Tite vê grupo equilibrado, lamenta logística e prevê emoção na estreia

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Perto de disputar sua primeira Copa do Mundo, o técnico Tite, da seleção brasileira, deu uma entrevista exclusiva às rádios BandNews FM e Bandeirantes logo em seguida ao sorteio dos grupos do Mundial. Na conversa com o enviado especial Bernardo Ramos, o técnico falou sobre tudo: as chaves do torneio, o elenco que deverá lutar pelo hexa e a emoção de comandar o Brasil em uma Copa, entrando assim para um seleto grupo que conta com nomes como Telê Santana, Zagallo, Felipão, Carlos Alberto Parreira e Vicente Feola, entre outros.

 

Durante a entrevista, Tite chegou a se emocionar ao imaginar o que vai sentir na estreia da seleção brasileira na Copa da Rússia. O Brasil vai dar o pontapé inicial no dia 17 de junho, contra a Suíça.

 

Tite revelou que chegou a morder o lábio no primeiro jogo dele no comando da seleção, para poder sentir dor e controlar um pouco a emoção. A estrategia, aliás, deu certo: o time, na ocasião, derrotou o Equador por 3 a 0, na altitude de Quito, pelas Eliminatórias.

 

Veja o que Tite falou na entrevista:

 

Sorteio

“Acho que os grupos todos, num primeiro plano, ficaram bem distribuídos, equilibrados. Com algumas características. Na chave de Portugal e Espanha, por exemplo, definiram-se praticamente os dois classificados, pois há uma diferença técnica acentuada, diferentemente do grupo do Brasil. Não há nenhuma equipe que se possa dizer que tenha um nível técnico inferior, é só nós pegarmos o retrospecto e ver que a Costa Rica, na última Copa do Mundo, venceu Uruguai por 3 a 1, Itália por 1 a 0 e empatou com a Inglaterra num grupo que, quando eu vi o sorteio, falei: vai ser o ‘corinho’, o ‘saco de pancadas’. E ela foi primeira e avançou à etapa seguinte, eliminou a Grécia nos pênaltis e só em seguida saiu contra a Holanda, também nos pênaltis. Então tu vê que não há facilidade dentro do grupo. Não há uma equipe que você aponte como um confronto fácil”

 

Logística

“Não gostaria que tivesse todo esse transporte (serão mais de 2,5 mil km de deslocamento entre um jogo e outro, em 11 dias, isso se a Seleção não voltar sempre para a sua base principal, em Sochi, depois dos jogos). Só que tem o seguinte: foi o sorteio, o circunstancial não se controla. O Edu (Gaspar, coordenador técnico da Seleção) chegou pra mim e perguntou: ‘professor, qual é a prioridade?’. Eu respondi que é uma só: ter campos e a logística pro descanso e alimentação próximos, porque aí eu consigo passar os vídeos e fazer as correções e interações necessárias. Fiquei torcendo, mas o aspecto locomoção fugiu da nossa alçada”

 

Briga pela titularidade

“Tem um monte de gente botando pressão para ser titular. Na Alemanha (campeã em 2014), por exemplo, começou o Boateng de lateral-direito com o Lahm pelo meio. Aconteceu que o Boateng terminou a Copa na zaga, com o Lahm de volta à lateral. Atleta de alto nível respeita atleta de alto nível. Jornalista de alto nível respeita jornalista de alto nível. Técnico de alto nível respeita técnico de alto nível. Quando a porta está fechada, cada um emite os nossos conceitos. Na Seleção você pega atletas como Fernandinho, Renato Augusto, Paulinho, Coutinho, Casemiro, qualquer um deles tem condições de ser titular. Tem o William ainda, na zaga o Thiago Silva, Alexsandro, Filipe Luis, e o Fernandinho também.

 

Novidades nos amistosos?

“Todos os atletas que estiveram em alto nível nas suas equipes e que foram campeões, como os do Corithians e os do Grêmio na Libertadores, que tem até um peso maior, são cotados, como o Arthur, o Luan, o Grohe. Todos esses jogadores botam pressão no técnico. É uma pressão boa, e todos vão concorrer contra todos.

 

Espanha entre as favoritas

“O Isco teve uma afirmação muito parecida com a do Coutinho, sem comparar um jogador com o outro, mesmo sendo dois articuladores. A Espanha tem ele o David Silva como dois jogadores diferentes na organização, juntamente com o Iniesta. Eu digo que o David Silva, em alto nível, tem uma capacidade de assistência impressionante. Ele encontra uma linha de passe onde ninguém vê. A Espanha é uma das equipes fortes pro Mundial”

 

Inspiração no Guardiola?

“Em termos criativos, ofensivos, cada um com suas características importantes, talvez a equipe mundial que está apresentando o melhor futebol atuamente é a do Manchester City, e eu falei isso para o Fernandinho, que é bonito ver o City jogar”.

 

Emoção no primeiro jogo

“O choro não é um desequilíbro emocional, mas sim um sentimento. Eu tive que morder o meu lábio no meu primeiro jogo na Seleção, na hora do Hino Nacional, para que a dor inibisse um pouco a minha emoção. É um prazer representar o país, é o máximo que um profissional pode atingir, seja como jornalista ou como técnico, e mais do que isso: é desafiador, em termos de desempenho, para darmos o nosso melhor. Aí conjuga o sonho com a realidade do desempenho”.

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