Bancada de MS tem deputado favorável ao voto impresso, mas maioria defende modelo atual

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Maioria dos deputados federais eleitos por Mato Grosso do Sul é favorável em repensar o sistema de votação, sem que seja adotado o voto impresso – projeto de lei que está pautado para análise, por parte da comissão criada sobre o assunto na Câmara Federal, nesta segunda-feira (5), a partir das 15 horas de Brasília.

“Eu sou a favor do quanto mais transparente, melhor, sem retroceder. Então, vamos fazer essa discussão de perto e votarmos algo que traga mais transparência para os resultados das eleições. Tem de ser o projeto que garante a contagem pública dos votos”, afirmou a deputada Rose Modesto (PSDB).

Já o deputado Fábio Trad (PSD) pontua que ‘não há qualquer evidência de vulnerabilidades do atual sistema’. “Até agora, não vi prova de que houve algum episódio de fraude nas urnas eletrônicas. Portanto, se o sistema é bom, célere e fidedigno, não vejo razão para mudar”. O parlamentar acrescenta que, ‘se no decorrer das discussões’, houver comprovação técnico-científica de que o sistema é vulnerável e já foi fraudado, repensará sua posição.

Para o deputado Loester Trutis (PSL), no entanto, a urna no Brasil ‘parou no tempo e não evoluiu sua tecnologia’. “Uma impressora é necessária, para que o voto seja impresso e sem contato humano caia em uma urna e possa ser auditada em caso de necessidade. Esse é o verdadeiro sufrágio universal”. Além disso, se diz favorável à contagem pública de votos.

Dagoberto Nogueira (PDT) defende que, no fim da votação, sejam impressos os votos e entregues aos partidos, para que estes possam conferir e comparar com o resultado divulgado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral). “Mas não o voto impresso individual para cada eleitor, pois isso possibilita a venda de votos. Não dá para acreditar nisso [sistema de voto impresso]”.

“Acredito que essa proposta de canhoto impresso faz parte de um movimento para tumultuar as eleições de 2022”, opina o deputado Vander Loubet (PT), atribuindo à ‘tese’ ao fato de a medida ser ‘tão defendida’ pela base do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para o parlamentar, a estratégia é para criar narrativa para contestação em caso de derrota. “Todas as pesquisas mostram o Lula com ampla vantagem. Vão alegar fraude, a mesma estratégia que o Trump adotou quando perdeu nos EUA”.

Acrescenta, ainda, que as eleições por meio das urnas eletrônicas são muito seguras, uma vez que trata-se de ‘tecnologia consolidada em nosso país’ e que já elegeu vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidentes dos mais variados partidos e ideologias’. “O próprio Bolsonaro e vários de seus apoiadores foram eleitos em 2018 dessa forma. Por acaso alguém questionou os resultados? Algum deles achou que houve fraude em seu favor?”.

Segundo a Câmara Federal, o relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) recomenda adoção de urna eletrônica que permita a impressão do registro do voto, que depois será depositado em urna indevassável, sem contato manual do eleitor. No modelo proposto por ele, a apuração se dará após a votação, nas seções eleitorais, com o uso de equipamentos automatizados de contagem de votos, aptos à verificação visual.

A reportagem fez o mesmo questionamento para os deputados Beto Pereira (PSDB), Bia Cavassa (PSDB) e Luiz Ovando (PSL), que ainda não responderam – o espaço segue aberto para manifestação.