Governo do Pará transfere líderes do confronto em Altamira

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Um dia depois do confronto entre o Comando Classe A (CCA) e o Comando Vermelho (CV), no presídio de Altamira, no oeste paraense, que deixou 57 mortos, já foram para Belém mais quatro dos 16 detentos apontados como líderes do massacre ocorrido na segunda-feira (29), no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRA). Edicley Lima Silva, Melzemias Pereira Ribeiro, Hildson Alves da Silva e Marcos Vinícius Nonato de Souza, o Bananada, seguem de avião para a capital paraense, onde, segundo informações do governo do Pará, serão encaminhados para outra penitenciária até determinação de nova transferência para outro estado.

Segundo entendimentos do governador Helder Barbalho com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, dez desses 16 detentos serão transferidos para penitenciárias federais. Até o momento, já foram realizadas sete transferências. A expectativa é de que outros nove detentos embarquem ainda hoje para a capital paraense, e os 30 restantes seguirão para outras unidades prisionais.

Identificação
Peritos criminais e médicos legistas do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC), da unidade de Altamira, trabalham na identificação dos 57 detentos mortos no confronto. Um perito odontologista forense de Belém e uma equipe de peritos criminais do Laboratório de Genética Forense do Instituto de Criminalística (IC) também chegarão hoje a Altamira para ajudar na realização dos exames de DNA, que ajudarão no trabalho.

Assistência
Os familiares dos detentos mortos no confronto estão sendo atendidos por uma equipe multidisciplinar, formada por cinco médicos, quatro psicólogos, cinco assistentes sociais e quatro enfermeiros, além de profissionais auxiliares da Secretária de Saúde do Estado.

Sobe para 58 número de presos mortos em massacre de Altamira, no Pará; corpo foi encontrado em escombros de presídio

O Instituto Médico Legal (IML) confirmou, na noite desta terça-feira (30), o aumento do número de mortos de 57 para 58 detentos, após massacre dentro do Centro de Recuperação Regional de Altamira, sudoeste do Pará. O corpo foi encontrado carbonizado no início da noite por peritos sob os escombros do presídio e ainda não foi identificado.

Quinze corpos já foram liberados pelo IML nesta terça-feira. Os corpos estão sendo armazenados em uma câmara frigorífica devido ao pouco espaço nas instalações do IML no município.

Os mortos foram identificados como Efraim Mota Ferreira, 22 anos; Luilson da Silva Sena, 35 anos; Wesley Marques Bezerra, 21 anos; Adriano Moreira de Lima, 21 anos; Ismael Souza Veiga, 37 anos; Carlos Reis Araújo 23 anos; Jelvane de Sousa Lima, 35 anos; Josivan Irineu Gomes, 25 anos, Marcos Saboia de Lima, 28 anos; Rivaldo Lobo dos Santos, 20 anos; Josivan Jesus Lima; Evair Oliveira Brito; Deiwson Mendes Correa; Natanael Silva do Nascimento; Renan da Silva Souza.

Os procedimentos de perícia foram encerrados às 18h30 e retornam às 6h30 de quarta (31). Ainda segundo o IML, peritos odontologistas forense e uma equipe de peritos criminais do Laboratório Genética Forense, do Instituto de Criminalística (IC) de Belém, foram enviados, pela tarde, para a realização de exames de DNA para a identificação dos corpos.

Na segunda-feira (29), detentos foram assassinados durante um confronto entre facções criminosas dentro do presídio. Líderes do Comando Classe A (CCA) incendiaram cela onde estavam internos do Comando Vermelho (CV). No local, 41 detentos morreram asfixiados e 16 foram decapitados, segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe).

Nesta terça, começaram a ser transferidos para presídios federais oito líderes de facção que estavam no presídio de Altamira. Outros oito estão sendo levados para ficar em isolamento e unidades prisionais de Belém, capital paraense. Mais 30 detentos serão distribuídos por cinco outras prisões do estado.

As transferências, que iniciaram por volta das 9h30, devem ser concluídas até quarta-feira (31).

Pedido de força-tarefa federal

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, autorizou nesta terça-feira (30) a atuação da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) no Pará pelo período de 30 dias. De acordo com o Ministério da Justiça, a portaria será publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira (31).

A decisão atendeu ao pedido do governador do Pará, Helder Barbalho, que solicitou ao menos 40 integrantes da FTIP para atuarem em atividades de guarda, vigilância e custódia de presos. De acordo com o governo do Pará, 10 agentes devem chegar no estado nesta terça-feira.

Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte/G1

Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte/G1

Novas casas penais

Após o massacre e as informações divulgadas pelo relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que apontam superlotação no presídio, o governo anunciou a ampliação das casas penais.

A conclusão do presídio no município de Vitória do Xingu, também na região de Altamira, terá capacidade para 306 presos adultos e 200 mulheres no regime fechado, além de 200 internos do regime semiaberto.

Segundo Helder Barbalho, a Norte Energia, empresa responsável pela construção do presídio — como obra de compensação ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte — garantiu que a unidade prisional será entregue em 60 dias.

Na manhã desta terça-feira (30), o Ministério Público do Pará disse em nota que cobra a conclusão de obras no presídio desde 2017. Em setembro de 2018, uma rebelião na mesma unidade prisional deixou toda a área do semiaberto destruída pelo fogo. Segundo o MP, a área ainda não foi reformada.

A promotoria de Altamira instaurou um inquérito civil para apurar a paralisação das obras do presídio e acelerar a sua conclusão junto aos órgãos responsáveis, incluindo a empresa Norte Energia, responsável pela construção.