Deputados estaduais de Mato Grosso do Sul aprovaram, na sessão desta terça-feira (5), o título de cidadão sul-mato-grossense para o ex-presidente Michel Temer. A proposta foi aprovada por 19 votos favoráveis e dois contrários, sendo estes da deputada Gleice Jane (PT) e do deputado Pedro Kemp (PT).
A proposta de resolução que concede o título é de autoria do deputado Márcio Fernandes (MDB), sob a justificativa que de Temer se dedicou ao projeto para a implantação da Rota Bioceânica.
A proposta gerou divergências dentro do próprio PT, pois Zeca foi favorável e recebeu críticas da esquerda, chegando a retirar sua pré-candidatura a prefeito de Campo Grande alegando não ter “mais idade para polêmicas”.
Durante a votação de hoje, Zeca afirmou que respeita o posicionamento dos colegas de partido, mas que é favorável a homenagem a Temer devido à ele ter dado início ao projeto da chamada Rota Bioceânica, sem relação com o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef (PT).
“Eu atribuo ao ex-presidente Temer uma decisão ousada, visionária, corajosa que nenhum outro presidente, pelo menos os três últimos que o antecederam tiveram, de pensar a Rota Bioceânica. Absolutamente convencido de que o ex-presidente Temer merece essa justa homenagem, eu voto sim”, sim.
Gleice Jane votou contra justificando que, além do impeachment de Dilma, Temer sancionou a reforma trabalhista, que, segundo ela, ambos trouxeram graves prejuízos.
“Nós estamos falando de uma pessoa que foi responsável pelo golpe de 2016 no Brasil, que trouxe prejuízos para a democracia, para o direito dos trabalhadores e trabalhadores, trouxe grandes prejuízos para a educação, para a saúde, nesse sentido, considerando que tivemos depois muitas dificuldades e ainda temos enfrentado dificuldades que se iniciam nesse processo do golpe, eu voto não”, declarou.
Pedro Kemp também endossou o posicionamento da deputada e criticou também, sem citar nomes, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu jamais poderia concordar com uma homenagem a uma pessoa que causou muito mal ao nosso País ao fazer parte de uma articulação política que resultou no impeachment da presidente Dilma, que nós consideramos como golpe de estado, um golpe parlamentar que abriu inclusive as possibilidades para ascensão de um extremista de direita que logo em seguida venceu asa eleições e foi considerado o pior presidente da república”, comentou na tribuna.
“Em função inclusive das posições politicas dessa pessoa [Temer], que fez uma reforma trabalhista retirando direitos dos trabalhadores e em função da sua participação no golpe de 2016, eu voto não”, acrescentou.
Entre os deputados que votaram a favor e declararam o voto, Lia Nogueira (PSDB) disse que o vota favorável é em razão da Rota Biocênica, enquanto João Henrique (PL) fez um trocadilho com o nome do ex-presidente: “nada a Temer nesse projeto, voto sim”, disse.
Rafael Tavares (PRTB) afirmou que votaria diferente da esquerda. “Se o PT votou contra, eu voto a favor”, declarou.
Zé Teixeira (PSDB), ao contrário dos petistas, afirmou que a reforma trabalhista foi positiva aos empresários e trabalhadores e, por este motivo, Temer merece a homenagem.
“Eu vou votar exatamente a favor pela reforma trabalhista, porque ele facilitou a vida do trabalhador, dos empresários e aumentou a quantidade de emprego, porque o que embaraçava a nossa economia eram trabalhadores fazendo defesas absurdas. Se nós empresários dessemos uma ajuda para o empregado no fim do ano, contava como salário e proibia até o empresário de ajudar o empregado”, afirmou.
O projeto de resolução passou por votação única e segue para sanção.
Temer será homenageado dia 21 de setembro, junto com o ex-presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, o Marito e também o ex-ministro Carlos Marun. A solenidade vai ocorrer na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
