“Dr. Bumbum” é preso após quatro dias foragido

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O médico Denis Cesar Barros Furtado, o Dr. Bumbum, foi preso na manhã desta quinta-feira (19). Ele estava foragido desde domingo, quando a bancária Lilian Calixto morreu de complicações após se submeter a procedimento cirúrgico na casa de Denis.

Ele foi encontrado por policiais do 31º BPM (Barra da Tijuca) num Centro Empresarial na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

O Disque Denúncia oferecia R$ 1 mil por informações que levem à prisão dos dois. Pistas podem ser passadas de forma anônima pelo Whatsapp ou Telegram do Portal dos Procurados, no telefone (21) 98849-6099; pela Central de Atendimento, no (21) 2253-1177; através do Facebook; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ.

Denis será levado para a 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga o caso, e não falaram com os jornalistas. A namorada de Denis, Renata Cirne, está presa desde domingo.

Lilian foi enterrada nesta quarta-feira em Cuiabá. O filho acredita que a mãe foi convencida por ele a passar pela técnica dentro de um apartamento no Rio de Janeiro.

Na quarta-feira (18), a advogada Naiara Baldanza afirmou que seu cliente “sofre de síndrome do pânico” – razão pela qual ainda não tinha se entregado. “Julgá-lo neste momento ainda é muito precoce. O Dr. Denis é um dos médicos que mais realizam procedimentos de bioplastia no Brasil”, destacou.

O boletim médico do Hospital Barra D’Or, em que a bancária Lilian Calixto foi socorrida horas depois do procedimento estético, informou que ela chegou ao local com falta de ar, taquicardia e pele azulada, como mostrou o RJ2 nesta quarta-feira (18).

A polícia montou cerco em um shopping da Barra da Tijuca e chegou a dar voz de prisão a Denis, mas o médico conseguiu fugir – ele destruiu a cancela do estacionamento.

O caso

Lilian seguiu a indicação de uma amiga e entrou em contato com Denis há seis meses. Ela queria retocar o bumbum e marcou o procedimento.

Ao marido e à família, a bancária disse apenas que faria uma viagem para o Rio de Janeiro. Só a amiga que recomendou o Dr. Bumbum sabia do procedimento.

Também indicação da amiga, o taxista que levou Lilian ao condomínio de Denis, na Barra da Tijuca, tornou-se a testemunha-chave do caso. Lilian pediu que o motorista esperasse. A bancária já tinha começado a passar mal quando, desconfiado da demora, o taxista ligou para a passageira.

Denis desceu da cobertura, deu R$ 300 ao taxista e disse que ele poderia ir embora, alegando que Lilian ficaria para jantar. Ainda assim, o motorista ficou e viu, tempos depois, quando a SUV do médico deixou a garagem com Lilian, em direção ao hospital.

O taxista também descobriria que a bancária tinha morrido, avisando a polícia.

A bioplastia

A polícia apreendeu na casa de Denis recipientes com PMMA (polimetilmetacrilato). Trata-se de um tipo de acrílico usado para preenchimento em aplicações prometidas como definitivas.

Mas parecer do Conselho Federal de Medicina de 2013 listava denúncias a respeito da técnica. “Diversos médicos renomados relatam em seus consultórios que a falta de uma solução para o problema está acarretando aos pacientes graves complicações”, diz a entidade.

Niveo Steffen, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica em São Paulo, diz que não há estatísticas exatas sobre as complicações do PMMA, mas que procedimentos com a substância não são aconselháveis. Há muitos relatos de complicação.

“O uso de PMMA não é indicado. Vai contra tudo o que é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ele não é absorvido pelo organismo e esse é um problema com ele”, informa

“Deve ser utilizado por médicos em pequenas quantidades”, explicou Hermann Tiesenhausen, diretor de Comunicação do Conselho Federal de Medicina.

Cronologia

Sábado, 14 de julho

– Lilian chega ao Rio, vindo de Cuiabá (MT). À tarde, pega um táxi previamente contratado e vai ao encontro de Denis.
– A promessa era fazer o procedimento em uma clínica, mas o endereço passado é o da cobertura do médico, em um condomínio da Barra da Tijuca.
– Lilian não recua da cirurgia, mas pede ao taxista que a espere.
– O procedimento atrasa, e Lilian liga para o motorista mais de uma vez para avisá-lo.
– Durante a cirurgia, a bancária passa mal.
– Às 22h, preocupado, o taxista liga para o número de Lilian.
– Quem desce é Denis, que mente dizendo que a cliente ia ficar para jantar. Ele dá R$ 300 para o taxista e o manda embora.
– O taxista desconfia e resolve ficar. Pouco depois, ele vê o médico saindo de carro com Lilian, acompanhado da mãe dele, da namorada e de uma técnica.
– O taxista os segue de longe, e Denis chega com Lilian ao Hospital Barra D’Or.
– Câmeras do hospital gravam a chegada às 22h50. Lilian, numa cadeira de rodas, ainda está consciente, mas apresenta falta de ar e taquicardia. Sua pele está azulada.
– A namorada de Denis providencia a entrada da bancária na internação. O Dr. Bumbum se identifica como médico, mas omite o que aconteceu.
– Internada, Lilian conta tudo aos médicos do Barra D’Or

Domingo, 15 de julho

– Na madrugada, o quadro de Lilian se agrava. Ela sofre pelo menos três paradas cardíacas e morre.
– Informado da morte da paciente, Denis deixa o hospital. O taxista vê a SUV do médico saindo do estacionamento e descobre, na recepção, que sua passageira tinha morrido.
– O motorista avisa à amiga de Lilian. Ela confirma com o hospital, que chama a polícia.
– Equipe da 16ª DP (Barra) localiza o médico.
– Renata liga para o taxista e pede para encontrá-lo para devolver os pertences de Lilian. Ela marca na “clínica” de Denis, um salão de beleza no Shopping Downtown.
– A polícia monta um cerco e dá voz de prisão ao Dr. Bumbum. Ele consegue fugir.
– A SUV do médico é encontrada abandonada tempos depois.

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