Carnaval 2023: Unidos de Padre Miguel, São Clemente e Estácio de Sá se destacam na primeira noite de desfiles da Série Ouro

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Teve chuva, calor, escola estreante no carnaval e alguns (poucos) momentos memoráveis a primeira noite de desfiles da Série Ouro, a segunda divisão do carnaval carioca, de onde sairá uma escola para o Grupo Especial em 2024. As favoritas Unidos de Padre Miguel, São Clemente e Estácio de Sá mantiveram seu status, sem que, no entanto, nenhuma das três tenha feito um desfile arrebatador.

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    Após o atraso de 26 minutos para começar, devido à espera por autorização do Corpo de Bombeiros para a realização dos desfiles, o Arranco — campeão da Série Prata, de volta à Sapucaí após 10 anos afastado — apresentou o enredo “Zé Espinguela, chão do meu terreiro”, em que homenageou o jornalista, arengueiro e pai de santo em cuja casa a escola foi fundada e que também foi responsável por criar a primeira disputa entre escolas de samba.

    Em desfile assinado pelo carnavalesco Antonio Gonzaga, o Arranco fez um desfile seguro, apesar de poucos recursos e das chuvas recentes terem atingido o barracão da escola. A escola do Engenho de Dentro também foi uma das que teve uma estrangeira — ambas filhas de brasileiras — à frente de sua bateria, a norte-americana Heather Anchieta, seguida pela tiktoker francesa Katarina Harmony no reinado da Lins Imperial.

    Com o enredo de 2023, “Madame Satã, resistir pra existir”, uma reedição de 1990, a escola homenageou João Francisco dos Santos, o Madame Satã, um carioca icônico da primeira metade do século XX. Nordestino, preto e homossexual, o “bicha malandro” fez da Lapa, no Centro do Rio, o seu mundo, na visão dos carnavalescos. No entanto, a agremiação deve se preocupar com punições, já que o seu segundo carro apresentou problemas e não participou do desfile.

    Já a Vigário geral, terceira a desfilar, conquistou o público com um enredo com temática infantil: “A fantástica fábrica da alegria”. Além de alas fazendo referência a desenhos animados e seriados, a comissão de frente se fantasiou de Willy Wonka e Oompa Lompas. A bateria, por sua vez, desfilou vestida de Chapolin Colorado.

    Em seguida foi a vez da campeã do Grupo Especial em 1992, a Estácio de Sá, que entrou na Avenida com um discurso forte do presidente Leziário Nascimento: “O leão ferido torna-se mais assustador”, disse. Porém, a ala de passistas desfilou com tops, shorts e calcinhas, já que as fatasias não chegaram a tempo. Com enredo “São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração”, a escola contou com a presença de uma Alcione, a Carvalho, porta-bandeira da agremiação há 15 anos e da influenciadora Thaynara OG, embaixadora da Estácio, que desfilou ao lado de outros influenciadores na última alegoria.

    Já a Unidos de Padre Miguel levou “Baião dos mouros”, para o Sambódromo, enredo sobre a influência árabe, moura e muçulmana no Nordeste. O luxo, presente nas fantasias, de certo modo até discrepantes para o restante das escolas, pode ser representado pela rainha Thalita Zampiroli, que vestiu peças banhadas a ouro e 800 mil cristais, ao custo final de R$ 260 mil. As referências ao mundo árabe tomaram conta do início do desfile, que encerrou com alusões ao Nordeste. Fim este que reservou emoção: um carro parou em frente ao setor 11, interferindo na saída do restante da escola. Mas a alegoria foi retirada a tempo e o portão foi fechado faltando 15 segundos para que se estourasse o tempo permitido.

    A penúltima escola a desfilar foi a Acadêmicos de Niterói. Estreante não só na Sapucaí, mas no carnaval: a agremiação faz sua primeira apresentação da História, direto na Série Ouro. Mas como assim: a tradicional Acadêmicos do Sossego, que fez bom desfile em 2022, foi extinta em prol da “caçulinha”, como ela se autodenomina.

    Nada mais é do que uma mudança de CNPJ: mesmas cores, mesma bandeira, novo nome. A escola cantou os 450 anos da cidade onde está sediada, com uma promessa de aporte financeiro forte da prefeitura comandada por Axel Grael. O enredo “Carnaval da vitória” foi assinado por André Rodrigues, que também faz a Beija-Flor, esta ao lado de Alexandre Louzada.

