AMAMBAI Nhá Amambai. 71 anos de idade – Odil Puques

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Vista aérea de Amambai década de 70Vista aérea de Amambai década de 70

Nhá Amambai. 71 anos de idade, à sua benção. Viver acá é o que há. Aqui tudo tem, povo como nenhum outro, uns por aqui nasceram, outros já estavam, outros ainda, fugidios de guerras sulistas entre irmãos de sangue vieram. Estes são de vindas, de andanças, de paragens para abastecimento e mantença. E de misturança em misturança nasceu a feliz cidade com a alma guarani. Primeiro as minas verdes, em seguida os campos gerais dos muares e finalmente o plantar do alimento.

CarreteirosCarreteiros

Mais é de gente, muita gente que somos feitos. Do calibre de D. Tereza e do índio Alcindo, que já estavam por aqui quando chegaram os Cavalheiros da vida. Do Melé Lima, do Pe. Bonfilho, do Marco Pererá, do Juquinha Machado e do Seu Sidnei Vargas Batista. Amambai das Sangas, do Cerrinho, do Passinho, do Panduí, da bica do Pedro Couto, do poção do Abrão, do açudão do prefeito e da piscina do Vitencler.

Também somos feitos de costumes, carreiradas, bailes de campanha, das surpresas, das quermesses, da semana santa e do 08 de dezembro – o dia de La virgen e da sortija -. Nossa é a sopa, a chipa e a chipaguassu, o puchero, a murcilha, o locro e o mbaipy. Saudades do Genézio Lobisomem, do Alcides Panela, da Lidia Loca, do Schimidt, Joaquim Quim Quim e do Ramão Pucu.

Quem dos meninos hoje formados homens, não passou pela Rua do Pau de Sebo, pela Chacrinha, conhecendo a vida pelas mãos senhoras que não nos cabe declinar o nome por uma questão de respeito, que o diga o Galo-Fino, considerado o rei da zona. De gente que nascia pelas mãos de parteiras – verdadeiras doutoras da época – como D. Josefina. E o que dizer então das benzedeiras, Tia Sivica, Dona Amália e Dona Servina que tratavam de um tudo, de bicheira de gado, coalho-virado a quebranto também conhecido como mau-olhado.

Amambai evoluiu dos tempos do Patrimônio União. Do Seu Caxi, do Benigno Vasconcelos, do sapateiro Colixo, do fármaco José Luiz Sampaio Ferraz, das hoteleiras D. Vidalvina e D. Antonia, dos guerrilheiros, Orestes dos Santos, Valencio Teixeira, Rufino Puckes e tantos outros. Do ferreiro e fazedor de coroa de flores Hernandes Elpidio Ribas – também conhecido como Baboseira – das compras de mantimentos no armazém do seu Atílio Bataclin, das merendeiras D. Calica e D. Pequena. Do Colegial Felipe de Brum, Da Escola Batista Anna Wolerman e da Escola Paroquial Mãe Três Vezes Admirável.

Dos donos da noite, os seresteiros Nicanor Alves do Amaral, Santinho Rodrigues e Valter Caimar, dos Filhos do Sol – do grande Pequeno Machado, do brabo Delegado Jacinto, do policial Ervídio Ribeiro – dos capitães aldeados Mauricio Vasques e Adolfinho Nelson

Floriano PeixotoFloriano Peixoto

Dos fazendeirões da época seu Floriano Soares, Ary Nunes, Lourival Vargas, Aluizio de Souza e Thedorico Jurgelewicks – o apontador da erva mate – Dos abridores de caminho entre a Nhu-Verá de então e outras civilizações, seu Sebastião Espíndola, seu Tirí e o Edson de Souza.

Aluizio de SouzaAluizio de Souza

Teodorico JurgelewicksTeodorico Jurgelewicks

Dos casamenteiros Algacir Pissini, Lourino Albuquerque, Nery Vieira, Amilton Maciel. Amambai do reino da infância, das bolitas, do peão, das pandorgas, de pular amarelinha. Do bar do Mooma, da Scandinávia, do Bicho-papão, do Clube Caiuás, do Clube do Social, do Aquárius e do Barril. Amambai, do Quartel – do cabo Fischer, do sargento Arsenio e do Major Flores. Dos quatreros, terror de toda vizinhança Quaty, Pelego, Botinha e tantos outros.

Dos açougues que anunciavam a chegada de carne fresca, através do hasteamento de uma bandeira branca amarrada numa taquara na frente do estabelecimento – Seu Colixo, Caraí Lopes, seu Cristaldo, o João Osório e seu Beijo. Das beatas, as conselheiras e ajudantes dos padres – lavadeiras que eram dos seus calções

Dos padeiros Napoleão Fernandes, o Almada e seu João Nogueira – Amambai das carretas, dos ervais, dos laranjais, da guavira, da polca, do chamamé, do chupim, do piricão, da arara, do mate e do tereré, afinal quem bebeu a água do Panduí nunca mais esquece daqui.

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Usina PanduyUsina Panduy