Brasil ultrapassa 250 mil mortes pela Covid-19

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RIO — Na véspera de a pandemia da Covid-19 completar um ano no Brasil, o país ultrapassou nesta quarta-feira a marca de 250 mil óbitos.

A primeita morte em decorrência da doença ocorreu em 12 de março de 2020.

Três meses depois, em 12 de junho de 2020, o país tornava-se o segundo do mundo com maior número de mortes pela pandemia, atrás apenas dos EUA, posição que mantém até hoje. No dia 8 de agosto, o Brasil bateu a marca dos 100 mil óbitos e, em 7 de janeiro de 2021, atingiu 200 mil. Agora, após 48 dias, chega a 250 mil.

O país registrou, até esta tarde, 1.390 novos óbitos, totalizando 250.036 vítimas. Também foram vistos 63.383 novos casos, chegando a 10.324.004 desde o início da pandemia.

Os dados são do boletim do consórcio de imprensa, uma iniciativa formada por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo. Os veículos reúnem informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h.

Segundo o epidemiologista Paulo Lotufo, a disseminação da Covid-19 tornou-se “descontrolada” no segundo semestre do ano passado. À época, os governos estaduais, que assumiram a responsabilidade por medidas de combate à pandemia, cederam à pressão provocada pelos candidatos nas eleições municipais, que julgaram que restrições como o isolamento social eram impopulares e poderiam custar votos.

O número de infecções e óbitos também aumentou no início de janeiro, um resultado da desobiedência da população às recomendações de distanciamento durante as festas de Natal e Ano Novo.

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— Ao contrário do ano passado, quando o crescimento dos casos e mortes ocorria em tempos diferentes, hoje a pandemia avança da mesma forma em todas as regiões — alerta Lotufo, que também é professor da Faculdade de Medicina da USP. — As novas cepas não têm relação com este aumento, porque elas só têm um papel determinante onde o sistema de saúde já é caótico, como no Amazonas.

Lotufo atribui a marca de 250 mil a uma “conjunção de irresponsabilidades”. Governantes falharam ao aparecer em público sem máscaras, um grupo de médicos defendeu tratamentos sem eficácia, baseado em remédios como a cloroquina e a ivermectina, pesquisadores iludiram a população sustentando a tese da imunidade de rebanho.

— Não vivemos uma segunda onda. Isso implicaria que, em algum momento, houve uma redução do número de casos e óbitos. Mas jamais vimos isso acontecer no país desde o início da pandemia — explica.

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De norte a sul do país, cidades e estados estão adotando novas medidas de lockdown para frear o crescimento de casos da Covid-19 e evitar novos colapsos no sistema de saúde. Toques de recolher e restrições de circulação em alguns horários, fechamento do comércio de atividades não essenciais e proibição de acesso a parques e praias são algumas das medidas adotadas pelas autoridades.

O estado de São Paulo vai aumentar a fiscalização sobre a circulação de pessoas todas as noites a partir desta sexta-feira. Ao anunciar a medida, motivada pelo aumento de internações e a preocupação com o surgimento de novas variantes do coronavírus, o governador João Doria negou o termo “lockdown”, mas reconheceu que os paulistas estão em “toque de restrição”.

Atividades em locais públicos durante o fim da noite e a madrugada já foram adotadas, desde a semana passada, em Pernambuco, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Sul.