Na ala da dupla, ao menos aos domingos, dia de visitas, o clima difere das outras pontas do complexo penitenciário. Lá, na eira de Giroto e Amorim, somente ali, na manhã de ontem, era possível ouvir músicas do estilo polca paraguaia tocada no violão. O TopMídiaNews apurou a informação com exclusividade.
O Centro de Triagem (presos provisórios) fica no meio de uma quadra, no Jardim Noroeste, que abriga ainda o Instituto Penal (presos que vão a julgamento) e o Presídio de Segurança Máxima (onde ficam réus condenados).
Separado da ala de Giroto e Amorim, por um paredão, ficam outros detidos, a maioria pela chamada Lei da Maria da Penha, a que põe na cadeia quem maltrata ou ameaça a mulher.
As visitas de Giroto e Amorim, na entrada, enfrentam fila e se esbarram nos parentes de quem segue para outra lateral, a dos acusados de agredir a mulher.
A rotina
Pela manhã de ontem, Amorim recebeu duas visitas, a de um irmão e de uma filha. Giroto não recebera ninguém, mas o visitante pode ir até às 16h. Quem mais aparece por lá são advogados que defendem os denunciados do esquema de fraudes em licitações. O irmão de Amorim, que também já foi dono de empreiteira, foi visto abraçado a Giroto, como bons amigos, durante a visita.
Giroto e Amorim, engenheiros, são conhecidos há décadas. O primeiro, antes de eleito deputado federal, ocupava a chefia da Secretaria Estadual de Obras, no período governado por André Puccinelli, do MDB.
Já Amorim é empreiteiro e captava as mais importantes concorrências por obras públicas no Estado, durante as gestões de Puccinelli, duas vezes prefeito de Campo Grande (1997-2004) e governador também por duas vezes (2007-2014). O ex-governador também é processado judicialmente pelos crimes supostamente praticados por Amorim e Giroto. Ele já foi preso uma vez e teve de usar tornozeleira eletrônica por conta do envolvimento. No entanto, por forças de recursos judiciais livrou-se da prisão e do equipamento.
Giroto e Amorim foram presos na semana retrasada porque o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou uma liminar concedida aos dois em junho de 2016. Além deles, foram detidos e também estão encarcerados no Centro de Triagem, Wilson Roberto Mariano Beto Mariano, outro ex-deputado estadual, conhecido como Beto Mariano e Flávio Henrique Garcia Scrocchio, que é cunhado de Giroto.
Flávio Henrique foi preso em maio de 2016 e solto dias depois por suposta ligação com o esquema de fraude em licitações. A empresa dele, a Terrasat Engenharia e Agrimensura, venceu uma concorrência para a manutenção de estradas aos arredores do município de Nova Andradina. O valor da obra superava a casa dos R$ 10,3 milhões.
Os advogados dos detidos informaram que preparam recursos para tirar os quatro da prisão.