Na fronteira, MDB tem ‘torta de climão’, gritaria e transita entre a guerra e paz

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Em Ponta Porã, uma folha em branco ganha linhas de “desejos” para um possível governo. O calor e burburinho que tomam conta do local nem lembram a organização do encontro anterior. Mas o senhor de chapéu e caneta nas mãos não se importa e continua escrevendo.  Com cabelos brancos e todo arrumadinho, o homem vai colocando os pontos que considera importantes para melhorar onde mora.

“Eu vou escrever, se vão fazer, eu não sei, mas tenho esperança”, confessa Paulo, no alto dos seus 66 anos, ao entregar o formulário que é distribuído durante os encontros de pré-campanha promovido pelo MDB, que tem como pré-candidato o ex-governador André Puccinelli.

O Pré-Na-Estrada esteve com a “comitiva” de André, que passou por Amambai e Ponta Porã. O dia começa cedo, bem cedo, e vai de agenda em agenda. A primeira passagem é em Ponta Porã, onde, ao lado do ministro Carlos Marun, André toma lugar de autoridade, mesmo sem o ser, e em casa de tucano.

“Foi um evento que recebemos ele, para não ir amanhã ao local onde eles marcaram a reunião do partido deles. Em política é preciso conversar com todos”, confessa um político presente, que faz parte do “ninho”, mas que claro, prefere nem dar o nome. “Vai que, não é?”.

Enquanto Marun recebe do prefeito tucano Helio Pellufo homenagens e honrarias de Ministro do Estado, André faz tal qual os pinguins de Madagascar. Sorri e acena. Não é difícil imaginar a cena, considerando o jeito “André Puccinelli” de ser. O encontro emedebista é no sábado, mas ainda assim, o pré-candidato fez questão de “dar uma passadinha” por lá.

Em Amambai, o grupo que segue o ícone máximo da legenda está tão organizado, que o jantar foi preparado pelo “núcleo mulher do MDB”. E para quem está no interior, é quase que um orgulho receber o ex-mandatário. “Fizemos tudo com muito carinho e organização”, garante uma integrante que é da ala feminina do partido.

As pessoas vão chegando aos poucos e lotando o pequeno salão da Câmara Municipal de Amambai. De Paranhos, distante 120 quilômetros dali, Donizete Viaro chega com um grupo de apoiadores. “André é André, onde ele passa as pessoas param. Sejam amigos ou quem não gosta dele”, afirma em tom de quase elogio o ex-vereador que não desiste da política.

Com a plateia atenta, o tom de “volta André” começa a ganhar corpo, menos efusivo do que nos encontros anteriores. Tom que muda quando André pega o microfone em um discurso de deixar claro que é sim “pré-candidato” e que o MDB vai “mandar brasa”.

“Não vamos mais aceitar as mentiras”, aumenta a voz quando fala das críticas que vem recebendo dos apoiadores do atual governo de Reinaldo Azambuja.

Torta de climão, microfone desligado e um sonoro “desce do muro”

E se Amambai foi de calmaria, o discurso mudou completamente na volta a Ponta Porã. O local não tinha luxo, nem organização, mas se política se faz de “sangue no olho” – para quem gosta, foi um prato cheio.

Finalmente participando de mais uma agenda de Puccinelli, o presidente da Assembleia, deputado estadual Junior Mochi (MDB), trouxe um olhar constrangido diante do colega de bancada e de plenário Paulo Siufi, que começou o discurso “50 tons de pedradas” para cobrar uma postura dos colegas de sair da base.

“Vamos ter que separar o joio do trigo, eles falam das nossas pontes, porque eles não falam que muitos deles entraram na política pelas suas mãos. Eles deveriam ter vergonha na cara”, gritou Siufi. “Por mim, presidente da Assembleia Junior Mochi, por mim já saía logo desse governo, eu já não estou mesmo porque eles não representam o Mato Grosso do Sul”, bradou sem nem dar chance de Mochi esconder a surpresa.

“Quem fica em cima do muro é gato sem vergonha”, gritou Siufi após dizer que os deputados emedebistas tinham que sair imediatamente da base do governador Reinaldo Azambuja na Casa de Leis Estadual.  Num canto, afastado do “chefe”, Mochi e Marcio Fernandes só olhavam, em um ponto fixo.

A torta de climão foi clara e nem mesmo o discurso impecável de Simone Tebet foi suficiente para quebrar a troca de olhares, a ponto que nem André estava durante o discurso de Mochi – que sequer citou uma possível saída da base, ou de Marcio Fernandes, que também se absteve do assunto.

Como ministro de Estado – e ele parece adorar ser chamado assim, Marun amenizou a plateia com brincadeiras e ditados populares. E quando o microfone desligou, ele levou no gogó, sem é claro esconder a irritação com a “leve bagunça” do local, que pegou fogo com discursos de morde e assopra de deputados.

Superstar das selfies e “lenha para queimar”

André, por sua vez, pegou o embalo do aliado e companheiro de profissão. “Não vamos mais ficar quietos, os companheiros que são do MDB agora vão ter que defender nosso legado”, afirmou.

Puccinelli parece cansado, o discurso acaba, mas o evento não. Pacientemente ele tira fotos com todos que pedem. Quando ele deixa o microfone, parece que um “superstar” desceu do palco e fica rodeado de gente.

Selfies, fotos posadas para os fotógrafos e assessores e finalmente Puccinelli sai. “Vamos embora pré-na-estrada?”, questiona ele para a reportagem. E garante. “Aqui é velhinho, mas tem lenha para queimar”, diz saindo para mais uma reunião antes de voltar para a Capital.

#PreNaEstrada

O MDB está com o programa “MS Maior e Melhor” e percorre várias regiões do Estado. O TopMidiaNews acompanha as comitivas dos pré-candidatos ao Governo do Estado com o programa #PréNaEstrada e todos os candidatos foram convidados a participarem.

No próximo dia 10, Ivinhema receberá o programa de Reinaldo Azambuja (PSDB) com o “MS que dá Certo”. O ex-juiz Odilon de Oliveira (PDT) e Humberto Amaducci (PT) ainda não enviaram a programação do próximo final de semana.

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