Contraditório, Marun diz que não usará delação em CPI nacional

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Relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS no Congresso Nacional, o deputado federal Carlos Marun (PMDB) foi contraditório ao falar sobre a investigação do frigorífico, que também atuava em Mato Grosso do Sul.

Anteriormente, o deputado afirmou que o relatório da CPI local, conduzido pela Assembleia Legislativa, ajudaria o processo nacional. Agora, quando o ex-governador André Puccinelli está envolvido, Marun ponderou que não incluirá a delação de Ivanildo da Cunha Miranda.

“Não dá para usar delação regional na nacional. Mas eu quero ouvir a delação, sim. Só que não dá para usar na CPI da JBS nacional não”, afirmou.

Indagado sobre o motivo de ele ter afirmado anteriormente que iria utilizar relatório das investigações feitas pela Assembleia Legislativa na CPI da JBS nacional, ele respondeu: “vou ouvir a delação do Ivanildo”.

“Palavra de delator é palavra de bandido. Toda delação tem que ser corroborada com provas. Todo delator é bandido porque faz em troca de vantagem. Delação não tem validade”, criticou Marun.

DETALHES DO ESQUEMA

O pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda fez acordo com o Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul e em 4 de agosto deu detalhes de como funcionava a cobrança e distribuição de propinas. A delação foi homologada em 14 de agosto deste anopelo juiz federal substituto da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Fábio Luparelli Mgajewski.

Parte dos valores recebidos por Ivanildo eram entregues em espécie ao ex-governador André Puccinelli, que foi apontado pela Polícia Federal como líder de organização criminosa.

O delator informou que em uma de suas viagens a São Paulo, pegou em uma caixa de isopor R$ 2 milhões. O dinheiro foi entregue em uma casa que na época estava em construção e fica no Residencial Tamboré, condomínio de luxo em Barueri (SP).

Nesse ponto de encontro, o recebimento de propina chegou a R$ 10 milhões. A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na residência na quarta-feira (14), com a deflagração da 5ª fase da Operação Lama Asfáltica.

Ivanildo afirmou que comandou as operações de recebimento de propina da empresa JBS a André Puccinelli entre 2006 e 2013. Os pagamentos eram feitos em troca de concessão de benefícios fiscais ao frigorífico.

“Ele declarou ainda que recebia os valores de proprina e entregava ao ex-governador André Puccinelli em espécie ou por depósito em conta”, explicou o delegado-adjunto da Receita Federal em Campo Grande, Henry Tamashiro de Oliveira.

PROPINA ALÉM DA JBS

Além da JBS, que é investigada em âmbito nacional, a Águas Guariroba, que tem a concessão do serviço de fornecimento de água e tratamento de esgoto em Campo Grande também foi apontada como reduto para pagamento de propina, conforme o pecuarista. Esses pagamentos aconteceram entre 2011 e 2014.

Os valores eram repassados dentro da compra de uma estação de tratamento de esgoto em Dourados (fora da região de atuação da empresa), além da aquisição livros da editora Alvorada e pagamento de serviços jurídicos para escritório de advocacia, no qual atua o filho do ex-governador, André Puccinelli Junior.

“Conforme os documentos analisados, a Águas Guariroba teria pago cerca de R$ 5 milhões para o grupo envolvido nas fraudes. Nesta última etapa deflagrada hoje, pode-se constantar um prejuízo na ordem de R$ 85 milhões”, informou o superintendente do CGU/MS, José Paulo Barbieri.

Na operação Papiros de Lama, deflagrada na terça-feira, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 24 mandados de busca e apreensão. Além de Campo Grande, os alvos estão localizados nas cidades de Nioaque (MS), Aquidauana (MS) e São Paulo (SP).

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