Em ambiente dominado por homens, 40 delegadas superam desafios no Estado

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Em um ambiente dominado por homens, o número de mulheres desempenhando o papel de delegada vem crescendo em Mato Grosso do Sul. No Estado são 44 delegacias, entre as da Capital, interior e especializadas onde atualmente trabalham 40 delegadas, porém, esse número ainda está longe do ideal se comparado ao total de homens que desempenham a mesma função: 149 em todo o Estado.

A previsão é que esse número de mulheres à frente de delegacias aumente ainda mais, já que no último concurso público da Polícia Civil, a maioria dos candidatos aprovados eram mulheres. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, as aprovadas aguardam a classificação nas próximas etapas.

Mas apesar de ainda não ser o ideal, os números já são comemorados, conforme conta a delegada Sidneia Tobias, para ela, os tempos hoje são outros e a facilidade de informação tem ajudado as mulheres a seguirem carreira como delegadas, ela mesmo é um exemplo para a categoria, já que passou por diversas delegacias e também enfrentou a rejeição por parte dos colegas por ser mulher.

A delegada hoje ocupa o cargo de ouvidora e assessora de comunicação da Polícia Civil e é um dos exemplos de que a mulher pode desempenhar o mesmo papel do homem, principalmente na delegacia e ainda desmistificar a ideia de que delegadas devam estar à frente apenas da Delegacia da Mulher. Ela entrou para a polícia com apenas 23 anos, e aos 25 anos foi a primeira mulher a integrar o GOE (Grupo de Operações Especiais) e a única a estar à frente do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).

Sidneia entrou para a Polícia Civil na década de 90, uma época em que havia poucas mulheres na Polícia, já que era um período difícil para se estar em profissões julgadas como “masculinas”.

“Sempre foi meu sonho ser policial, acredito que nessa época as mulheres já tinham esse interesse, mas as oportunidades não possibilitavam que elas conseguissem realizar esse sonho”, conta.

Ela acredita que esse número de mulheres desempenhando o papel de delegada vem crescendo devido ao empoderamento feminino da atualidade e também em razão das oportunidades que estão maiores e, ainda. a acessibilidade que as mulheres encontram em entrar nesse meio.

Rejeição

Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), e Garras foram algumas das delegacias pelas quais Sidneia já passou ao longo desses anos. Mas nem tudo são flores, ela conta que já viveu muitas dificuldades inclusive com colegas de trabalho.

“Muitas vezes as mulheres não são vistas com bons olhos em algumas unidades em que entram, mas quando mostra o trabalho e a competência, tudo a volta se rende e elas conseguem desempenhar seu trabalho”.

Ela contou ao Jornal Midiamax que quando entrou como titular no Garras, teve problemas de rejeição com alguns policiais, que já não fazem mais parte de lá, eles achavam que ela não teria condições de estar ali. “Eu fiz um curso de Operações Especiais e demonstrei que era capaz de desempenhar um bom trabalho assim como tinha feito nas outras unidades pelas quais já havia passado, a rejeição foi superada, fiz muitos bons trabalhos, aprendi e ensinei”, declara ela que ficou quase dois anos à frente do Garras.

Diferencial

Com um sexto sentido apurado e facilidade para conversar, ser mulher dentro de uma delegacia tem suas vantagens na hora de desempenhar a profissão. Elas não protagonizam papeis apenas na Delegacia da Mulher, como muitos pensam

Diferente dos homens, elas possuem um jeitinho para conversar e conseguir informações, resolver até mesmos casos mais difíceis. “Hoje as mulheres têm a parte emocional e física muito bem estruturadas, elas possuem mais facilidade para cuidar das pessoas e na hora da conversa também”, conta.

Tudo isso fez com que as delegadas ganhassem não só o respeito de seus colegas de profissão, mas também dos presos. “As mulheres vão ganhando espaço a medida que mostram ser capazes para isso”, completa.

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