O filhote de onça-pintada melânica macho, que foi resgatado no dia 13 do mês passado, em Paranaíta, a 849 km de Cuiabá, voltou a enxergar e recuperou o peso durante tratamento no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Sinop, a 503 km de Cuiabá.
O animal foi encontrado por um morador em uma região de pastagem e apresentava um quadro de cegueira e desnutrição. O morador chegou a ficar com o filhote por uma semana, mas decidiu pedir apoio à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) ao perceber que o filhote estava muito debilitado.
A professora da UFMT, Elaine Conceição, disse que o filhote, que tem cerca de três meses, continua no hospital da universidade sendo monitorado pela equipe.
“Ele já tem percepção de movimento e está interagindo bem com os desafios. A recuperação dele tem sido significativa e o estado de saúde é estável”, ressaltou.
Segundo Elaine, o objetivo agora é treinar o animal para ser solto na natureza quando completar dois anos.
“Estamos em conversa com o poder público para que possamos construir um recinto adequado para o projeto de reabilitação. Ele precisa aprender a caçar, se deslocar e se proteger”, explicou.
Novos exames devem ser feitos nos próximos meses para atualizar o peso e o quadro clínico da onça, segundo o hospital.
A espécie
O animal tem melanismo, que é uma alteração genética rara. A concentração de pigmento preto na pele esconde as pintas comuns dessa espécie. Apenas de 5% a 10% das onças nascem com essa alteração.
Segundo pesquisadores, essa espécie de onça-pintada está ameaçada de extinção no Brasil.
“Esse animal é precioso por conta da pelagem. Dentre as onças-pintadas, ele se torna uma raridade”, ressaltou Elaine.
Com ‘camera trap’, pesquisadores criam armadilhas para flagrar animais silvestres remotamente
Equipamento, que começou a ser usado na última década em várias partes do Pantanal, já ajudou na identificação de centenas de onças-pintadas diferentes
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Uma caixa de plástico camuflada com uma lente por fora e um monitor por dentro vem mudando a pesquisa com a fauna silvestre nos últimos anos. Acoplada a árvores, a “camera trap”, ou armadilha fotográfica, fornece a pesquisadores e ambientalistas uma janela privilegiada para a observação de animais selvagens.
Acionada por movimentos e com visão infravermelha, essa armadilha não captura nem machuca onças, jaguatiricas, macacos e outros bichos, mas registra, em fotos e vídeos, imagens que ajudam a estudar os animais em seu habitat.
Desde que começou a ser usada no Pantanal, principalmente introduzida por pesquisadores estrangeiros, ela se multiplicou. Fora do Brasil, já é possível comprar uma câmera dessas por até R$ 200.
Pesquisadores, guias de turismo e ambientalistas de várias partes do bioma compartilharam com o G1 alguns dos milhares de fotos e vídeos já registrados até agora: