Em luta de despedida, Minotouro promete resgatar versão de 2005 e diz que vencer Shogun “é fechar com chave de ouro”

0

Depois de 19 anos de dedicação ao MMA, Rogério Minotouro fará sua luta de despedida do MMA. A carreira do atleta de 44 anos foi repleta de grandes lutas e seu fim se dará neste sábado, no UFC: Whittaker x Till, em Abu Dhabi, justamente contra um dos rivais mais emblemáticos de sua trajetória: Maurício Shogun. Os dois já se encontraram em duas oportunidades, e o paranaense venceu ambas por pontos. Em 2005, em confronto histórico no Pride, e em 2015, já no UFC, em evento no Rio de Janeiro. O segundo resultado é o que mais incomoda Minotouro, que acredita ter sido superior na ocasião. Agora, para fechar a trilogia, ele vê o resultado positivo como uma forma de “fechar com chave de ouro” sua carreira e admite o incômodo pelo placar adverso contra o paranaense.

– Incomoda. Principalmente a segunda luta. A primeira nem tanto porque é considerada uma das melhores lutas do esporte. Foi uma luta pau a pau, mas na regra ali ele ficou por cima mais vezes, talvez na pontuação ganhou por estar por cima. Mas na segunda luta me incomodou bastante. Vi o primeiro round um 10-8, não foi um 10-9. E no segundo talvez ele me ganhou porque botou pra baixo. Mas o terceiro foi totalmente pau a pau, aquela queda não podia contar um ponto. Ainda teve tentativa de guilhotina, ele não fez nenhum dano por cima. No tempo que ele saiu da guilhotina, acabou a luta. Foi mais uma tentativa de guilhotina do que uma queda – afirmou Minotouro, em entrevista ao Combate.com.

Confira a entrevista completa:

Combate.com: você tem falado sobre se aposentar depois desta luta com o Shogun. É uma decisão irreversível ou algo pode fazer você mudar de ideia, como o resultado da luta, por exemplo?

Rogério Minotouro: – Estou pensando muito. Acho que já lutei bastante, estou com 19 anos de carreira, desde 2001. Já fiz muito por esse esporte. Já fiz tudo que podia, treinei muito, treino ainda bastante. Vai chegando a hora que vamos entendendo que é hora de parar, dar lugar para a nova geração que está surgindo, de encerrar os trabalhos com chave de ouro. Tenho a oportunidade de fazer a trilogia com Shogun, tenho confiança na minha vitória, é uma chance que tenho de despedir da minha carreira na melhor forma possível, com o retorno do UFC em um momento de dificuldade, de pandemia, fechando a carreira com chave de ouro.

E como é se preparar para fazer a última luta da carreira?

– Na verdade, penso muito no que eu já fiz. No que Deus me deu com esse esporte. Talvez fique a sensação de que poderia ter feito mais, conquistado mais, mas acho que, em cima de tudo o que já fiz, algumas dificuldades, lesões, vitórias, de estar junto com meu irmão em todas as conquistas que ele teve, de ter aberto oportunidades com a Team Nogueira para muitos atletas, nosso time, me sinto muito realizado pelo que o esporte me deu, de onde vim, tudo que conquistei, pessoas que conseguimos trazer junto, como Anderson (Silva), (Rafael) Feijão, mais de 100 atletas da Team Nogueira que revelamos. Me vejo muito grato por tudo que conquistei no esporte. De repente agora, tendo a oportunidade de lutar novamente, no meio da pandemia, talvez seja uma hora boa pra poder fazer essa despedida. Já estou muito satisfeito com o que fiz no esporte, com o que estou fazendo, com trabalhos paralelos, com a questão das academias, outros trabalhos, acho que é uma hora boa de poder parar e fazer essa luta de despedida.

Rogério Minotouro — Foto: André Durão

Rogério Minotouro — Foto: André Durão

Você tem convivido nos últimos anos com essa pergunta sobre quando iria se aposentar. Como foi lidar com essas questões neste período, já que era uma decisão que você ainda não havia tomado?

– O pessoal não só fica curioso para poder saber sobre aposentadoria, mas também fica cobrando. “O cara vai parar mesmo? Quando vai parar? Já está na hora”. Acho que é comum do próprio fã. Não só pela performance ter diminuído, mas também pela curiosidade: “Esse cara não vai parar? A performance já está caindo”. O pessoal vê a diferença de como eu lutava para como estou lutando agora, dão uma comparada. Vai chegando uma hora… É comum ir chegando uma hora. Eles vão vendo essa hora. É chatão, mas o atleta tem que estar sempre muito bem disposto a escutar os elogios e as críticas também. Temos que escutar e entender a opinião de todo mundo. Cada um tem o direito de dar sua opinião.

E o que você sente de diferença de agora para quando estava no seu auge?

– Você perde um pouco mais de velocidade, de flexibilidade. Ganha em experiência, talvez até força no soco. Tecnicamente, considero meu soco mais forte, mas você perde um pouco de velocidade. É comum perder um pouquinho de velocidade.