Venezuela fecha fronteira com o Brasil

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A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada na noite desta quinta-feira (21) por ordem de Nicolás Maduro. O bloqueio entre os dois países foi às 21h de Brasília e ocorre do lado venezuelano.

Grupos de venezuelanos que cruzaram a fronteira antes das 20h (horário local, 21h em Brasília) foram informados pela Guarda Venezuelana de que não poderiam retornar após o horário definido por Maduro.

Até às 21h29 o fluxo ainda era liberado para pedestres, no entanto, a passagem de veículos era proibida. Guardas venezuelanos colocaram cones no meio da pista a poucos metros do primeiro ponto de fiscalização no país.

O presidente venezuelano determinou o fechamento para tentar barrar a ajuda humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos, incluindo o Brasil, após pedido do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda como uma interferência externa na política do país.

Durante a tarde, após o anúncio do fechamento, venezuelanos correram para Pacaraima, cidade brasileira na fronteira, para comprar estoques de mantimentos. Um comerciante da região relatou aumento de 30% no movimento em relação a “dias comuns”.

Tráfego de veículos era intenso horas antes do fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil — Foto: Alan Chaves/G1 RRTráfego de veículos era intenso horas antes do fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil — Foto: Alan Chaves/G1 RR

Tráfego de veículos era intenso horas antes do fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil — Foto: Alan Chaves/G1 RR

No anúncio, feito de Caracas, o líder chavista afirmou que a passagem entre os países ficaria “fechada total e absolutamente até novo aviso”.

Do fim da tarde até o início da noite, por volta das 19h (20h de Brasília), houve uma intensa movimentação de carros carregados com compras saindo de Pacaraima a Santa Elena. Uma fila chegou a se formar próximo à área de fiscalização venezuelana.

O fechamento ocorre onde seria um dos pontos de coleta dos carregamentos de comida, remédio e itens de higiene básica enviados à população venezuelana. O porta-voz do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Otávio Rêgo Barros, disse que a ajuda humanitária está mantida.

Fronteira entre Brasil e Venezuela — Foto: Rodrigo Sanches/G1Fronteira entre Brasil e Venezuela — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Fronteira entre Brasil e Venezuela — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Mais cedo, o governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), disse em Brasília acreditar que, embora crie um “clima tenso” na região, a decisão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro de fechar a fronteira com o Brasil não impedirá a entrega de alimentos e medicamentos aos cidadãos do país vizinho.

O chavista também estuda o fechamento da fronteira venezuelana com a Colômbia. Guaidó iniciou nesta quinta uma viagem em comboio de 800 km à fronteira da Colômbia, onde vai pressionar pela entrada de ajuda humanitária.

Esta é a segunda vez que a Venezuela fecha sua fronteira com o Brasil em menos de um ano. Em maio de 2018, venezuelanos e brasileiros foram impedidos de cruzar os limites entre os países durante três dias por causa da eleição presidencial na qual Maduro foi reeleito.

Venezuelanos fazem fila para comprar mantimentos em comércio na fronteira do Brasil após anúncio de fechamento da fronteira — Foto: Alan Chaves/G1 RRVenezuelanos fazem fila para comprar mantimentos em comércio na fronteira do Brasil após anúncio de fechamento da fronteira — Foto: Alan Chaves/G1 RR

Venezuelanos fazem fila para comprar mantimentos em comércio na fronteira do Brasil após anúncio de fechamento da fronteira — Foto: Alan Chaves/G1 RR

Tanques em cidade fronteiriça

Um dia antes do anúncio de Maduro de fechar a fronteira com o Brasil, o exército venezuelano movimentou tanques na cidade de Santa Elena de Uairén, a 15 Km da divisa com Brasil, na tarde de quarta-feira (20).

A movimentação foi registrada por moradores e divulgada em redes sociais. Ela ocorreu um dia após governo brasileiro anunciar que, em cooperação com os Estados Unidos, vai ofertar ajuda humanitária ao país a partir de sábado (23).

Ricardo Delgado, ex-prefeito de Santa Elena e integrante da oposição ao governo Maduro, disse em entrevista ao G1 que os cinco tanques já estavam na cidade há anos, mas foram movimentados numa “tentativa de intimidar a população frente à ajuda humanitária”.

Ele disse que no sábado, 300 voluntários venezuelanos devem ajudar a levar a ajuda anunciada pelo Brasil. O material, segundo ele, deve ser transportado em três caminhões venezuelanos.

Tanques do exército foram transportados em caminhões  — Foto: Reprodução/Twitter/@americodegraziaTanques do exército foram transportados em caminhões  — Foto: Reprodução/Twitter/@americodegrazia

Tanques do exército foram transportados em caminhões — Foto: Reprodução/Twitter/@americodegraz