De pistoleiros a guerra entre facções: 2017 sangrento na fronteira de MS

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Assassinatos cometidos na fronteira por ‘matadores profissionais’ somam cada vez mais. De um lado Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, do outro Pedro Juan Caballero, no Paraguai, distante aproximadamente 320 quilômetros de Campo Grande, reúnem crimes que nem sempre são solucionados pela polícia.

Não muito diferente dos outros anos, 2017 também é considerado ‘sangrento’ na fronteira do País. Os crimes normalmente acontecem da mesma forma: uma dupla em uma motocicleta se aproximam do ‘alvo’ e executa a vítima com vários tiros. Em seguida, os atiradores fogem e, na maioria das vezes, nunca mais são localizados.

Mas nem sempre as execuções são realizadas por pistoleiros. A guerra entre facções na região também é um dos motivos das várias mortes. Um exemplo foi o assassinato de dois homens, por supostos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

O assassinato aconteceu Julho deste ano, em Pedro Juan Caballero. O crime foi todo filmado, e começa com duas pessoas sentadas com metralhadoras apontadas para suas cabeças. Em seguida, um dos atiradores, que fala português, diz que “quem manda na fronteira é o PCC”. Em outro vídeo, os criminosos pisam nos corpos queimados e fazem uma ameaça para as facções rivais, dizendo que ”se pisar no Paraguai vai virar churrasco”.

Outro crime bárbaro que chocou o Estado foi a execução das duas irmãs, Fabiana e Adriana Aguayo, de 23 e 28 anos em junho de 2017. Os corpos de duas mulheres foram encontrados decapitados e carbonizados dentro de uma caminhonete em Ybypé, distrito de Pedro Juan Caballero. Elas foram sequestradas por um grupo de homens que, armados, invadiram a casa das vítimas.

Irmãs foram brutalmente assassinadas por supostos integrantes do PCC. (Fotos: Divulgação)

Os corpos estavam carbonizados e decapitados e dentro do veículo ainda foram encontrados um facão e uma motosserra. Quatro brasileiros seriam membros ativos do PCC foram presos suspeitos de cometerem o crime.

Em outubro, outro crime que teve imagens registradas, foi a execução por pistoleiros da campo-grandense identificada como Maria Auxiliadora Souza da Silva, de 39 anos, em Pedro Juan Caballero. Ela estava com o marido em um Volswagen Saveiro quando ambos foram abordados por dois homens armados em uma motocicleta. A dupla executou a mulher que, mesmo baleada, saiu do veículo para fugir, mas caiu metros depois.

Pistoleiros momentos antes de assassinarem Maria. (Imagem: Reprodução/YouTube)

Veja o vídeo:

Sem respostas

Outros crimes ainda não foram solucionados, como é o caso dos irmãos, de 20 e 27 anos, que desapareceram após abordagem de policiais do Departamento de Operação de Fronteira (DOF), no dia 12 de agosto deste ano, e até agora não foram localizados. A abordagem aconteceu perto de um posto de combustíveis na linha da fronteira entre Ponta Porã (MS) e o Paraguai.

Irmãos desapareceram após a abordagem do DOF. (Imagem: Reprodução de câmeras de segurança)

Câmeras de segurança do posto registraram a abordagem. Um foi colocado na viatura e o outro no próprio veículo. Pelas imagens, não é possível saber para onde seguiram. No dia do desaparecimento, o carro foi encontrado do lado paraguaio com um boné de uma das vítimas.

Números

Conforme a estatística da Sejusp (Secretaria de Estado e Justiça e Segurança Pública), de janeiro a dezembro deste ano foram registrado 504 homicídios dolosos- aquele em que se tem a intenção de matar- em Mato Grosso do Sul. O órgão não repassa informações sobre a quantidade específica de homicídios na região de fronteira.

A equipe de reportagem também tentou entrar em contato com a Polícia Civil de Ponta Porã, mas não obteve êxito até a publicação desta matéria.

 

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