Sargento preso com 37 kg de cocaína em voo é excluído da FAB

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A FAB (Força Aérea Brasileira) excluiu definitivamente, nesta quinta-feira, dia 12 de maio, o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, do seu quadro. O agora ex-militar foi preso em Sevilha, na Espanha, em 2019, ao transportar 37 quilos de cocaína pura em um voo da comitiva presidencial e acusado de tráfico internacional de drogas.

“A decisão foi proferida após cumprido o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa”, diz a FAB.
Por nota, a Força Aérea disse ainda que “atua para coibir irregularidades e repudia condutas que não representam os valores, a dedicação e o trabalho do efetivo em prol do cumprimento de sua missão institucional”.

Condenações

Rodrigues havia sido condenado pela Justiça Militar da União em 15 de fevereiro passado. A pena é de 14 anos e seis meses de prisão.

Na ocasião, a defesa do ex-sargento alegou que a droga não foi transportada no avião da FAB, e sim, passada a ele depois do pouso, na Espanha. Os advogados pediram a troca da acusação de tráfico internacional para crime com pena menor: o de recebimento, venda, fornecimento ou transporte de substâncias entorpecentes.

Em fevereiro de 2020, a Justiça espanhola já havia condenado o então sargento a seis anos e um dia de prisão. Além disso, ele foi sentenciado a pagar multa de 2 milhões de euros.

A partir da descoberta da cocaína em um avião da comitiva do presidente da República, a Polícia Federal (PF) deflagrou, pelo menos, cinco fases da operação batizada de “Quinta Coluna”, que investiga um grupo suspeito de traficar drogas em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). A última etapa ocorreu em dezembro do ano passado (veja detalhes abaixo).

Acordo

Quando foi sentenciado, Rodrigues fez um acordo com a promotoria da Espanha e, às autoridades, contou que “se aproveitou da condição de militar” para cometer o crime. Ele disse ainda que deixaria a droga em um centro comercial de Sevilha.

Rodrigues contou que era a primeira vez que transportava drogas, mas admitiu que costumava revender no Brasil produtos comprados durante as viagens a trabalho, segundo ele, para complementar o salário.

Os promotores espanhóis queriam uma pena maior para ele, de oito anos, mas concordaram em reduzir o tempo porque Manoel Silva Rodrigues confessou o crime. Durante a audiência, ele falou pouco, lamentou a situação e pediu desculpas ao povo espanhol.

Em setembro de 2020, a Justiça da Espanha negou um pedido de transferência do militar para o Brasil. Com a decisão, ele precisa cumprir a pena integralmente no país europeu.

‘Quinta Coluna’

Em fevereiro de 2021, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação Quinta Coluna. Além do uso de aeronaves militares para o tráfico, os investigadores apuram um esquema de lavagem de dinheiro. À época, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão.

Um mês depois, a Justiça determinou a prisão de outros três militares e da esposa de Manoel Silva Rodrigues, por participação nos crimes. Segundo a Polícia Federal, os investigados se associaram ao sargento preso na Espanha, “de forma estável e permanente, para a prática do crime de tráfico ilícito de drogas”.

Em relação à lavagem de dinheiro, as investigações apontaram “diversas estratégias do grupo criminoso” para ocultar os bens obtidos por meio do tráfico de drogas, “especialmente a aquisição de veículos e imóveis com pagamentos de altos valores em espécie”, diz a PF.

Em outubro do ano passado, os policiais prenderam um suspeito de ameaçar testemunhas. Segundo a PF, o preso também é apontado como um dos chefes do esquema.

Em dezembro de 2021, os policiais deflagraram a quinta fase da operação e cumpriram mandados de busca e apreensão em Brasília e em Florianópolis (SC). Nessa etapa, a Justiça Federal determinou o sequestro e o bloqueio de imóveis, R$ 3,6 milhões e de dois veículos de luxo. O nome do alvo não foi divulgado.