O fim de um ciclo político em Ponta Porã

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Fonte: Ponta Pora Informa
Por: Epaminondas Cerqueira

Morreu o último representante de um ciclo político em Ponta Porã. Carlos Furtado Fróes, ou simplesmente Carlinhos. Não foi um líder político na essência, pois seu carisma foi maior que qualquer liderança que pudesse exercer perante seus liderados. Sua trajetória política foi impecável.

Vereador, deputado estadual e prefeito por duas vezes. Não deixou saudades no campo administrativo, pois seus dois mandatos como prefeito foram desastrosos. Mas no político, Carlinhos Fróes consolidou seu currículo sempre com a marca da empatia com o eleitorado e a sociedade pontaporanense.

Poderia ter terminado melhor sua carreira política, mas preferiu submeter seu nome à apreciação do eleitor tentando retornar para a Casa que o lançou na política. A Câmara de Vereadores abriu as portas para aquele jovem que aparecia no cenário político municipal e teria nele, uma de suas fortes lideranças.

Contam que em 1984 Carlos Fróes brigou com um de seus aliados, o ex-prefeito Aires Marques, que naquele ano batalhava para ser o candidato do PMDB nas eleições municipais no ano seguinte. Carlinhos não apoiou Aires e abriu uma fenda gigantesca no grupo.

Chamado pelo líder do grupo, o senador Rachid Saldanha Derzi, Fróes respondeu serena e paulatinamente ao questionamento dos motivos pelos quais não apoiaria Aires. “Ele nunca pediu meu apoio e muito menos meu voto”, disse Carlinhos, sem titubear.

Aparada as arestas, já que o senador era um exímio articulador político, ele sabia que seu grupo dividido seria caminho aberto para o médico Astúrio Marques vencer aquele pleito. Mas conseguiu unir a todos, levando Aires ao Paço Municipal.

Nas eleições de 1988, foi a vez de Aires Marques dar o troco. Distanciou-se do deputado estadual Carlos Fróes e declarou guerra ao seu nome naquele pleito.

Mas, quis a história que os grupos comandados por Fahd Jamil e Rachid Saldanha Derzi empunhassem senão a bandeira branca da paz, mas pelo menos de uma trégua política, lançando a chapa Carlos Fróes-Nélio Alves como candidato a prefeito e vice, em uma eleição sem concorrentes.

Aires, então, recolheu-se e retornou para Tupã, interior de São Paulo, sua terra natal, praticamente aposentando da carreira política em Ponta Porã.

Fróes governou Ponta Porã até 1992, entregando a prefeitura de forma caótica em termos financeiros. Voltou pelas mãos do povo em 1996 e quatro anos mais tarde, nem mesmo seus próprios salários ele pagou.

Em 2008 foi candidato a vereador e obteve pífia votação, com seu nome impugnado pela Justiça Eleitoral.

Morreu sozinho no leito hospitalar sem que seu legado fosse reconhecido sequer mesmo pelos familiares.

Na sepultura de Carlos Fróes, jaz uma parte da história política de Ponta Porã e de um homem que poderia ter sido melhor reconhecido em vida.

Texto de autoria de Epaminondas Cerqueira – Pontaporanense; servidor público hoje morador em Paulínia (SP).

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