Em Davos, Bolsonaro diz que quer compatibilizar preservação ambiental com avanço econômico

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Em sua estreia em eventos internacionais, o presidente Jair Bolsonarodiscursou nesta terça-feira (22) na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

No discurso de seis minutos, Bolsonaro afirmou que:

  • o governo investirá “pesado” em segurança para que estrangeiros visitem mais o Brasil]
  • pretende “avançar” na compabilização de preservação ambiental e desenvolvimento econômico
  • diminuirá a carga tributária para “facilitar a vida” de quem produz
  • trabalhará pela estabilidade macroeconômica
  • respeitará contratos
  • promoverá privatizações
  • manterá o equilíbrio das contas públicas
  • colocará o Brasil no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios
  • fará a “defesa ativa” da reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC)
  • defenderá a família e os “verdadeiros” direitos humanos
  • protegerá o direito à vida e à propriedade privada
  • promoverá uma educação voltada aos desafios da “quarta revolução industrial”

Ele disse que o governo quer compatibilizar preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico.

Diante das desconfianças internacionais em relação à política do governo Bolsonaro para a preservação ambiental, o presidente brasileiro disse na abertura do fórum que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente.

Na tentativa de rebater críticas contra mudanças que implementou na estrutura de preservação ambiental do governo, ele citou estatísticas para demonstrar aos líderes do planeta que o agronegócio não estaria avançando sobre áreas de preservação ambiental, como as florestas. Segundo ele, a agricultura ocupa apenas 9% do território brasileiro, e a pecuária, menos de 20%.

“Nossão missão é avançar na compatibilização da preservação do meio ambiente e biodiversidade com avanço econômico”, discursou.

“Hoje, 30% do Brasil são florestas. Então, nós damos, sim, exemplo para o mundo. O que pudermos aperfeiçoar, o faremos. Nós pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação do meio ambiente”, complementou o presidente depois do pronunciamento, ao responder perguntas dos organizadores.

Bolsonaro foi o primeiro chefe de Estado da América Latina a discursar na abertura do fórum. Cerca de 250 autoridades do G20 (grupo que reúne as 20 principais economias do mundo) e de outros países compareceram ao evento, porém, a edição deste ano tem ausências importantes.

Em outro trecho do discurso, Jair Bolsonaro afirmou à plateia do fórum que assumiu a Presidência da República com uma “profunda crise ética, moral e econômica”. Após dizer que não aceitou pressões políticas para montar seu ministério, o presidente apresentou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como “homem certo” para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.

“Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido”, declarou.

Reformas

Depois de se apresentar aos líderes mundiais na abertura do discurso, Bolsonaro afirmou que tem “credibilidade” para realizar as reformas que o Brasil precisa e que o “mundo espera”, sem especificar quais seriam as mudanças estruturais que pretende propor ao longo do mandato.

Ao final do pronunciamento, ao responder perguntas do fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, Bolsonaro mencionou a intenção de realizar as reformas previdenciária e tributária.

“Pretendemos diminuir o tamanho do Estado, realizar reformas, por exemplo, como a da Previdência e tributária, queremos tirar o peso do Estado de cima de quem produz, de quem empreende”, afirmou Bolsonaro.

O presidente destacou ainda que pretende investir em educação e repetiu, mais uma vez, que deseja tirar o “viés ideológico” dos negócios realizados com outros países, “visando o comércio com aqueles que comungam com práticas semelhantes à nossa”.

Ele ainda defendeu uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). “Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais”, disse no discurso.

Mercosul

Em outro trecho da fase de perguntas e respostas, Jair Bolsonaro relatou aos participantes do fórum que conversou com os presidentes Mauricio Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile) e Mario Abdo (Paraguai) sobre a necessidade de fazer mudanças no Mercosul. O bloco também é composto pelo Uruguai.

O presidente brasileiro não citou quais alterações defende, mas já defendeu, após um encontro com Macri, um Mercosul “enxuto”.

“Estamos preocupado sim em fazer uma América do Sul grande, que cada país, obviamente, mantenha a sua hegemonia local. Não queremos uma América bolivariana como há pouco existia no Brasil em governos anteriores”, afirmou.

Bolsonaro ressaltou as vitórias recentes em países do continente de políticos de centro e de centro-direita o que, segundo ele, é uma “resposta” à esquerda.

“Creio que isso seja uma resposta que a esquerda não prevalecerá nessa região, o que é muito bom no meu entender, não só para América do Sul, bem como para o mundo”, opinou.