Partidos de esquerda e centro articulam união para barrar radicais

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Na tentativa de frear o crescimento do Partido Social Liberal (PSL), do presidente Jair Bolsonaro, em Mato Grosso do Sul, partidos progressistas querem se unir. O objetivo é tentar enfraquecer e até minar a pré-candidatura do bolsonarista deputado estadual Renan Contar.

O plano é encabeçado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e comandado pelo ex-governador José Orcírio Miranda dos Santos, Zeca do PT, que quer fazer alianças com partidos progressistas e até com alas do PSDB.

“Nós estamos conversando com partidos progressistas, como o PSD, dos Trad, PV, PSB, PP, PSol, até MDB, do oportunista do André [Puccinelli], e alas do PSDB”, disse Zeca.

Já é histórica a falta de diálogo entre PT, PSDB e MDB nas eleições municipais e estaduais em Mato Grosso do Sul. Nacionalmente, o PT e o MDB foram coirmãos nos dois mandatos da presidente Dilma Rousseff, porém, no Estado o cenário era de confronto entre as siglas.

André Puccinelli (MDB) e Zeca do PT já travaram vários embates com frases icônicas, entre elas “é só apertar o André que ele chora” e “caititu que anda fora do bando onça come”.

Já o PT e o PSDB são rivais na esfera nacional, estadual e local, tanto é que os dois representantes do PT na Assembleia Legislativa, Pedro Kemp e Cabo Almi, são ferrenhos opositores do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). E, na época em que Dilma Rousseff era presidente, um dos maiores opositores do seu plano de governo era o então deputado federal Azambuja.

Com a máxima de “união faz a força”, o PT está buscando aliados e cedendo a outras legendas de oposição cargos aos quais teria direito no parlamento pelo desempenho nas urnas. Este foi o primeiro passo de uma estratégia que deve desembocar nas eleições de 2020, quando espera ter condições de compor chapas em cidades importantes. O objetivo é derrubar o bolsonarismo em locais onde o presidente teve vitórias expressivas.

Segundo Zeca do PT, o partido está fazendo reuniões como “Pensando Campo Grande” para discutir planos de ação e melhorias a Campo Grande, o atual cenário político e as eleições 2020.

“Nós estamos fazendo reuniões, discutindo política e vamos falar sobre democracia e o governo do Bolsonaro. Semana que vem, estará aqui [na Capital] e em Dourados a Caravana Lula Livre, onde vem o Fernando Haddad discutir política e conjuntura das eleições do ano que vem”, explica o ex-governador.

VIDEOCONFERÊNCIA

O diretório de Campo Grande e estadual do PT  vão participar de videoconferências com a presidente nacional da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (Paraná), e o secretário de Relações Institucionais, deputado José Guimarães (Ceará), nas quais serão ouvidas as lideranças regionais para saber qual é o cenário político local e como pode ser feito uma plano estratégico para as eleições do ano que vem.

A videoconferência está prevista para acontecer nas próximas semanas. Além de Mato Grosso do Sul, serão ouvidos os representantes do Acre, Roraima, Rondônia e Amapá.

De acordo com a ex-ministra Ideli Salvatti (Santa Catarina), que participa do trabalho, a sondagem inicial serviu para ver como cada diretório do partido estava fazendo a consulta de cenários na Capital e nas principais cidades de cada ente federado para as eleições de 2020. “Apesar de ser uma sondagem bastante inicial, observamos coisas interessantes. Em vários estados, observamos grupos para pensar as questões do município, como o ‘Pensando Campo Grande’, ‘Pensando Aracaju’. Sinal de que as pessoas estão se mobilizando”, disse a ex-ministra.

O presidente regional da sigla, Zeca do PT, disse que já foi feito um mapeamento em 58 municípios para a renovação dos diretórios municipais. No dia 8 de setembro, serão feitas as eleições para a escolha da nova direção municipal do partido em cada cidade.

“Vamos esperar essa eleição para discutirmos de fato as articulações para as eleições municipais, se vamos ter candidatura própria ou se vamos fazer alianças com partidos progressistas. Nós só não vamos fazer aliança com o partido do Bolsonaro (PSL) e o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), do Delcídio [do Amaral, ex-senador que perdeu o mandato depois de ser preso sob a acusação de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró]”, alfineta.