o que causou o desastre de domingo passado.

De acordo com o Instituto Nacional de Ciências Forenses (Inacif), as vítimas morreram principalmente devido à avalanche de lodo e cinzas que destruiu várias comunidades. A tragédia do vulcão de Fogo deixou também 57 feridos e 12.407 pessoas evacuadas, das quais 4.175 permanecem em abrigos, segundo o último balanço divulgado pela Conred.

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