Rio Paraguai alcança maior nível em 4 anos e favorece transporte de minérios e grãos

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Embora o pico da cheia esteja previsto para ocorrer em cerca de 60 dias, o Rio Paraguai atingiu nesta semana o nível mais alto dos últimos quatro anos na régua de Ladário, que serve de parâmetro para os pesquisadores que monitoram o principal rio do Pantanal e para as empresas que utilizam o rio para transporte de minérios e grãos.

Nesta sexta-feira (14), conforme informações divulgadas diariamente pela Marinha do Brasil, o nível chegou em 2,87 metros em Ladário, sendo que o máximo dos últimos quatro anos, 2,64 metros, havia sido registrado no dia 30 de junho do ano passado. No ano anterior, o pico nem mesmo atingiu os dois metros. O máximo ficou em 1,88 metro, no dia 12 de abril de 2021. E, em 2020, o nível máximo chegou a 2,10 metros, no dia 8 de junho daquele ano.

Desde o começo do mês, o nível subiu 40 centímetros na régua de Ladário, o que representa quase três centímetros por dia. Se mantiver este ritmo, é possível que nos próximos dois meses alcance o máximo de 2019, quando chegou a 3,92 metros.

Porém, a possibilidade de ocorrer cheia semelhante à de 2018, quando o máximo foi de 5,35 metros e alagou toda região pantaneira, está descartada. Naquele ano, no dia 14 de abril, o nível já estava em 4,67 metros. Dois meses depois alcançou 5,35 metros.

E, além de ser salutar para o turismo e o meio ambiente pantaneiro, a cheia do Rio Paraguai é fundamental para a economia de Mato Grosso do Sul. Quando o nível fica alto, o transporte de minérios ocorre o ano inteiro. Porém, normalmente é suspenso do final de novembro a fevereiro, em torno de três meses..

Nos últimos três anos, contudo, o transporte de minérios ficou praticamente suspenso do final de agosto a março, de seis a sete meses. Quando a navegabilidade está boa, a partir de 1,5 metro na régua de Ladário, são escoadas cerca de 200 mil toneladas de minério por mês a partir de Corumbá.

Porém, com as estiagens dos últimos três anos, praticamente todo este minério passou a ser despachado por caminhões. Isso significa um aumento de cerca de quatro mil veículos bi-trem a mais nas rodovias do Estado, principalmente na BR-262 entre Corumbá e Campo Grande. Em 2018, ano de grande cheia, a navegação não precisou ser suspensa nem mesmo em novembro e dezembro.

PORTO DE MURTINHO

Mas não é somente o transporte de minérios que é beneficiado pela cheia do Rio Paraguai. As empresas que operam no embarque e desembarque de grãos e açúcar em Porto Murtinho esperam que com o alto nível do rio consigam bater recorde neste ano, despachando até 700 mil toneladas neste ano.

No ano passado, foram apenas 300 mil toneladas, sendo que os terminais tem capacidade para movimentar até dois milhões de toneladas por ano. Somente nos dois primeiros meses 2023 foram embarcadas 123 mil toneladas, principalmente de soja. E isso foi possível graças às fortes chuvas no fim do ano passado e começo de 2023

Na régua de Porto Murtinho, o Rio Paraguai chegou a 5,94 metros no dia 8 de março, chegando a invadir dezenas de residências na Ilha Margarida, no lado paraguaio, próximo a Porto Murtinho. Isso representa cerca de 2,5 metros acima do pico dos três anos anteriores.