Brazilian Butt Lift – BBL: complicações da cirurgia para enxertar gordura no bumbum podem levar à morte

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Embolia é um dos ricos da BBL — Foto: Foto de Deon Black/Pexels

Embolia é um dos ricos da BBL — Foto: Foto de Deon Black/Pexels

Conhecida como BBL (Brazilian Butt Lift), a cirurgia para enxertar gordura nas nádegas ficou famosa em outros países. Apesar do nome (pejorativo na visão de alguns especialistas), essa cirurgia não é tão famosa por aqui.

Ela não é muito procurada pela brasileira por causa do biotipo. A mulher brasileira procura outras cirurgias e não tanto a região dos glúteos”, explica Alexandre Mendonça Munhoz, cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês.

Mas o que é BBL?

Chamada de Brazilian Butt Lift, a cirurgia consiste em enxertar gordura de outras partes do corpo no bumbum. No entanto, essa cirurgia traz riscos e pode levar à morte.

No enxerto de gordura no bumbum, o cirurgião coleta a gordura por meio de uma lipoaspiração na paciente. Essa gordura passa por um tratamento e é preparada. Após esta etapa, a gordura e as células-tronco são injetadas no bumbum.

Quando uma cirurgia plástica é recomendada?

Quando uma cirurgia plástica é recomendada?

Quais os riscos?

Em 2018, um grupo de associações americanas de cirurgiões plásticos divulgou um alerta sobre os riscos do BBL. Segundo os médicos, é a cirurgia estética mais perigosa de todas. A embolia é a principal causa de morte decorrente da intervenção.

“A região tem muitos vasos sanguíneos. Se aplicar no lugar errado, essa gordura pode passar para dentro dos vasos. A pessoa tem uma embolia gordurosa e pode morrer sufocada. Na minha visão, essa cirurgia tem um risco alto”, alerta o cirurgião plástico Volney Pitombo, membro da SBCP.

Alexandre Munhoz explica que o enxerto pode ser feito em duas camadas: dentro ou acima do músculo. Segundo ele, um profissional bem formado e com boa técnica não realiza esse enxerto de gordura dentro do músculo.

“Hoje sabe-se que, se aplicado dentro do músculo, existe o risco potencial de a gordura atingir algumas veias e a gordura migrar para o pulmão, causando a embolia, que gera casos graves de insuficiência respiratória e até morte. Um bom profissional vai realizar esse enxerto de gordura fora do músculo, na região onde já tem gordura, onde tem poucos vasos e a chance de embolia é praticamente zero“, explica.

Os especialistas ressaltam que existem no Brasil bons profissionais que realizam esse tipo de procedimento estético.

“Fazendo de maneira adequada, com o profissional experiente, respeitando os limites de qualquer procedimento cirúrgico, ela é segura. Precisamos lembrar que é uma cirurgia, precisa ser feita em ambiente com todos os requisitos hospitalares”, diz o cirurgião plástico do Hospital Sírio-Libanês.

No entanto, com a popularização da cirurgia (principalmente lá fora), o padrão de qualidade da técnica começa a cair.

“Com essa popularização, expandiram os limites de segurança da cirurgia e profissionais não habilitados a executar o procedimento começaram a colocar mais volume de gordura. Você junta esses fatores e o padrão de qualidade da técnica começa a cair. Começa então a ter um número maior de complicações. Foi o que aconteceu nos últimos 10 anos”, ressalta Munhoz.

BBL: nome faz referência ao corpo da mulher brasileira — Foto:  happyveganfit/pixabay

BBL: nome faz referência ao corpo da mulher brasileira — Foto: happyveganfit/pixabay

Por que o nome BBL?

O nome faz referência ao corpo da mulher brasileira. “É chamado de ‘levantamento de bumbum brasileiro’, não porque foi necessariamente inventado no Brasil, mas você pensa em mulheres brasileiras com bundas empinadas e maiores”, explicou Michael Salzhauer, mais popularmente conhecido como Dr. Miami, ao jornal The New York Times.

“Tinham uma imagem distorcida da beleza brasileira: uma mulher com pouco volume mamário e com a região glútea um pouco maior. Isso se popularizou, principalmente nos Estados Unidos. Não é que a cirurgia será feita com técnica brasileira, mas o objetivo é procurar um perfil que se encaixe na beleza da mulher brasileira. Esse era o padrão de beleza feminina brasileira vendido e divulgado“, completa Munhoz.

Em 2018, a SBCP se posicionou contra a nomenclatura, “por perigosa banalização de uma cirurgia complexa”.

Na nota, a sociedade ressaltou que entendia a ligação do procedimento com o Brasil, “já que a mulher brasileira tem a estética mundialmente conhecida pelas suas curvas”. No entanto, era necessário “ter o cuidado de não fazer uma alusão alegórica a um procedimento cirúrgico complexo”.