Do pão aos cosméticos: como alta do dólar influencia no dia a dia

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O dólar tem batido recordes de valorização frente ao real nos últimos meses. Na quinta-feira (14) a moeda norte americana encostou nos R$ 6 e fechou a sexta-feira (15) cotada a R$ 5,83. No mês, a moeda acumula valorização de 7,36% e no ano, de 45%, com o real registrando o pior desempenho internacional ante a moeda americana nos dois períodos. A alta da moeda norte americana pode influenciar nos preços de muitos produtos como pão francês, cosméticos, tecnologia e produtos de higiene.

De acordo com a economista, Daniela Dias, a cotação do dólar atua principalmente em duas vertentes: exportações e importações. Para o envio dos produtos brasileiros ao exterior, o momento acaba sendo propício. “Quando o dólar está muito alto significa temos um atrativo maior para as exportações. Os nossos produtos eles ficam bastante competitivos no mercado internacional frente a outros. Exatamente devido a desvalorização do real frente ao dólar então eu preciso de muito menos dólar para comprar os produtos brasileiros, o que seria uma vantagem para as exportações”, explicou Daniela.

Já para o lado das importações a desvalorização do real tem o efeito contrário, ou seja, os produtos que vem de outros países ficam mais caros. Como é o caso de cosméticos, produtos de higiene, acessórios, peças de computador, entre outros. “O fato é que diversos produtos têm os seus preços ditados no mercado internacional, então enquanto o dólar está muito caro significa que é muito caro comprar insumos. Como um pesticida, um produto industrializado, até mesmo trigo que é utilizado no pãozinho de cada dia e isso pode fazer com que os produtos comercializados internamente fiquem mais caros”, disse Daniela.

A influência da cotação não é prejudicial somente quando o produto final é importado, mas também quando em alguma parte da cadeia produtiva o item seja impactado pela moeda. “Lá na produção, se eles precisam importar o inseticida, por exemplo, a produção pode ficar mais cara, aí consequentemente isso é passado para o processamento e por fim chega ao mercado mais caro, isso quando a produção é no Brasil”, contextualizou Daniela.

Os produtos derivados do petróleo, como gasolina e diesel, também poderiam sofrer com a alta da moeda norte americana. “O que tem segurado o preço dos combustíveis no Brasil é a redução da demanda. A gente tem ainda diversos outros produtos que vem de outros países, eletrônicos, roupas que vem da China, Taiwan, então assim a cotação geralmente se dá em dólar e esses produtos acabam ficando mais caros. Assim como jogos, vinho e até mesmo na parte alimentícia”, completou Daniela.

A economista lembra que para viajar seria um péssimo momento, mas com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), as viagens de turismo foram todas canceladas.