Para trabalhar 1 mês, deputados de mandato tampão podem custar mais de meio milhão de reais

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Eles nada fizeram de errado levando-se em conta as regras políticas brasileiras, mas arde no bolso o preço pelo emprego por apenas um mês que os três deputados federais de Mato Grosso do Sul conquistaram com o chamado mandato-tampão na Câmara dos Deputados Federais, em Brasília – o trio entrou no lugar de parlamentares que desistiram dos cargos a que tinham direito por aceitarem outras missões públicas.

Em média, os suplentes sul-mato-grossenses, já reconhecidos no início deste mês como dono dos mandatos no período de recesso parlamentar, quando os políticos vão para a praia ou se refestelam do modo que quiserem, onde quiserem, e seus assessores, vão representar um custo que supera a casa de meio milhão de reais por esta pequena temporada. A Câmara dos Deputados retoma o expediente, com sessões, no início de fevereiro.

E quem paga conta pelo emprego de um mês dos novos deputados? Eu + Você = Nós.

CIFRAS

Os deputados federais de Mato Grosso do Sul que assumiram mandatos no início deste mês, foram: Carla Charbel Stephanini, 54, ex-Subsecretária de Políticas para as Mulheres da prefeitura de Campo Grande. Ela entrou no lugar da ex-deputada federal Tereza Cristina (DEM), que virou ministra da agricultura.

Ademar Vieira Júnior, o Coringa, 40, do PSD, que até dezembro passado era o Subsecretário de Direitos Humanos da prefeitura de Campo Grande, com salário de cerca de R$ 10 mil. Ele substituiu o ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta (PSD), o ministro da Saúde desde o início do mês.

Isaias Bittencourt, militar da reserva, 52, pastor evangélico e ainda ex-chefe da Defesa Civil. Ele vai representar Geraldo Resende, ex-deputado do PSDB, que virou secretário estadual de Saúde.

 

Por regra, cada deputado federal tem direito a R$ 33.763,00 de salário; entre R$ 30 mil e R$ 45 mil pela cota para o exercício da atividade parlamentar; R$ 106.866,59 verba destinada para a contratação de assessores – cada um pode nomear 25; e ainda dois penduricalhos – R$ 4.253,00, quantia liberada como auxílio-moradia e ainda o valor da remuneração [R$ 33 mil] para bancar o valor da mudança para Brasília.

Somados, o custo dos três parlamentares atingiriam, por baixo, R$ 600 mil. Ocorre que esta soma deva cair pela metade graças às renúncias de gastos anunciados pelos suplentes sul-mato-grossenses.

O QUE OS SUPLENTES VÃO GASTAR?

Coringa, Carla e Bittencourt anunciaram que abriram mão dos R$ R$ 33 mil a que deveriam ter direito pelo custa da mudança.

Pelas publicações do Diário Oficial da União, os três parlamentares também não atingiram a cota dos 25 assessores. Mesmo com o mandato de 30 dias, eles nomearam 24 assessores, cujo salário dos secretários parlamentares varia de R$ 980 a R$ 15 mil.

O deputado federal Bittencourt, por exemplo, convocou 11 secretários para auxiliarem em seu curto mandato.

 

São eles: Carlos Mohn Roller (nomeado em 8 de janeiro); Agnaldo Veríssimo Simões (10 de janeiro); Gleidemar das Dôres Macêdo da Cunha (9 de janeiro); Israel Nascimento dos Santos (10 de janeiro); Lucas Rael Alves da Costa (9 de janeiro); Manuela de Souza Andrade (9 de janeiro); Domingos Ferreira da Silva (8 de janeiro); Marta Aparecida Teixeira da Rosa (10 de janeiro); Natália de Souza Lima (10 de janeiro); Sílvia Regina de Paula (9 de janeiro) e Valdenir de Jesus Toledo Morel Júnior (10 de janeiro).

Coringa escolheu nove pessoas para compor sua assessoria: Cícero Gomes da Silva (nomeado no DOU no dia 8 de janeiro); Dayane da Silva Balbino (8 de janeiro); Flávio Denis de Andrade Medeiros (10 de janeiro); Jhoseffe Bulhões de Souza (8 de janeiro); Osvaldo Ferreira de Araújo (8 de janeiro); Renata Rodrigues de Oliveira Dutra (7 de janeiro); Tiago José do Carmo (7 de janeiro); Vanessa Nogueira Arantes (7 de janeiro) e Wilson Osmar de Faria Lima (8 de janeiro).

Já Carla Stephanini selecionou quatro pessoas para assessorá-la: Brendha Vieira Lima (8 de janeiro); Carlos Alberto de Araújo (8 de janeiro); Kelly Lescano Batistote (14 de janeiro) e Tarsila Dias Acosta Salles Marzola (8 de janeiro).

Os recém-nomeados assessores parlamentares – salários que podem alcançar a cifra de R$ 15 mil – vão receber quantias proporcionais ao período trabalhado.

Cálculo presumido de um contador que atua no serviço público crê que a folha dos assessores em questão deve atingir a soma R$ 168 mil. Acrescentando aos salários dos deputados o valor gasto por um mês de trabalho atingir em torno de R$ 300 mil. No entanto, eles têm direito a usar cifra de cerca de R$ 610 mil, ou seja, mais de meio bmilhão de reais.