Em 2016, último levantamento oficial divulgado pela Agepen (Agência Estadual do Sistema Penitenciário) indicava que naquele ano quase três mil telefones celulares foram apreendidos dentro dos presídios de Mato Grosso do Sul. A conta remete a uma estatística intimidante: todo o dia oito aparelhos são apanhados com os encarcerados.
Por que e como essas ferramentas caem nas mãos dos detentos que as usam para a prática de crimes como sequestros, assassinatos ou golpes de estelionato?
São diversas as hipóteses que justificariam a entrada de celulares nos presídios, uma delas a corrupção.
Mas há uma suspeita, embora o assunto seja rejeitado entre as autoridades que comandam o sistema correcional.
São os acordos firmados com os chefes de organização criminosa. A base do conchavo seria essa: os telefones entram e os presos abolem a ideia de uma rebelião, por exemplo.
HIPÓTESES
André Luiz Garcia Santiago, presidente do Sinsap-MS (Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso do Sul), disse ao TopMídiaNews que já houve denúncias de supostos acordos envolvendo a coordenação de presídios com os chefes do crime, mas, segundo ele, “sem embasamento”.
“Nunca chegou (denúncia) com provas, jamais. E eu não tenho como comentar esse assunto dessa forma”, esquivou-se o sindicalista.
Contudo, Santiago sinalizou com quatro pontos os motivos que justificariam a entrada frequente de aparelhos celulares. E, em todos os tópicos mencionados, nota-se que os detidos ganham poder a cada negociação com os chefes do sistema correcional.
Televisores dentro de celas, é uma delas.
“É uma regalia desnecessária, mas uma conquista irreversível, difícil de tirá-la dos presos”, afirmou Santiago.
De acordo com o sindicalista, televisores são instalados dentro de celas graças ao que chamou de “flexibilização”.
No caso, o privilégio só é permitido depois dos presos convencerem a direção do presídio da necessidade do aparelho dentro do cárcere.
Para o sindicalista, é temerária a ideia de os presos terem acesso a “informações externas” pela televisão. Ele disse que a regalia pode ser um meio de os presos “articularem” manobras criminosas.