Doleiro Bruno Farina chega ao Brasil após ser extraditado do Paraguai

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Bruno Farina, doleiro denunciado na Operação Lava Jato no Rio de Janeiro e preso no Paraguai, chegou ao aeroporto de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, por volta das 9h30 deste sábado (29).

O doleiro saiu em um avião que decolou de Assunção, no Paraguai, às 7h do horário local (8h no horário de Brasília). Após chegar em Foz do Iguaçu, ele foi levado para o setor de imigração do aeroporto.

Segundo a Polícia Nacional do Paraguai, Farina deveria ser levado para São Paulo.

O processo de extradição do doleiro, que poderia levar até 40 dias, foi agilizado, de acordo com a polícia do Paraguai. Ele é investigado pela Lava Jato e sócio do “doleiro dos doleiros” Dario Messer.

Extradição voluntária

Segundo o Ministério da Justiça brasileiro, a Corte Suprema de Justiça paraguaia decidiu pela extradição voluntária do doleiro. Na audiência, segundo o ministério, Farina aceitou submeter-se à Justiça brasileira e renunciou a qualquer tipo de apelação.

Avião usado para transferência de Bruno Farina pousou no aeroporto de Foz do Iguaçu, por volta das 9h30 deste sábado (29) — Foto: Raphaela Potter/RPC Foz do IguaçuAvião usado para transferência de Bruno Farina pousou no aeroporto de Foz do Iguaçu, por volta das 9h30 deste sábado (29) — Foto: Raphaela Potter/RPC Foz do Iguaçu

Prisão

A prisão preventiva para a extradição de Farina foi decretada pela Justiça do Paraguai em maio deste ano após pedido da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Ele era procurado por suspeita dos crimes de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e por integrar uma organização criminosa que movimentou R$ 1,6 bilhão em 52 países.

Operação Câmbio, Desligo

Ao lado do ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral, Bruno Farina e Dario Messer estavam entre os 62 denunciados na Operação Câmbio, Desligo, desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro.

O grupo é acusado de formar uma organização criminosa que promoveu a evasão de divisas e lavagem de dinheiro desde a década de 1990. Os doleiros são suspeitos de movimentarem R$ 1,6 bilhão em 52 países.

Sérgio Cabral está preso. Somadas, as penas aplicadas ao ex-governador chegam a 197 anos e 11 meses. Dario Messer segue foragido.

Em maio, a operação prendeu 30 pessoas em quatro estados e vasculhou imóveis de suspeitos, inclusive os imóveis de Messer e Farina no Paraguai. Na época, eles não foram encontrados, mas os policiais apreenderam computadores, documentos e cartões de crédito.

Denúncia

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), com base na delação premiada dos doleiros Cláudio Barboza, o Tony, e Vinicius Claret, o Juca Bala, foi possível identificar a existência de uma sofisticada rede de doleiros, sediados em diversos estados e no exterior, que movimentaram quantias vultosas através de operações de dólar-cabo, por meio de programas criptografados.

Os colaboradores entregaram ao MPF o sistema “Bankdrop”, supostamente utilizado pela organização criminosa, em que estão relacionados mais de 3 mil offshores

Tony e Juca Bala revelaram que também utilizavam um sistema chamado ST, que funcionava como uma conta-corrente, onde eram lançadas as informações dos seus clientes.

De acordo com o MPF, Dario Messer, juntamente com os colaboradores Tony e Juca Bala, desenvolveu uma complexa rede de câmbio paralelo baseada inicialmente no Brasil e, posteriormente, no Uruguai.

Essa complexa rede de doleiros foi utilizada por Sérgio Cabral, através dos irmãos doleiros Renato e Marcelo Chebar, para enviar recursos ao exterior.