Com gol de Vini Jr., Real Madrid bate o Liverpool e fatura pela 14ª vez o título da Champions League

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Vinicius Junior tinha apenas dois anos de idade e engatinhava em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, quando o Brasil era superado pela França em casa, na final da Copa de 1998. Vinte e quatro anos depois, com Ronaldo e Zidane, protagonistas daquele duelo, na plateia, o atacante brasileiro foi o personagem, no mesmo Stade de France, do título do Real Madrid sobre o Liverpool na Liga dos Campeões, neste sábado, em Paris.

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Aos 21 anos, o atacante revelado pelo Flamengo se consolida como o jogador brasileiro mais importante na Europa, a seis meses da Copa do Mundo do Catar, da qual será uma das esperanças. O gol marcado no começo do segundo tempo coroou a estratégia do italiano Carlo Ancelotti, que apostou em uma equipe mais reativa, vertical, e eficiente, que soube resistir ao maior domínio adversário. E ninguém representa mais essa postura que o goleiro belga Courtois, 30 anos, responsável por bloquear as investidas de Salah e Mané de forma decisiva durante os 90 minutos.

O clube espanhol reafirmou a fama de pedra no sapato dos ingleses, que já haviam batido na trave no confronto decisivo de 2018, e alcançou a sua décima quarta conquista no torneio, o maior campeão da história. Tanto Vini quanto Courtois, campeões pela primeira vez. Ao Liverpool, não bastou ser melhor para conseguir sua revanche, faltou decidir um jogo de tal porte. Marcado também por atraso de mais de trinta minutos para a bola rolar, devido a invasão do estádio e truculência de policiais com torcedores com ingressos.

Intensidade e resistência

O domínio do Liverpool na etapa inicial se provava nos números de posse de bola e finalizações, mas a sensação de vitória esteve mais próxima do Real Madrid ainda no primeiro tempo. Mesmo sem chutes a gol computados, o gol em impedimento marcado por Benzema indicou que a estratégia de esperar o adversário e ser efetivo em um jogo de contra-ataque bastante vertical podia dar certo. Era um jogo de ataque contra defesa, de intensidade contra resistência.

A lógica previa que as 10 finalizações do time inglês e seu maior controle das ações uma hora levariam à vantagem. A primeira oportunidade logo cedo obrigou Courtois a boa defesa, com direito a bola na trave. E haveria mais outras chances empilhadas a partir de um meio-campo criativo, com apoio de laterais e zagueiros construtores. Era necessário furar uma parede que antes do goleiro ainda tinha uma linha de quatro bastante consistente, com Casemiro à frente.

Se Mané foi parado nas melhores chances que teve, Benzema tentou aproveitar suas raras oportunidades. A estratégia do Real Madrid era espetar seus pontas, sobretudo Vini Jr, para aproveitar bolas longas e servir o centroavante. Só que após 10 minutos de jogo, o cenário já era de total protagonismo por parte do Liverpool, que tinha recuperação rápida da posse. O Real Madrid se defendia mal na segunda linha e tentava jogar por uma bola.

O Liverpool impunha seu jogo de troca de passes curtos e progressão ao ataque até o arremate, normalmente de dentro da área. Sem a bola, pressionava a saída de bola e se reorganizava muito rápido. A jogada que redundou no chute de Mané foi exatamente assim. Courtois defendeu bem e a bola ainda beliscou a trave antes de o goleiro ficar com ela. O belga era o principal jogador do time espanhol até então, e fez outra boas intervenções que o consagrariam.

Mesmo recuado em seu 433, o Real tinha momentos de Casemiro em inferioridade no setor de meio-campo, e nos duelos diretos o Liverpool se dava bem, sufocando o adversário. A passividade da marcação do time espanhol, sobretudo dos homens de meio, levou a um sufoco. Modric recuava para tentar construir, mas era anulado, assim como Kroos. Não havia criação por dentro para gerar bons passes e finalizações.

Tanto que até os 25 minutos o Real não havia entrado na área do Liverpool. Vinicius Jr tentava ser insinuante. Mas foi vigiado de perto por Henderson na marcação dobrada com Arnold ou Konate. Em alguns momentos, os três saíam juntos para haver cobertura. Nas bolas longas, foram poucas chanes, só uma em que Vini não saiu livre na cara do goleiro por detalhes na interceptação. Com 30 minutos, eram sete arremates a zero para o Liverpool, que tinha quase 60% de posse de bola.

Só que o primeiro tempo ficou marcado pelo lance mais agudo de Benzema. Aos 42 minutos, o francês saiu livre após lançamento, driblou Robertson e falhou na finalização. Alison se atrapalhou, e a bola foi tocada para Benzema, que concluiu em impedimento, segundo o árbitro de vídeo.

Vini Jr aparece, e Modric também

Salah tentou dar o ar da graça no começo do segundo tempo, mas parou na defesa fechada do Real Madrid. E a já manjada jogada pelas pontas entre os atacantes de velocidade surpreendeu o Liverpool. Vini Jr apareceu nas costas da defesa para completar chute cruzado de Valverde, que entrou na área e teve espaço dado pelo zagueiro Virgil van Dijk, que não deu o combate pelo lado direito após subida de Henderson para marcar. Na jogada, Modric sustentou pressão do lateral e abriu um clarão no meio-campo antes do lançamento de Casemiro contra a defesa desprotegida.