Bioparque apaga passado de elefante branco em 2 anos e tudo pode mudar em junho

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Encalhado e em ruínas por mais de uma década, o Aquário do Pantanal, agora Bioparque, ganhou “vida” há exatos 2 anos, quando milhares de peixes e outras espécies de variadas faunas tomaram conta dos tanques cobertos por poeira e teias de aranha.

Antes considerado uma das obras emperradas mais emblemáticas de Mato Grosso do Sul, o complexo perdeu o título de “elefante branco” em 28 de março de 2022, quando abriu os portões após 11 anos de entraves com a estrutura inacabada nos altos da Avenida Afonso Pena em Campo Grande (MS).

Nesta quinta-feira (28), o principal ponto turístico da Capital faz o segundo aniversário de abertura e funcionamento e, embora tenha deixado para trás a fama de “elefante encalhado”, o local ainda possui questões importantes a serem sanadas. Como a cobrança de ingressos, já que, após esse tempo, o complexo segue com entrada gratuita para toda a população.

Entretanto, já há um estudo em andamento para viabilizar a concessão do maior aquário de água doce do mundo à iniciativa privada e tudo pode mudar a partir do mês de junho.

BNDES em visita ao Parque das Nações Indígenas para avaliar concessão - (Foto: Edemir Rodrigues) Bioparque
BNDES em visita ao Parque das Nações Indígenas para avaliar concessão – (Foto: Edemir Rodrigues)

Entenda como o Governo pretende que os ingressos ao Bioparque sejam cobrados

Em abril de 2023, há um ano, uma equipe do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) esteve em Campo Grande em visita técnica aos Parques das Nações Indígenas e Prosa, após o Governo do Estado inscrevê-los em um projeto de concessão à iniciativa privada.

O objetivo é conceder a administração dos serviços públicos de visitação, conservação, proteção e gestão de pacote dos dois parques para uma empresa privada, por meio do BNDES.

Desse modo, com o Bioparque integrado ao Parque das Nações Indígenas, o complexo de aquários também ficará a cargo da empresa que eventualmente arrematar a concessão. Para isso, o BNDES precisa aprovar os detalhes de um estudo encomendado pelo Governo, a fim de viabilizar a entrega da administração do local.

Visita do BNDES ocorreu em abril de 2023 ao Bioparque Pantanal - (Foto: Edemir Rodrigues)
Visita do BNDES ocorreu em abril de 2023 ao Bioparque Pantanal – (Foto: Edemir Rodrigues)

Ao Jornal Midiamax, o Governo do Estado confirma as intenções do projeto que ainda está em fase de estudos técnicos no BNDES. “Os estudos contratados avaliarão a viabilidade de uma parceria privada para o Parque das Nações Indígenas, incluindo o Bioparque Pantanal, e o Parque Estadual do Prosa. Todas as questões associadas a valor de ingresso do Bioparque e ativos incluídos no modelo de concessão dependerão do resultado dos estudos, os quais encontram-se em elaboração”, explica o Escritório Estadual de Parcerias Estratégicas à reportagem.

A informação atesta que, de fato, a empresa que arrematar a direção dos Parques, assumirá, por tabela, o comando e as cobranças de entrada ao maior aquário de água doce do mundo.

Entrada do Bioparque Pantanal lotada de visitantes - (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Entrada do Bioparque Pantanal lotada de visitantes – (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Tem prazo?

Após dois anos, o livre acesso ao Bioparque sem custo nenhum provoca algumas pulgas atrás das orelhas dos campo-grandenses: quem está pagando? Como o local está se mantendo? É por isso que, com o estudo pronto, as dúvidas começarão a ser sanadas.

Assim, o Escritório Estadual de Parcerias Estratégicas estima a conclusão do projeto de concessão do Parque das Nações Indígenas para junho de 2024, sendo esta a primeira etapa do processo de privatização. Só após a conclusão será possível avançar. Enquanto isso não acontecer, o Bioparque Pantanal deverá permanecer com entrada gratuita para todos os visitantes.

