Thaís Bianca, musa da Rosas de Ouro, celebra independência da mulher: ‘É uma libertação’

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Thais Bianca, 29 anos, é ‘“roseira’ desde criancinha. A musa dos compositores da escola será um dos destaques do enredo que vai contar a vida dos caminhoneiros no desfile no Sambódromo do Anhembi. “Minha mãe me acordava de madrugada quando a Rosas entrava na avenida e a gente fazia a maior torcida. Não sairia em outra escola. Quem sai a cada ano em uma escola diferente para aparecer, nunca vai entender o que é estar ali por amor a uma escola. Só quem ama entende”, diz ela.

Ex-panicat, Thais tem uma clínica de estética e destaca na entrevista abaixo a importância da mulher afirmar o seu espaço em todos os aspectos da sociedade. “Hoje a mulher não tem mais medo disso porque ela tem o trabalho dela, a vida dela. É uma libertação. Eu sou a prova”, afirma. “A mulher está empreendendo. O homem tem de acrescentar, somar, porque se for para atrapalhar ninguém quer na vida.”

A Rosas de Ouro vai levar a vida dos caminhoneiros para a avenida, contando desde o despertar na madrugada até a relação de ausência e saudades com a família. Veja a letra e ouça o samba.

1) Desde quando você desfila na Rosas de Ouro?

É meu quinto ano na Rosas de Ouro. Eu sempre fui roseira, sempre gostei da escola. Desde criança eu assistia na TV com minha mãe. Quando fiquei famosa, eu dizia que só desfilaria se fosse na Rosas. Daí me convidaram. Sempre fui muito bem recebida pela comunidade. Foi um casamento que deu muito certo. Eu sempre tive o desejo de ter essa sensação do arrepio de estar perto da bateria. Me sinto muito honrada por ser a pessoa que a escola confia para estar ali na frente de um carro representando uma ala. Quem sai a cada ano em uma escola só por mídia, só para aparecer, nunca vai entender o que é estar ali por amor a uma escola. Só quem ama entende.

2) Como é a preparação para ter fôlego para cruzar a avenida?

Cada ano é melhor do que o anterior porque eu me cobro muito mais. Como já trabalho muito com o corpo (Thais é ex-panicat e modelo), sempre me cuido. Mas nessa época do ano eu dou uma secada porque se estiver com mais gordura, aparece mais celulite. Deixo de comer umas besteiras e a dieta fica mais restrita. Meu maior medo é cair na avenida, porque você está ali na emoção e se joga. De alguma maneira tenho medo de não representar a escola da maneira que sei que posso.

3) A Rosas de Ouro vai falar sobre a vida dos caminhoneiros. O que você achou do tema da escola este ano?

Eu gostei muito. Por ser do interior (de Charqueada, no interior paulista, a 30 km de Piracicaba), tenho muito a amigos que os pais são caminhoneiros. No dia a dia a gente nem lembra que eles existem, mas são superimportantes.

4) O que o público pode esperar da sua fantasia? O que você vai representar no enredo?

Eu venho representando o Sol de todas as manhãs. Quantas vezes a gente passa na estrada e vê os caminhoneiros dormindo na estrada só esperando o sol nascer para seguir viagem? É isso que vou representar.

5) Você sofre preconceito por participar do carnaval? Já foi vítima de algum tipo de assédio sexual?

Não, nunca, pelo contrário. As pessoas só me elogiam pela coragem de estar ali representando a escola, por esse período que a gente deixa de sair com os amigos e se divertir. Eu me divirto no carnaval, triste vai ser o dia que a escola não me quiser mais (risos). Nunca sofri assédio, na verdade as mulheres me procuram muito mais do que os homens e sempre para falar do meu corpo, da minha dieta, essas coisas.

6) Como você atua nas redes sociais? Acha que as redes sociais aproximam ou afasta mais as pessoas?

Nossa, atuo muito, sou a louca do Stories, faço o dia inteiro. Criei um bordão cantando ‘bom dia’ e as pessoas me param na rua para cantar para mim (risos). É algo para acordar bem, feliz e positiva e isso faz a diferença. Acho que isso deixa você mais próxima do público, eles gostam de ver que você também faz supermercado, por exemplo. Pelo menor para mim mais aproxima do que afasta.

7) No último ano milhares de mulheres romperam o silêncio e denunciaram assédios que sofreram nas suas vidas e no trabalho. O que você achou deste movimento?

Acho maravilhoso. Hoje em dia as mulheres estão muito independentes. Antes elas ficavam com medo do marido abandonar. Hoje a mulher não tem mais medo disso porque ela tem o trabalho dela, a vida dela. É uma libertação. Eu sou a prova disso. Hoje a mulher está empreendendo. O homem tem de acrescentar, somar, porque se for para atrapalhar ninguém quer na vida.

8) O que você faz para evitar a celulite na avenida?

Eu não sou mais nem menos por causa de celulite. Como eu trabalho com isso de incentivar as pessoas a ter uma vida saudável, meu corpo reflete isso. Ano passado, eu estava mais gordinha, e aumas celulites que eu nunca tive. Como eu estava solteira, fiquei saindo para baladas, bebendo, comendo errado, engordei. A gente tem de fazer da vida saudável um hábito, mas ter celulite não deixa de te fazer sensual.

9) Como você vê a situação do Brasil diante de tantas denúncias de corrupção?

O brasileiro está acostumado com a palavra corrupção. Isso jamais deve acontecer. Pessoas novas têm de entrar na política e acreditar no amanhã para batalhar. Algo muito pesado tem de acontecer para isso mudar. Eu sou uma pessoa honesta que jamais passaria por cima de ninguém e queria que meus filhos vivessem em um país onde não tivesse corrupção. Ainda não me sinto preparada, mas quero muito ir para esse lado de cuidar do meu país, quero fazer algo para mudar isso.

10) O carnaval pode ajudar a trazer alegria e esperança para as comunidades?

Muito, total! Com esporte, música, lazer. Você é aquilo que você vive. Se você está em um bairro mais humilde e suas referências são ruins, você cresce querendo isso para si. No Rosas tem projetos de aula de bateria, entre outros. Ali todo mundo sempre está pronto para ajudar. Em vez de ficar na rua, é sempre melhor o jovem estar ali aprendendo bateria, por exemplo.

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