Terra da linguiça, do agro e celeiro de governadores agora é centenária

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Os dois últimos governadores de Mato Grosso do Sul vieram da mesma cidade: Maracaju. Mas o poder político não é a única marca do município que em 11 de junho completa 100 anos. É o centenário da terra do agronegócio, da terra fértil e claro, da Festa da Linguiça.

A curiosidade que surge em cada aniversário é a origem do nome. Maracaju vem do tupi-guarani e significa Papagaio Verde da Cabeça Amarela.

A história de Maracaju remonta aos primórdios da colonização do Mato Grosso do Sul. Originalmente habitada por indígenas guaranis, a região viu seu primeiro grande impulso de desenvolvimento com a chegada dos pioneiros desbravadores, que buscavam explorar as vastas terras férteis para a agricultura e pecuária.

A cidade foi oficialmente fundada em 1924, durante o ciclo do café, época em que a produção cafeeira era uma das principais atividades econômicas da região.

Reinaldo Azambuja (PSDB), ex-governador e seu sucessor, Eduardo Riedel (PSDB)

(FOTO – ARQUIVO)

Reinaldo Azambuja (PSDB), ex-governador e seu sucessor, Eduardo Riedel (PSDB) (Foto: Arquivo)

Dados econômicos recentes mostram a importância de Maracaju para o estado e para o país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do município cresceu a uma taxa média de  de 263,5% e a taxa apresentada dos últimos cinco anos foi de 75%. na última década, refletindo o dinamismo local.

Maracaju, localizada em uma região geograficamente estratégica de Mato Grosso do Sul, possui um significativo potencial agrícola devido às suas condições climáticas favoráveis, solos férteis e infraestrutura adequada. A cidade é reconhecida como um dos principais polos agrícolas do estado e destaca-se especialmente na produção de grãos e pecuária.

Máquina colhe soja em propriedade agrícola – Maracaju desponta como maior produtor do grão no Estado (FOTO – ARQUIVO)

Máquina colhe soja em propriedade agrícola de MS; Maracaju desponta como maior produtor do grão no Estado. (Foto: Arquivo/Governo MS)

Maracaju é conhecida por sua produção de soja e milho. As terras férteis e o clima propício favorecem o cultivo dessas culturas, que são fundamentais para a economia local. A soja é uma das principais commodities agrícolas do Brasil e Maracaju contribui significativamente para a sua produção, aproveitando a alta demanda tanto no mercado interno quanto externo.

O milho também desempenha um papel importante na agricultura da região, sendo utilizado tanto para alimentação humana quanto animal e agora vai virar biocombustível, com a instalação de indústria no município.

Na pecuária, o município possui extensas áreas de pastagem, ideais para a criação de gado de corte, Também conta  a adoção de tecnologias modernas e práticas agrícolas sustentáveis também tem impulsionado o potencial agrícola de Maracaju.

FESTA DA LINGUIÇA

Linquiça de Maracaju sendo assada durante Festa da Linquiça (FOTO – DIVULGAÇÃO) 

Linquiça de Maracaju sendo assada durante Festa da Linquiça (Foto: Divulgação)

Mas nada lembra mais a cidade agora centenária que a famosa Festa da Linguiça, que entrou para o calendário estadual.

Realizada anualmente, é um dos eventos mais aguardados em Mato Grosso do Sul. Virou até marca de sabor. Hoje a “Linguiça de Maracaju” é uma especialidade com fãs de carteirinha, pela carne mais robusta e o tempero exclusivo.

Criada em 1994, a Festa da Linguiça de Maracaju nasceu de um projeto do Rotary Club que buscava divulgar e valorizar a iguaria, já muito famosa na cidade. Com o passar dos anos, a dimensão do evento ultrapassou os limites maracajuenses , e começou a atrais turistas de várias  partes do país e fora dele.

Em 1997, a celebração foi marcada para sempre quando entrou para edição anual do livro do Guinness Book, edição que apresentou ao mundo a maior linguiça do mundo feita de uma tripa única do boi, de 31 metros.

Linguicito, mascote de Maracaju que faz analogia à linguiça de Maracaju (FOTO – DIVULGAÇÃO)

"Liquicito", mascote de Maracju que faz analogia à linguiça de Maracaju (Foto: Divulgação)

No ano de 2016, uma nova conquista: o selo de Indicação Geográfica (IG) emitido pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), garantiu a iguaria, proteção contra falsificações de origem e produção.

A parte gastronômica foi unida a outros atrativos como shows nacionais, exposição de veículos, máquinas e implementos, parque de diversões, artesanato.

A linguiça é preparada somente com carnes de primeira e temperada com ingredientes tradicionais misturados a itens curiosos, como o suco de “laranja-azeda”, por exemplo, o que muda o sabor da linguiça.

SHOWTEC

Vista aérea dos expositores da Showetec (FOTO – Divulgação)

Vista aérea dos expositores da Showetec (Foto: Divulgação)

Como prova da proeminência no setor agropecuário, a cidade promove a Shoewtewc, considerado um dos maiores eventos do agronegócio de Mato Grosso do Sul.

Para se ter uma ideia, a 27ª edição do Showtec, neste ano reuniu 160 expositores, apresentando novas tecnologias, palestras técnicas, serviços e maquinários.

HISTÓRIA 

A região como um todo de Maracaju foi ocupada por Jesuítas espanhóis que tiveram suas comunidades desmanteladas por bandeirantes paulistas, iniciada por Antônio Raposo Tavares. No primeiro lustro do século XVII, a região voltou a ser ocupada por Gabriel Francisco Lopes e seus irmãos Joaquim e José que, posteriormente recebeu a alcunha de Guia Lopes, oriundos da província de Minas Gerais.

Logo depois Gabriel trouxe seu sogro Antônio Gonçalves Barbosa que veio acompanhado de seu irmão Inocêncio Barbosa e respectivas famílias. Novas levas de mineiros chegaram à região e, em 1860, fundaram dois núcleos: Água Fria e Santa Gertrudes. A invasão paraguaia durante a Guerra do Paraguai, quando a maioria de seus moradores retornaram para Minas Gerais.

Rua 11 de junho na década de 30 (FOTO – Divulgação/Prefeitura de Maracaju) 

Rua 11 de junho na década de 30 (Foto: Divulgação/Prefeitura de Maracaju)

Em 1922, João Pedro Fernandes, radicado no local denominado São Bento, hoje Sidrolândia, transferiu sua farmácia para Santa Rosa, Município de Nioaque e à margem direita do Rio Brilhante.

Em 1923, em consequência de um surto de malaria e atendendo apelo dos moradores, transferiu seu estabelecimento comercial para a região onde hoje é Maracaju. João Pedro instalou uma escola e, com o apoio dos moradores, organizou a “Sociedade Incentivadora da Instrução de Maracaju”, instalado a 25 de dezembro de 1923.

O desenvolvimento do novo povoado levou o Governo do Estado a criar o Distrito de Maracaju, pela Resolução 912, de 8 de setembro 1924. O aniversário da cidade, contudo, é comemorado hoje, pois nessa data, no mesmo ano de 1924, que foi inaugurada a primeira escola da região, marco da fundação de Maracaju.

Em outras palavras, embora a elevação de Maracaju à condição de município tenha ocorrido em 7 de julho de 1928, o município comemora a fundação e não a emancipação.

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