Músico entrou em creche, resgatou crianças no fogo e usou carro como ambulância

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Por volta das 9h (de Brasília) desta quinta-feira (5), o músico Armando Lopes dos Santos Júnior, 25, saiu de sua casa para receber uma encomenda dos correios. Voltava ao quarto quando ouviu um carro da Polícia Militar passar com as sirenes ligadas em alta velocidade.

Até o momento, quatro crianças de 4 anos morreram em decorrência das queimaduras. Pelo menos outras 19 estão internadas, 15 em estado grave. O homem, Damião Soares dos Santos, 50, também morreu no incêndio.Ao retornar à rua para ver o que era, foi abordado pela vizinha, em desespero. “Pelo amor de Deus, ajuda, Juninho! É incêndio, as crianças estão pegando fogo, todo mundo, ajuda!”, gritava ela. Armando mora em frente à rua da creche a que um vigia ateou fogo em Janaúba (MG).

Armando conta que, ao ouvir a vizinha, saiu correndo em direção à creche. “Entrei para tentar apagar o fogo, mas não deu nada. O teto era inflamável, já estava cheio de fumaça tóxica, preta. Aí corri em casa para pegar meu carro e ajudar no socorro às vítimas”, afirma.

Um vídeo gravado por ele após o resgate está circulando em redes sociais e aplicativos de mensagem nesta quinta. “Um cara entrou numa creche, bicho, e colocou fogo num tanto de criança. Eu não consigo acreditar numa desgraça dessas”, diz ele na filmagem, em tom de choro. “[Levei] criança completamente queimada no meu carro. Criancinha de cinco, três, quatro anos de idade”, acrescenta.

O músico disse ter agido por impulso. “Não pensei direito, só queria salvar as crianças ali.” Ele afirma que colocou cerca de cinco crianças queimadas no carro e levou ainda mais dois adultos, em uma viagem única.

“Quando cheguei [na creche] já tinham muitas viaturas. Coloquei o máximo de pessoas que eu consegui. Tinha uma professora ou funcionária queimada, muito mesmo, tipo 80% do corpo em carne viva. Um rapazinho estava todo branco, uns 90%”, estima.

Armando diz que todas as crianças estavam chorando muito e em estado de choque. “Fui limpar o banco do meu carro hoje, tinha pedaço de couro cabeludo. Foi uma cena difícil.” Ele afirma que, como o hospital regional é próximo à creche, a corrida levou menos de um minuto. “Pisei o máximo que o carro tinha. O primeiro carro a chegar com vítimas foi o meu, já cheguei gritando e o pessoal foi ajudar.”

O músico afirma estar abalado com a tragédia. “Na hora é uma sensação que eu não sei nem como descrever, a gente só pensa em ajudar, mas é uma situação muito complicada. Mas é muita coisa para se fazer, você fica sem foco, fica maluco.”

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