Denunciado por violência doméstica é eleito conselheiro tutela

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A vitória de um candidato ao Conselho Tutelar de Três Lagoas nas eleições do último domingo (6) tem causado indignação entre alguns moradores da cidade. Isto porque em 2015 ele foi denunciado por violência doméstica pela ex-mulher que trouxe o assunto à tona novamente.

Conforme as informações divulgadas pelo Perfil News, Katrina Lima, de 36 anos, procurou o jornal da cidade e apresentou uma carta escrita a próprio punho sobre o tempo em que conviveu com o músico José Alves Pereira Neto, de 44 anos, as agressões sofridas neste período.

Ela explicou também o motivo de ter registrado um boletim de ocorrência contra ele e o porquê de ter retirado o processo meses depois. O temor de perder o contato com o filho do casal.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil que confirmou o registro de boletim de ocorrência feito por Katrina contra Neto em 2015. No documento, feito em junho daquele ano, ela conta ter sido agredida com socos, chutes e puxões de cabelo após descobrir uma traição do marido e quebrar o celular dele. Na ocasião, ela chegou a pedir medida protetiva.

Pouco depois ela voltou na delegacia para tentar retirar o b.o e achou que isto tinha ocorrido, mas a legislação não permite a retirada do registro em casos de violência doméstica. O assunto estava adormecido até Neto vencer a disputa para o cargo de conselheiro.

“Fiz o que é certo. Já tinha que ter feito isso antes, mas agora cabe à Justiça decidir se ele vai exercer ou não. Fiz isso por muitas mulheres que se calam por medo e muitas mulheres que vão precisar”, declarou Katrina.

À reportagem do Campo Grande News, a conselheira tutelar Gisele Garcia Dias, que atua nesta função desde 2015, explicou que a idoneidade é um critério para exercer estas atividades, conforme determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Ainda segundo ela, caso Neto não assuma o cargo o suplente assumirá.

Gisele comentou ainda que os conselheiros vão acionar a Justiça sobre a situação. “Um cidadão que cometeu este crime não tem idoneidade. Como vai aconselhar famílias?”, questionou.
Para ela, o CMDCA (Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente) deveria ter apurado com mais afinco o histórico dos candidatos. “Um erro gravíssimo do CMDCA ter aceitado a declaração de idoneidade dele. Deveriam ter analisado até para evitar todo esse constrangimento para o próprio candidato”.

Neto também foi acionado para comentar o caso e disse que no momento estava impossibilidade de conversar e retornará a ligação. A reportagem ligou para o CMDCA, mas nenhum ligação foi atendida.