A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina de milhares de brasileiros no último mês com o isolamento social adotado para evitar a disseminação da doença. Com a maioria das pessoas em casa, muitas empresas foram afetadas a ponto de precisarem até demitir seus colaboradores, além dos comerciantes e empresários que tiveram que fechar suas portas. Com isso, a renda de muitos brasileiros foi prejudicada e há quem esteja sem condições de pagar os valores da pensão alimentícia. A advogada especialista em Direito Humanizado nas áreas de Família e Sucessões, Debora Ghelman, diz que a crise econômica gerada pelo novo coronavírus significa diminuição de vendas no comércio, perda em investimentos financeiros e o aumento do desemprego e explica que não serão raros os pedidos de revisão de pensão alimentícia. “Importante esclarecer que a pensão alimentícia é arbitrada pelo juiz levando em consideração a possibilidade de quem paga e a necessidade de quem precisa dos alimentos. Trata-se do conhecido binômio necessidade/possibilidade. E o valor da pensão só poderá ser aumentado ou reduzido caso haja alguma alteração na renda do devedor ou credor dos alimentos. Então, comprovada a redução na capacidade econômica do devedor, é bastante plausível que haja um pedido judicial de revisão dos alimentos” diz a especialista. A advogada ainda esclarece que apenas alegar que a renda foi afetada pela pandemia não é o suficiente para que seja arbitrada uma redução no pagamento, é preciso provar que houve uma diminuição na renda do devedor e que ela não é suficiente para arcar com o pagamento integral da pensão. “Além disso, considerando-se que as contas para a manutenção da vida continuarão sendo cobradas e que, caso a criança seja contaminada com o vírus, os valores podem aumentar muito, é preciso ter muita cautela nos pedidos de revisão de alimentos que, com certeza, figurarão nas varas de família” explica. Caso o valor realmente seja reduzido, é importante se atentar se a mudança é temporária ou se perdurará no tempo. “Se o pagador for um comerciante que teve seu negócio fechado por alguns meses, mas quando retornou conseguiu recuperar totalmente sua renda, o valor da pensão deve voltar a ser o mesmo de antes da pandemia, e até mesmo pode acontecer uma compensação pelos valores diminuídos anteriormente”, exemplifica Debora. Devido à pandemia, no dia 25 de março, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) estendeu a todos os presos por dívida alimentícia os efeitos de uma decisão liminar que garante a prisão domiciliar. No começo de abril, o Senado aprovou projeto de lei que, entre outros pontos para a contenção do vírus, estabelece o regime domiciliar para os casos de atraso em pensão. “Diversos arranjos podem ser feitos nessa situação totalmente inédita que vivemos, mas é preciso lembrar que a prioridade é que as despesas dos filhos sejam devidamente pagas. A pensão alimentícia é uma obrigação vinculada à sobrevivência daquele que os necessita, abrangendo tudo quanto o filho precisa para a sua sobrevivência e manutenção como ser social”, finaliza Debora.

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O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira, disse há pouco que a agropecuária será o único setor que sairá da crise do coronavírus com mais oportunidade do que entrou na pandemia.

“O mundo vai continuar demandando alimentos”, disse, acrescentando que o mundo está preocupado com a segurança alimentar e que o agro será imprescindível nesta política neste processo.

O deputado também falou aos produtores de álcool sobre a importância do combustível para a movimentação da economia depois de passada a pandemia do coronavírus. Moreira entende que o etanol vai ganhar importância na matriz energética na medida em que os combustíveis fósseis tendem a perder importância. Mas para isso, de acordo o presidente da FPA, o governo deveria criar uma colchão de proteção ao setor.

Para Moreira, o etanol foi uma opção política do Brasil, mas que falta uma contrapartida aos produtores. Ele sugeriu aos produtores que invistam em tanques para armazenar etanol para vender depois de passada a pandemia do coronavírus e retomada da economia. “Minha sugestão é para que os produtores de etanol invistam em tancagem”, disse o deputado Alceu Moreira.

Pacto nacional

Para o deputado, a saída da crise não é apenas para o setor da agropecuária, mas para toda a economia. Tanto que, disse ele, no projeto consta medidas para a conectividade, já que o País sairá mais digital desta crise do coronavírus.

Ele disse também que outro ponto do projeto é a reforma tributária que, na avaliação dele, só vai dar certo se for acompanhada da reforma administrativa, com a redução do tamanho do Estado. Moreira participa neste momento de uma transmissão ao vivo organizada pelo Agrosaber.

De acordo com o deputado, o Brasil precisa se preparar para o pós-pandemia, para a retomada da economia. Para isso, de acordo com o presidente da FPA, alguma mediadas terão se ser adotadas. “Precisaremos sublimar feriados depois da crise para recuperarmos o tempo perdido”, disse o deputado.

China

O deputado também comentou que as polêmicas recentes com a China não são inteligentes e que elas podem, sim, provocar danos à relação do Brasil com a China.

Ele teceu os comentários sem citar os nomes do deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que recentemente fizeram declarações polêmicas sobre a China e o povo chinês, que receberam respostas duras da Embaixada da China no País.

“Quando a quantidade de ignorantes é grande, as pessoas falam com convicção que os interesses entre os dois países são tão grandes que as críticas à China se tornam pequenas”, disse o deputado presidente da FPA.

Para Moreira, as pessoas têm o direito à liberdade de expressão, de falarem o que querem e que o embaixador da China, Yang Wanming responde como achar melhor. No entanto, de acordo com deputado, estas polêmicas são prejudicais. “Não é inteligente”, disse Moreira.

“Quero dizer que isso não é inteligente. A bobagem não tem o tamanho do sobrenome de quem a produz. Continua sendo bobagem”, criticou o deputado.