Sogro de Rodrigo Maia, Moreira Franco também é preso Ex-ministro de Minas e Energia é casado com a sogra de Rodrigo Maia

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Após prender Michel Temer, que deverá ser encaminhado ao aeroporto de Guarulhos, de onde seguirá para o Rio de Janeiro, agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de prisão contra Moreira Franco, ex-ministro de Minas e Energia, que é casado com a sogra de Rodrigo Maia.

O ex-juiz da Lava Jato e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi chamado de “funcionário de Bolsonaro” por Maia – que classificou o projeto de lei anticrime como um “copia e cola” – na noite desta quarta-feira (20), Moro emitiu nota na tentativa de colocar panos quentes, dizendo que seu projeto é “inovador e amplo”, salientando que “o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais”.

A resposta ríspida de Maia foi provocada por mensagens enviadas por Moro no fim da noite de terça-feira (19) e que entrou na madrugada de quarta-feira (20). Em tom de cobrança, o ministro implorava celeridade no pacote anticrime, acusando Maia de descumprir um acordo e lamentando a criação de um grupo de trabalho para analisar o projeto.

Há outro mandado de prisão também contra Eliseu Padilha, ex-ministro-Chefe da Casa Civil de Temer. Além dele, há também outro mandado  contra o coronel Lima, amigo de Temer há mais de 30 anos, que, de acordo com delator, teria pedido dinheiro, em nome dele a empresas do porto de Santos (SP), tradicional área de influência política do peemedebista.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. De acordo com informações da GloboNews, o processo dos portos teria sido desmembrado em três, ficando um terço no Rio de Janeiro e as outras duas partes divididas entre São Paulo e o Distrito Federal.

Por que Michel Temer foi preso pela Lava-Jato do Rio? Entenda

(São Paulo - SP, 06/12/2018) Presidente da República Michel Temer, concede entrevista ao programa “Data Venia” apresentado pelo Dr. Flávio D`urso, da Rede TV. Foto: Cesar Itiberê/PR

RIO – Preso nesta quinta-feira, por determinação do juiz da 7ª vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, o ex-presidente Michel Temer era alvo de investigação por suspeita de recebimento de propina da construtora Engevix, em troca de benefícios nas obras da usina nuclear de Angra 3, na Costa Verde fluminense.

No dia 4 de fevereirto deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) remeteu à primeira instância do Judiciário quatro inquéritos abertos na Corte para investigar Temer. O relator, ministro Luís Roberto Barroso, também determinou a abertura de cinco novos inquéritos para investigar denúncias contra o ex-presidente. Um desses casos foi enviado ao juiz Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge pediu abertura de inquérito para apurar suspeitas levantadas pelo delator José Antunes Sobrinho, ex-sócio da construtora Engevix. Sobrinho disse ter pago propina de R$ 1,1 milhão, em 2014, a pedido de João Baptista Lima Filho – o coronel Lima, amigo de Temer – e pelo ministro Moreira Franco, com anuência do ex-presidente.

“A denúncia descreve detalhadamente o funcionamento de um esquema duradouro de corrupção que se teria formado em torno do ex-presidente da República, Michel Temer. Em suma, o denunciado teria se valido largamente de seus cargos públicos, ao longo de mais de 20 anos, para conceder benefícios indevidos a empresas do setor portuário, em troca de um fluxo constante de pagamento de propinas”, escreveu Barroso no despacho.

Propina em Angra 3

O empresário José Antunes Sobrinho teve sua delação premiada homologada pelo ministro Luís Roberto Barroso em outubro do ano passado. À PF, o empresário detalhou as negociações com o coronel João Baptista Lima, amigo de Temer e apontado como seu principal operador pelos investigadores, além das pressões sofridas para fazer pagamentos ao MDB.

Em seus depoimentos, Antunes afirma que foi procurado por Lima em 2010, sob promessa de interferência no projeto da obra de Angra 3 com o aval de Michel Temer, em troca do pagamento de propina. Posteriormente, Antunes relata ter sido assediado entre 2013 e 2014 pelo coronel Lima e pelo então ministro Moreira Franco (Minas e Energia) para fazer doações ao MDB. Antunes relata que foi levado para encontros pessoais com Michel Temer tanto por meio do coronel como por meio de Moreira Franco.

“Acredita que no final de 2013 ou início de 2014, o depoente foi levado por Moreira Franco para um almoço no Palácio do Jaburu, em Brasília/DF, com o senhor Michel Temer, então Vice-presidente da República, ocasião em que além de amenidades discutidas, Moreira Franco discorreu para o senhor vice-presidente sobre as concessões importantes em que o Grupo Engevix do depoente estava envolvido, ocasião em que Moreira também falou claramente para o senhor vice-presidente que o depoente estava disposto a ajudar com as demandas do partido (PMDB)”, disse em seu depoimento.

A PF solicitou, no fim do relatório do inquérito dos Portos, a abertura de uma nova investigação sobre os fatos relatados por Antunes Sobrinho, para apurar se houve repasse de propina a Michel Temer por meio de contratos de fachada da Engevix com a Argeplan, empresa do coronel Lima.

Tentativa de blindar Temer

José Antunes Sobrinho também relatou que, depois que a Engevix entrou na mira da Lava-Jato, foi procurado pelo coronel Lima, com a intenção de devolver a propina paga pela empresa. Segundo Antunes Sobrinho, o objetivo da devolução seria não “contaminar” Michel Temer com as investigações. Lima, porém, nunca efetivou a devolução.