CRIME ORGANIZADOLíder do CV, ‘Piloto’ ajudou PCC em assalto milionário no Paraguai

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O traficante carioca Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, expulso do Paraguai, onde estava preso, e transferido para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná, é suspeito de ter dado apoio logístico aos bandidos do Primeiro Comando da Capital (PCC) no mega-assalto à transportadora Prosegur, em Ciudad Del Este, no país vizinho. A informação foi divulgada pelo jonal ‘Extra‘.

Segundo os policiais, o traficante forneceu parte dos fuzis, da munição e dos explosivos usados na ação. Na madrugada do dia 24 de abril de 2017, cerca de 40 assaltantes participaram do roubo milionário de mais de US$ 11,7 milhões (cerca de R$ 43,9 milhões) da transportadora de valores no país vizinho.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, as armas e explosivos usados no assalto vieram da Bolívia e da Venezuela. Foi utilizado um avião pequeno para o transporte do armamento até o Paraguai. Em Pedro Juan Caballero, o material foi transferido para veículos e levados até Ciudad Del Este. O próprio Marcelo Piloto teria ajudado a carregar os carros.

Oito traficantes dos 40 que teriam participado do ataque à Prosegur foram identificados por meio de exames de DNA feitos com material colhido principalmente em uma casa em Ciudad del Este, usada pelo grupo antes do assalto. Eles foram condenados em outubro deste ano pelo juiz da 4ª Vara Federal de Foz do Iguaçu. Seis estão presos. Dois continuam foragidos.

Marcelo Piloto, 43 anos, era uma das principais lideranças do Comando Vermelho (CV) quando chegou à fronteira foragido do Rio, em 2012. Na região, cresceu rapidamente na hierarquia do tráfico e acabou buscando independência. Em um ano, já atuava como freelancer em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha à Ponta Porã. Assumiu o controle de algumas rotas, ganhou fama de bom negociador e passou a fornecer grandes quantidades de armas, munição e drogas para traficantes nas favelas do Rio, sempre com o apoio do PCC.

EXPULSÃO RELÂMPAGO

A expulsão relâmpago do brasileiro do Paraguai para um presídio federal no Brasil pode ter sido consequência também de uma informação compartilhada na semana passada por agentes federais. Eles interceptaram uma comunicação de traficantes ligados a Marcelo Piloto, dando conta de que cerca de 25 bandidos teriam saído do Rio e seguido para a fronteira. O bando teria buscado abrigo nas fazendas da família do traficante gaúcho Irineu Domingo Soligo, o Pingo, que desde 2010 cumpre pena num presídio federal.

Em julho de 2017, policiais federais lotados na Coordenação Geral de Prevenção a Entorpecentes (CGPRE), a unidade central de combate às drogas da PF no país, incluiu o nome de Marcelo Piloto na lista de traficantes mais procurados do país. Flagrado em grampos da PF vendendo armas, munição e cocaína para o crime organizado, Marcelo Piloto acabou preso cinco meses depois, em dezembro do ano passado, numa casa do Paraguai, numa operação que contou com policiais do Rio e da PF.

Antes de fugir para o Paraguai, Marcelo Piloto chefiava o tráfico de drogas comunidades Mandela I, II e III, no Complexo de Manguinhos, no Rio. Ele fez parte do grupo de dez traficantes, acusados de participar do resgate de Diogo de Souza Feitoza, o DG, de 29 anos. O bando armado invadiu a sede da 25ª DP (Engenho Novo), em julho de 2012 numa das mais ousadas operações do tráfico para livrar da prisão um aliado. No Rio, estava sempre armado com pistolas e fuzis, e cercado de seguranças. Também foi identificado em um esquema de venda de casas do PAC e um grande comprador de armas e munições.

Em julho de 2010, participou e liderou os arrastões ocorridos no Rio de Janeiro. Fugiu da prisão em 2007, depois de nove anos preso. No dia 24 de agosto de 2007, ganhou da Justiça o direito de cumprir a pena no regime semiaberto, indo para o Instituto Penal Edgard Costa, em Niterói, de onde nunca mais voltou.

No Brasil, existem 22 mandados de prisão contra ele. O último foi expedido pela 4ª Vara Criminal de São Gonçalo em agosto. Possui também 28 anotações criminais por: tráfico de drogas, roubo, formação de quadrilha, corrupção e homicídio.

Atualmente, Piloto é condenado a 26 anos de prisão. Entretanto, segundo seu advogado, João Marcos de Campos Henriques, uma série de processos contra Piloto no Brasil estavam suspensos porque o réu não estava no País.