Sucessos no palco e lágrimas na plateia: como foi o último show do Kiss em Porto Alegre

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A última dança. A última festa. A última vez em Porto Alegre. De volta à capital gaúcha com sua turnê de despedida, Kiss deslumbrou 20 mil pessoas na Arena do Grêmio, na noite desta terça-feira (26). Às 21h15min, um quarteto de senhores com mais de 60 anos e faces maquiadas desceu ao palco colossal montado na metade do campo. Foram duas horas de rock, pirotecnia e muita celebração.

Banda foi formada em 1973, em Nova York. Na foto, o baixista Gene Simmons

Paul Stanley (guitarra e voz) na Arena

"End of The Road Tour" foi anunciada como a turnê de despedida do grupo

Fundado em 1973, em Nova Iorque, o grupo retornou pela terceira vez a Porto Alegre — as vindas anteriores foram em 1999 e 2012 — com Paul Stanley (voz e guitarra), Gene Simmons (voz e baixo), Eric Singer (baterista) e Tommy Thayer (guitarra). A banda anunciou que se aposentaria dos palcos em 2018, mas não sem antes realizar um último giro pelo mundo, batizado de End of The Road Tour.

A abertura ficou por conta da banda de hard rock porto-alegrense Hit The Noise. Composto por Daniel Sasso (bateria), Leonardo Theobald (guitarra), Luciano Schneider (voz) e Marcel Bittencourt (baixo), o grupo garantiu uma apresentação contundente.

Quando chegou a hora do show principal começar, o Kiss se apresentou ao palco descendo de plataformas suspensas. A primeira música foi a inabalável Detroit Rock City, direto do disco Destroyer (1976) — faixa que também batiza um filme de 1999 que tem como mote fãs da banda. Fogos e explosões incrementaram a performance, com bastante vibração do público.

Aliás, entre os fãs havia um festival de camisetas pretas e diversos rostos maquiados como os dos integrantes da banda — homens, mulheres e crianças entraram no clima. Alguns borraram a pintura, inevitavelmente, por conta da emoção em ver a banda pela última vez.

A segunda música da noite foi Shout It Out Loud, do mesmo Destroyer, que manteve a empolgação dos fãs. Após a performance, Stanley trocou algumas palavras com a plateia, lembrando dos outros shows da banda na Capital

— Porto Alegre, vocês estão lindos! — elogiou.

Stanley parecia gostar da palavra “Porto Alegre”, de tanto que a repetia. O frontman interagiu bastante com o público, conduzindo a galera como se fosse um maestro. Ele foi pura entrega, simpatia e rebolado durante o show. O resto da banda também não ficou atrás: todos pareciam estar se divertindo no palco. Aliás, quando Stanley, Simmons e Thayer dançavam sincronizadamente, era como um gol para os fãs.

Ainda no repertório setentista, a terceira faixa foi Deuce, lá do disco de estreia que leva o nome do grupo, de 1974. Em seguida, War Machine e Heaven’s on Fire. Na vez do rock de arena I Love It Loud, Gene cuspiu fogo no final da música, como faz tradicionalmente. Depois foi a vez de Say Yeah.

Em Cold Gin, lá do primeiro disco, foi o momento de Thayer brilhar no solo de guitarra e disparar faíscas de seu instrumento. Depois da virtuose, aquela música para fazer os fãs cantarem com a banda o refrão: Lick It Up, que batiza o disco de 1983 – o primeiro do grupo sem a maquiagem. Aqui houve projeções de laser na cobertura da Arena, em um belo momento visual do show.

A apresentação seguiu com Calling Dr. Love, do Rock and Roll Over (1976). Antes da música seguinte, Tears Are Falling, o público resolveu ovacionar Stanley gritando”Paul, Paul, Paul”.

Psycho Circus trouxe de volta os fogos e explosões ao espetáculo, que seriam mais recorrentes até o final. Ao término da música, houve o solo de bateria de Eric Singer, onde ele e seu kit foram elevados pela plataforma em que ficam situados, acompanhados de muita fumaça. Depois do momento do baterista, a banda ainda tocou um trecho de 100,000 Years.

O momento solo de Gene foi em God of Thunder, em que ele realizou uma performance teatral, com uma atmosfera de filme de terror B. Culminou com ele cuspindo sangue e sendo suspenso em uma plataforma no topo da iluminação do palco.

Em Love Gun, Stanley se pendurou em uma roldana, sobrevoando o público e sendo levado a outro ponto da Arena, em um pequeno palco situado no teto da house mix. Dali de cima, ele interpretaria também um hit da época que a banda flertou com a disco music, I Was Made for Lovin’ You, colocando o público para acompanhá-lo no refrão. No final da canção, Stanley pegou nova carona na roldana e voltou ao palco principal.

E seguiu o show do frontman: ele propiciou um pequeno número solo de riffs de guitarra antes de Black Diamond, resgatando mais uma faixa do primeiro disco. Depois de algumas explosões e faíscas, a banda se retirou do palco antes de voltar ao bis.

Singer abriu a parte derradeira do show ao piano, tocando a balada Beth. Foi a hora do público participar com as lanternas dos celulares. A segunda música do bis foi a questionadora Do You Love Me?, com balões brancos e pretos despencando do topo da Arena para o público.

Kiss fechou o show com a divertida Rock and Roll All Nite, promovendo uma chuva de papel picado e serpentina. Aqui o clima era de fim de festa, mas não aquele tipo de fim de festa de, por exemplo, casamento, em que um tio pendura a gravata na testa dançando Whisky a Go Go (“ok, hora de ir embora”).

Era o último gás. A última música do Kiss em Porto Alegre. A última dança. A explosão final para deixar o público querendo mais rock a noite inteira. E Kiss todos os dias.

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