Ala do antigo DEM no União Brasil tentará impugnar filiação de Moro

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Integrantes da Comissão Instituidora do União Brasil vão apresentar à Executiva Nacional do partido um pedido de impugnação da filiação do ex-juiz Sergio Moro à legenda. O grupo é o mesmo que divulgou nota na 5ª feira (31.mar) afirmando que o ex-ministro não poderia entrar no União Brasil como pré-candidato à Presidência da República.

 

Os oito membros que vão apresentar o pedido pertencem à ala Demista do partido — formado pela fusão do DEM com o PSL. São eles o ex-prefeito de Salvador e ex-presidente do Democratas ACM Neto, os deputados Efraim Filho (PB), Professora Dorinha (TO), o ex-governador José Agripino Maia, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o ex-ministro Mendonça Filho, o senador Davi Alcolumbre (AP) e o prefeito de Salvador, Bruno Reis.

Em nota divulgada no início da noite desta 6ª (1º.abr), assinada pelo deputado Alexandre Leite (SP), o União diz que a filiação de Moro “se deu com a concordância de um projeto pelo estado de São Paulo, isto é, deputado estadual, deputado federal ou, eventualmente, Senado”. “Em caso de insistência em um projeto nacional, o partido vai impuganar a ficha de filiação”, afirma.

O ex-ministro deixou o Podemos — partido pelo qual era pré-candidato ao Planalto — na 5ª.  A decisão veio três dias depois de ele se reunir com o presidente do União, deputado federal Luciano Bivar (PE) — ex-presidente do PSL. No mesmo dia da troca, Moro chegou a anunciar que abria mão, “nesse momento”, da pré-candidatura ao Palácio do Planalto. Nesta 6ª feira (1º.abr), contudo, o ex-ministro disse não ter desistido “de nada”.

Alerta

No documento divulgado na 5ª, a cúpula do União Brasil diz reconhecer a importância e respeitar a trajetória de Moro. Afirma ainda que o ex-juiz “pode contribuir muito para o debate político nacional”. Mas ressalva: “Deixamos claro que o seu eventual ingresso ao União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República”.

Ainda na nota, a direção do antigo DEM diz que “caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo, o ex-ministro será muito bem-vindo”. “Mas, neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido.”

Idas e vindas alteram formato da terceira via ao Planalto

Moro mudou de partido e retirou pré-candidatura; Doria também ameaçou desistir, mas voltou atrás

Moro foi convidado pelo União Brasil para Moro foi convidado pelo União Brasil para “construir uma candidatura em São Paulo”; tucanos Doria e Leite deixaram governos e podem disputar qualquer cargo | Reprodução

A chamada terceira via — grupo que tenta se apresentar como contraponto ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pela Presidência da República — teve um dia de intensas movimentações nesta 5ª feira (31.mar).

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Representante do grupo que melhor performava nas pesquisas de intenção de voto, o ex-ministro Sergio Moro trocou de partido, deixando o Podemos pelo União Brasil, e anunciou a desistência da disputa pelo Planalto.

“O Brasil precisa de uma alternativa que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização. Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido e, assim, facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única. A troca de legenda foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor”, afirmou Moro.

A decisão veio três dias depois de ele se reunir com o presidente do União, deputado federal Luciano Bivar (PE). A sigla foi a escolhida para filiação de integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) — apoiador de Moro — em substituição ao Podemos também. Na 2ª feira, após se reunir com Bivar, o ex-juiz disse pelo Twitter que ele e o parlamentar reforçaram a necessidade de terem “um único candidato do centro político democrático contra os extremos”.

Pouco antes de Moro formalizar a ida ao União Brasil, a Comissão Instituidora do partido divulgou nota em que afirma que o ex-ministro não poderia entrar na sigla na condição de pré-candidato à Presidência. No documento, a cúpula do União diz reconhecer a importância e respeitar a trajetória de Moro. Afirma ainda que o ex-juiz “pode contribuir muito para o debate político nacional”. Mas ressalva: “Deixamos claro que o seu eventual ingresso ao União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República”.

Ainda na nota — assinada, entre outros, pelo secretário-geral do União, ACM Neto, e por seis vice-presidentes da sigla –, a direção do partido diz que “caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo, o ex-ministro será muito bem-vindo”. “Mas, neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido.”

Tucanos

No PSDB, a movimentação começou no início da semana, com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciando que seguiria no partido, mas dizendo que as prévias — das quais ele saiu derrotado — “têm toda a condição de se confirmarem ou não a partir do momento político que vem pela frente”.

Na manhã desta 5ª feira, o governador de São Paulo, João Doria — vencedor das prévias –, ameaçou desistir da disputa pela Presidência e seguir no governo paulista. Para concorrer a um cargo diferente do atual nas eleições de outubro, ele precisaria deixar o Palácio dos Bandeirantes até o próximo sábado (2.abr).

Ao longo do dia, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, divulgou carta dando apoio a Doria e reafirmando a candidatura dele: “O governador tem a legenda para disputar a Presidência da República. E não há nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido”.

Doria, então, voltou atrás e decidiu manter a pré-candidatura ao Planalto. “Eu quero estar ao lado de vocês a partir do dia 2 [de abril] para mostrar que é possível ter uma nova alternativa para o Brasil, de integração do país, longe da ideologia, distante do populismo e condenando a corrupção e o maltrato do dinheiro público”, disse. Segundo o agora ex-governador, o vaivém foi um “movimento estratégico” planejado para conseguir o apoio explícito do partido.

Ao fim da 5ª feira, tanto Leite quanto Doria entregaram os cargos de governador — passando-os para os respectivos vices, Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) e Rodrigo Garcia (PSDB). Desse modo, os dois têm condições de disputarem a Presidência em outubro.

Ciro

Em meio a todas as movimentações do dia, outro potencial nome da terceira via, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) publicou nas redes sociais uma mensagem em que comenta, de forma oblíqua, as idas e vindas: “Muitos vão ceder, mas não serei eu”.