PM preso suspeito de ser dono de 27 toneladas de droga ainda recebe salário em MS

0

O policial militar Silvio Cezar Molina Azevedo, preso pela Polícia Federal desde junho de 2018 por suspeitas de chefiar uma quadrilha de narcotráfico, ainda recebe o salário pela PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul). A defesa do policial pediu judicialmente o desbloqueio dos proventos à Justiça Federal, mas em despacho publicado nesta terça-feira (23), o juiz Bruno Cézar da Cunha Teixeira afirma que o PM continua a receber o salário, “indicando que os proventos salariais do réu estão totalmente disponíveis e, inclusive, estão frequentemente sendo utilizados”.

A defesa alega que Molina tem uma filha menor de idade e que precisaria do salário para prover o sustento familiar. Porém, na decisão, o juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande explica aos advogados que não há nenhum valor bloqueado por ordem judicial nas contas bancárias do policial, nem impedimento de movimentação salarial.

A Justiça tentou bloquear a conta corrente, mas encontrou apenas R$ 1.108,06, que foram desbloqueados cerca de quatro dias depois da sua realização, em junho do ano passado. “Ademais, os extratos bancários demonstram a realização de vários saques de valores, pagamento de compras, transferências e outros tipos de movimentações, indicando que os proventos salariais do réu estão totalmente disponíveis”, consta na ação.

A quadrilha de Molina é suspeita, segundo os autos da Polícia Federal, de ser a dona de 27 toneladas de maconha, ao todo, apreendida em cinco ocasiões diferentes.

Salário de Molina durante 2019, segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado de MS

Operação Laços de Família

Molina foi preso na Operação Laços de Família, com ações na Justiça que tem até 22 réus e apontam um patrimônio familiar de R$ 19,5 milhões movimentados em poucos anos, incompatíveis com a renda do policial, de pouco mais de R$ 10 mil bruto.

O subtenente ostentava bens como uma Ferrari por Mundo Novo, interior de Mato Grosso do Sul. Dentre os réus estão o filho de Molina, Jefferson Piozevan Azevedo, assassinado durante as investigações e Douglas Bodinho, genro de Molina, apontados como os chefes da quadrilha.

Também figuram no grupo denunciado a esposa, Rosiléia, a filha, Jéssica, a nora Lizandra e Jefferson Bodão, cunhado de Jéssica, além de agentes operacionais e logísticos, como Jairo Rockembach Chicão, Maicon Henrique, Bonyeques Piovezan e Cláudio Cesar, além de ‘correrias’, que prestavam serviços financeiros, de segurança, negociação de veículos e integração do capital a atividades econômicas lícitas.

A operação foi deflagrada em junho do ano passado e aponta ligações da família com o PCC. Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu R$ 317.498,16 em espécie, joias avaliadas em R$ 81.334,25, duas pistolas, 27 toneladas de maconha, duas caminhonetes e 11 veículos de transporte de carga. As ordens judiciais foram cumpridas em MS, Paraná, São Paulo, Goiás e Rio Grande do Norte.