Além do chimarrão: erva-mate também é matéria-prima de cosméticos e produtos farmacêuticos

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Embrapa estuda compostos da planta que previnem o envelhecimento das células. No Sul, produção também mantém tradições e tem até um agricultor que montou, sozinho, um sistema antigo de secagem.

Por Globo Rural

Na região Sul do país, ela é consumida numa infusão quente: o chimarrão. Já em lugares de maior calor, a bebida é gelada e chamada de tereré. A base é a mesma: a erva-mate.

E o seu uso tem ido além de tradições. É ingrediente de receitas de bolo, pão, biscoitos, balas. E, no exterior, é até matéria-prima de cosméticos e produtos farmacêuticos.

Na Sul, uma empresa nacional tem exportado o mate para mais de 10 países, principalmente para a Europa e América do Norte. Nestes locais, a erva-mate vai para a fabricação de energéticos, chás, remédios, cosméticos, entre outros.

Prevenção do envelhecimento

No Brasil, a ciência também tem ido bem além do chimarrão e do tereré.

Na Embrapa, por exemplo, a pesquisadora Cristiane Vieira Helm coordena várias pesquisas sobre a planta. Uma delas aponta que a erva-mate tem compostos bioativos que agem como anti-inflamatórios, antioxidantes e antimicrobianos.

“Nós precisamos ingerir essas substâncias bioativas, principalmente, para evitar o envelhecimento precoce, proteger as células. Todos esses efeitos nós encontramos nesses compostos bioativos da erva-mate”, explica Cristiane.

A ideia é produzir cápsulas que vão poder ser adicionadas em bebidas, como em um iogurte, por exemplo.

Outra aplicação do mate em estudo é na fabricação de uma embalagem biodegradável que muda de cor quando o produto embalado apodrece. Com o tempo, a embalagem passa de verde para marrom.

Tradição no cultivo

Mesmo com as inovações, o cultivo da erva-mate no Sul no Brasil é bem marcado pela tradição.

No Paraná, por exemplo – principal estado produtor do país–, o agricultor familiar Benjamin Fialek, do município de Cruz Machado, construiu um barbaquá, equipamento antigo em que os produtores secavam a erva-mate.

Fialek levou dois anos para construí-lo e, para isso, teve que fazer um garimpo na região em busca de peças antigas do equipamento.