Circuito de aquários sempre cheio de visitantes - (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Circuito de aquários sempre cheio de visitantes – (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

2 anos do Bioparque Pantanal: o que mudou?

Esta semana, em celebração à data comemorativa de aniversário, o complexo organizou um evento científico com diversas palestras e exposições de trabalhos. A intenção, segundo a diretora-geral do Bioparque Pantanal, Maria Fernanda Balestieri, é justamente mostrar que o aquário não é apenas um local de contemplação, mas também de estudos e pesquisas.

Feliz, ela comemora as conquistas do empreendimento de fauna em dois anos. “Tivemos várias ampliações. Do início para agora, houve uma consolidação do empreendimento como espaço de conhecimento para todos, foram resultados extremamente positivos”, comenta em conversa com o Jornal Midiamax.

Maria Fernanda Balestieri, diretora-geral do Bioparque Pantanal - (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Maria Fernanda Balestieri, diretora-geral do Bioparque Pantanal – (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Balestieri ainda vibra com as inúmeras reproduções em apenas 24 meses e celebra a chegada de novos animais no plantel. “Inauguramos com 220 espécies e hoje contamos com mais de 380. O plantel era de 12 mil animais e atualmente temos aproximadamente 42 mil”, detalha.

O trabalho de reprodução de conservação também se destaca. “Já tivemos aqui no Bioparque mais de 2 mil filhotes e 500 casais formados, num trabalho muito rico de reprodução e de conservação”, afirma a diretora-geral.

Segundo ela, 129 países, todos os Estados do Brasil, mais de 65% dos municípios do país inteiro e todos as cidades de Mato Grosso do Sul já passaram pelo Bioparque Pantanal nos últimos 24 meses. Além disso, o local foi recomendado pela Revista Internacional Time e tem uma pontuação super positiva no Google, se destacando em comparação com vários outros aquários brasileiros.

Tanque dos jacarés sendo observado no Bioparque - (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Tanque dos jacarés sendo observado no Bioparque – (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O futuro do Bioparque Pantanal

Para Maria Fernanda, a entrada do Bioparque Pantanal para a lista de pontos turísticos de Mato Grosso do Sul provocou um impacto socioeconômico muito significativo, especialmente para Campo Grande.

“Porque Campo Grande muitas vezes era uma rota de passagem para outros lugares turísticos, como Bonito e o Pantanal. Mas hoje o viajante chega e tem o efeito permanência de pelo menos um dia na Capital para visitar o empreendimento”, avalia.

Túnel, onde fica o tanque neotrópico, é o queridinho para cliques - (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Túnel, onde fica o tanque neotrópico, é o queridinho para cliques – (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

E o interesse não se aplica apenas a quem vem de fora. Ao entrar no circuito de aquários, os sul-mato-grossenses esquecem na hora do passado assombroso, empoeirado e interminável do local. Os olhos logo brilham e o encantamento com as inúmeras espécies de peixes, répteis e outros animais toma conta de qualquer um, a ponto de apagar da memória a época do descaso e do dinheiro público jogado no lixo.

É por isso que, em apenas dois anos, o complexo se livrou da horrível fama de “elefante branco”, conseguiu fazer a população esquecer do histórico sombrio e focar na beleza da conservação das espécies.

Museu interativo é nova atração que tem encantado os visitantes no Bioparque Pantanal - (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)
Museu interativo é nova atração que tem encantado os visitantes no Bioparque Pantanal – (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Diante do saldo positivo, a diretora-geral Maria Fernanda faz suas projeções para o futuro do maior aquário de água doce do mundo. “Que ele continue sendo um lugar de encontro de pessoas, independente de suas características físicas, da sua condição socioeconômica, da sua raça, da sua cor. Que continue sendo esse empreendimento educativo, inclusivo e não deixe ninguém para trás”, finaliza ela.

Veja abaixo alguns dos animais do Bioparque Pantanal que prendem a atenção dos visitantes e que ajudaram a consolidar o ponto turístico em tão pouco tempo:

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