Breves relatos sobre o “herói” da independência.

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O dia 7 de setembro é dedicado a comemoração da independência do Brasil, tendo como principal figura do momento singular da história brasileira o imperador Dom Pedro I, homem heroico que teria se negado a respeitar as ordens de Portugal. Assim teria rompido com sua terra natal, traindo também a confiança de seu pai Dom João VI e declarado a independência do Brasil em 7 de setembro de 1822.

O parágrafo descrito acima é uma breve introdução da figura de Dom Pedro I, como apreendemos a conhecer em algumas escolas, o interessante é que muitos livros e documentos que tratam do período, descrevem um Dom Pedro I diferente do que muitos brasileiros conhecem, tais fontes sobre a vida pública e privada de Dom Pedro I, tiveram nos últimos anos uma maior evidência, devido aos livro: 1808 e 1822 do jornalista Laurentino Gomes e alguns quadros apresentados na TV que narravam alguns eventos históricos sobre a vida do nosso primeiro imperador.

As fontes históricas são importantes, porém elas podem sofrer “transformações” que vem a acompanhar as transformações da sociedade contemporânea. “ Ainda que seja uma redundância, é necessário lembrar que uma leitura do passado, por mais controlada que seja pela análise dos documentos, é sempre dirigida por uma leitura do presente.” (CERTEAU, 2008. p. 34).

Dessa forma a situação política atual no Brasil, somada a insatisfação popular leva as pessoas a desconfiarem de certa forma da história oficial, fazendo questionamentos e procurando novas interpretações, diferentes daquelas tidas até então como “verdades” absolutas.

A fonte de qualquer informação nada mais é do que a subjetiva interpretação deum fato. Sua visão sobre determinado acontecimento está medida pelos “óculos” de sua cultura, sua linguagem seus preconceitos. E dependendo do grau de miopia, a lente de aumento pode ser direcionada para seus próprios interesses. Pergunte a um corretor da bolsa de valores quais são as ações mais confiáveis e notará a “coincidência”: São exatamente a que ele tem para vender”. (PENA, 2005. p.57).

O objetivo aqui não é de forma alguma desconstruir a visão de herói de Dom Pedro I, mas simplesmente mostrar que é possível construir uma nova visão sobre o imperador, também com base em documentos como: livros, revistas e imagens. Nosso imperador foi uma pessoa de extrema relevância para a história nacional, foi uma pessoa pública que cometeu erros e acertos. Em sua vida particular não foi diferente, foi prudente, irresponsável, amante, traidor, bom marido, sínico, ente outros adjetivos que podem “enriquecer” a vida humana.

A vida de D. Pedro começa em um quarto no palácio de Queluz, residência da família real portuguesa, cujas paredes estavam decoradas com cenas do clássico “Dom Quixote de La Mancha”. Foi ali que Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Serafim de Bragança e Bourbon (ufa!) nasceu em 12 de outubro de 1798. (Revista Aventuras na história. Editora abril, edição 37 de Setembro de 2006.  p.26).

De fato a vida de D. Pedro I seria como a do cavaleiro andante Dom Quixote, movido a aventuras, “temperado” com uma dose de loucura. Travou inúmeras batalhas políticas no Brasil, tendo como principal mérito ter conseguido manter a unidade política do império, pois não faltaram revoltas no Brasil com objetivo separatista.

Em sua vida amorosa Dom. Pedro colecionou aventuras:

Fazer a conta de quantas mulheres passaram pela cama de dom Pedro ao longo de sua curta mais apimentada vida é um desafio temerário. Até porque boa parte de seus casos não veio a público. Basta dizer que 18 filhos seus estão oficialmente registrados, tidos com duas esposas (Leopoldina e Amélia) e cinco amantes. Ele não costumava perdoar mulheres da mesma família: deu suas escapadas com uma das irmãs da Marquesa de Santos, sua amante mais famosa, bem como com a dançarina Noemi Thierry e a irmã da própria. (Revista Aventuras na história. Editora abril, edição 37 de Setembro de 2006.  p.26).

Tendo como exemplo os casos amorosos de Dom Pedro, fica claro que o mesmo não era um homem contido, “ o que distingue o louco do sábio é que o primeiro é guiado pelas paixões, o segundo pela razão”. (ERASMO, 1997. p.32).

No campo político Dom Pedro não teve uma boa educação e muito menos bons conselheiros, Pedro não era um admirador de livros, porém sabia com muita elegância cavalgar

…os filhos reais não conseguiam apreender nada corretamente exceto a cavalgar, porque em todas as demais coisas, todas as pessoas lhes faziam as vontades e os adulavam, mas visto que um simples cavalo não sabe se está sendo montado por um nobre ou por um plebeu, por um rico ou por um pobre, por um príncipe ou por uma pessoa comum, ele derruba de suas costas qualquer pessoa que monte de forma incompetente. (CONSELHOS, 2003. p.358).

O imperador teve como principal conselheiro o “Chalaça”, tal figura era português, filho de Antônio Gomes da Silva, ourives do Paço. Veio para o Brasil com a fuga de Dom João VI, evento muito bem tratado no livro 1808 de Laurentino Gomes, o “Chalaça” como era conhecido, chamava-se na verdade: Francisco Gomes da Silva.

Chalaça gostava de tocar violão, era assim como Dom Pedro, amante das noites, muitas vezes ficou a cargo do chalaça encobrir as muitas “besteiras” e os gastos desnecessários que Pedro fazia em suas aventuras noturnas.

Nosso D. Pedro I Morreu em Portugal em 1834 como Pedro IV, foi responsável por travar uma guerra em solo luso com o irmão D. Miguel em favor de sua filha D. Maria da Glória, guerra esta que ficou conhecida como “a guerra dos dois irmãos”, ocorrida entre os anos de 1832 a 1834, o objetivo da guerra era a disputa pelo trono português, uma vez que D. João VI havia falecido, assim D. Pedro que já havia abdicado do Brasil em favor de seu filho em D. Pedro II em 1831, lutaria em Portugal pela posse de sua filha D. Maria da Glória, que ainda se encontrava com 7 anos. Dom Pedro mostrou muita habilidade na guerra contra o irmão, conquistando a vitória. Em 24 de Setembro de 1834 no mesmo quarto Dom Quixote que nasceu morreu Dom Pedro I para os brasileiros e Pedro VI para Portugal.

Por: Rafael L. Caires.

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