BR-163 perde status de “rodovia da morte”, mas acidentes voltam a crescer

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A BR-163 principal rodovia federal que corta Mato Grosso do Sul, de norte a sul, e era conhecida como a “rodovia da morte” vem conseguiu apagar essa realidade, porém, no último ano voltou a ter aumento de acidentes e mortes, estando próximo ao número de ocorrências da época que o trecho do Estado não era privatizado.

Segundo os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) o número de óbitos nas rodovias federais em 2023 decorrentes de acidentes foi de 184. Só na BR-163 este quantitativo foi de 64, ou seja, 34% das mortes que ocorreram em estradas federais no Estado, aconteceram nesta via.

Se comparado a dados anteriores a duplicação da BR-163, que é gerenciada pela CCR MSVia, entre janeiro e julho de 2014, o número de mortes também foi de 64, mostrando que em sete meses o número de vítimas de acidentes nesta rodovia já estava no mesmo patamar de mortes que ocorreram em todo o ano de 2023, o que explica o antigo apelido.

Apesar da clara diminuição de acidentes com mortes desde quando a CCR investiu na BR-163, com registros de 38 mortes em 2018 e 41 em 2019, que podem ser reflexos de investimentos da empresa em reparos na pista e duplicações em alguns trechos da rodovia, as mortes voltaram a aumentar desde o ano passado.

De acordo com os dados abertos da PRF, nos dois primeiros meses deste ano já foram registrados 38 acidentes, que resultaram em 29 pessoas feridas e 40 foram a óbitos. Ainda conforme a PRF, as rodovias federais mais perigosas do Estado seguem sendo a BR-163 e a BR-262.

“As BRs do Estado com maior número de acidentes no último ano são, respectivamente, BR-163 e BR-262, o que está diretamente relacionado ao maior fluxo de veículos nessas rodovias”, disse a corporação em nota.

Questionada sobre os principais motivos de acidentes nas rodovias do Estado, a PRF acredita que a desatenção dos motoristas durante a viagem são a principal causa.

“Grande parte dos acidentes nas rodovias tem como causa principal fatores relacionados ao comportamento dos condutores. Alguns exemplos são a ausência de reação ou reação tardia do condutor, que podem estar relacionadas a fatores como distrações, embriaguez ou até mesmo sonolência ao volante; outros exemplos são o excesso de velocidade e as ultrapassagens mal sucedidas”, analisou.

Outros dados da PRF mostram que enquanto as mortes tiveram um aumento, houve queda no número de acidentes na BR-163, o que indica que as colisões estão mais violentas. Em 2022 foram registrados 824 sinistros, já em 2023 foram 755 acidentes.

PRIVATIZAÇÃO DA BR-163

A CCR MSVia ganhou o leilão em 2014 para administrar os 845 km da BR-163, que liga Mundo Novo, na divisa com o Paraná, com o município de Sonora, na divisa com o Mato Grosso.

A promessa era de que a rodovia seria totalmente duplicada, mas a concessionária duplicou apenas cerca de 150 km, o suficiente para iniciar a cobrança de pedágio, nos três primeiros anos de contrato.

A partir de 2017, não ocorreu mais nenhuma obra de duplicação. O governo federal vem prorrogando o contrato com a CCR para a administração da BR-163, uma vez que a empresa havia se negado a permanecer com a licitação, em 2019.

Porém, um novo contrato está previsto, com o valor de R$ 12 bilhões de investimento na rodovia, que inicialmente deveria ter sido assinado no primeiro mês de 2024.

No entanto, um impasse do Tribunal de Contas da União (TCU) atrasou o processo e a nova previsão é de que ele seja assinado apenas no segundo semestre deste ano. O contrato prevê mais 190 km de duplicação.

ACIDENTE NA VIA

A última colisão fatal na BR-163 aconteceu na quarta-feira (10), no trecho entre Campo Grande e Anhanduí, envolvendo duas carretas, um caminhão pequeno e um Onix. Na batida seis pessoas morreram no local do acidente.

Em nota, a Polícia Civil disse que a principal suspeita é que o acidente tenha sido causado pela carreta que carregava porcos, ela teria invadido a pista contrária.

No acidente, segundo a polícia, foi constatado que não houveram sobreviventes. As vítimas fatais estavam em quatro veículos: duas em um Chevrolet Onix, duas em uma carreta que transportava porcos, uma em uma carreta que transportava milho e uma em um caminhão baú.

Uma das hipóteses apontadas pela Polícia Rodoviária Federal é de que uma das carretas envolvidas no acidente estaria acima do limite da velocidade.

Um levantamento feito pelo inspetor da PRF, Tércio Baggio, que  registrou nas rodoviais do Estado a velocidade do tacógrafo de 40 caminhões ao longo da pista, em um período de dois meses, (junho e julho de 2023) mostra que boa parte dos condutores destes veículos ultrapassam os limites de 90 a 110 km por hora nas vias, chegando a 147 km de picos de velocidade.

“Neste levantamento cheguei a registrar condutores que estavam em um dos pontos da viagem dele, a 147 km por hora, velocidade altíssima que praticamente impede o condutor de parar o veículo em qualquer situação de alerta na pista, ainda mais se o caminhão está com carga. Em meia o condutor nesta velocidade só consegue parar andando mais 200 a 300 metros do local onde ele freou”, declarou Baggio.

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