    A noite terminou com a São Clemente irônica, debochada, recuperando seu perfil histórico. A escola de Botafogo propôs a viagem oposta à dos portugueses em 1500, com o enredo “O achamento do Velho Mundo”, do carnavalesco Jorge Freitas: indígenas saem da Praia de Botafogo e remam até Portugal. O humorista Marcelo Adnet, um dos compositores do samba-enredo, fez parte da comissão de frente, encarnando um português que é encontrado e despido pelos nativos.

    A falta de recursos foi a característica mais marcante em uma noite de desfiles apenas medianos, da qual não deve sair a escola que ascenderá à elite. Mesmo as favoritas, ainda que tenham mantido esse status, não repetiram suas performances dos últimos anos.

Após o atraso de 26 minutos para começar, devido à espera por autorização do Corpo de Bombeiros para a realização dos desfiles, o Arranco — campeão da Série Prata, de volta à Sapucaí após 10 anos afastado — apresentou o enredo “Zé Espinguela, chão do meu terreiro”, em que homenageou o jornalista, arengueiro e pai de santo em cuja casa a escola foi fundada e que também foi responsável por criar a primeira disputa entre escolas de samba.

Em desfile assinado pelo carnavalesco Antonio Gonzaga, o Arranco fez um desfile seguro, apesar de poucos recursos e das chuvas recentes terem atingido o barracão da escola. A escola do Engenho de Dentro também foi uma das que teve uma estrangeira — ambas filhas de brasileiras — à frente de sua bateria, a norte-americana Heather Anchieta, seguida pela tiktoker francesa Katarina Harmony no reinado da Lins Imperial.

Com o enredo de 2023, “Madame Satã, resistir pra existir”, uma reedição de 1990, a escola homenageou João Francisco dos Santos, o Madame Satã, um carioca icônico da primeira metade do século XX. Nordestino, preto e homossexual, o “bicha malandro” fez da Lapa, no Centro do Rio, o seu mundo, na visão dos carnavalescos. No entanto, a agremiação deve se preocupar com punições, já que o seu segundo carro apresentou problemas e não participou do desfile.

Já a Vigário geral, terceira a desfilar, conquistou o público com um enredo com temática infantil: “A fantástica fábrica da alegria”. Além de alas fazendo referência a desenhos animados e seriados, a comissão de frente se fantasiou de Willy Wonka e Oompa Lompas. A bateria, por sua vez, desfilou vestida de Chapolin Colorado.

Em seguida foi a vez da campeã do Grupo Especial em 1992, a Estácio de Sá, que entrou na Avenida com um discurso forte do presidente Leziário Nascimento: “O leão ferido torna-se mais assustador”, disse. Porém, a ala de passistas desfilou com tops, shorts e calcinhas, já que as fatasias não chegaram a tempo. Com enredo “São João, São Luís, Maranhão! Acende a fogueira do meu coração”, a escola contou com a presença de uma Alcione, a Carvalho, porta-bandeira da agremiação há 15 anos e da influenciadora Thaynara OG, embaixadora da Estácio, que desfilou ao lado de outros influenciadores na última alegoria.

Já a Unidos de Padre Miguel levou “Baião dos mouros”, para o Sambódromo, enredo sobre a influência árabe, moura e muçulmana no Nordeste. O luxo, presente nas fantasias, de certo modo até discrepantes para o restante das escolas, pode ser representado pela rainha Thalita Zampiroli, que vestiu peças banhadas a ouro e 800 mil cristais, ao custo final de R$ 260 mil. As referências ao mundo árabe tomaram conta do início do desfile, que encerrou com alusões ao Nordeste. Fim este que reservou emoção: um carro parou em frente ao setor 11, interferindo na saída do restante da escola. Mas a alegoria foi retirada a tempo e o portão foi fechado faltando 15 segundos para que se estourasse o tempo permitido.

A penúltima escola a desfilar foi a Acadêmicos de Niterói. Estreante não só na Sapucaí, mas no carnaval: a agremiação faz sua primeira apresentação da História, direto na Série Ouro. Mas como assim: a tradicional Acadêmicos do Sossego, que fez bom desfile em 2022, foi extinta em prol da “caçulinha”, como ela se autodenomina.

Nada mais é do que uma mudança de CNPJ: mesmas cores, mesma bandeira, novo nome. A escola cantou os 450 anos da cidade onde está sediada, com uma promessa de aporte financeiro forte da prefeitura comandada por Axel Grael. O enredo “Carnaval da vitória” foi assinado por André Rodrigues, que também faz a Beija-Flor, esta ao lado de Alexandre Louzada.

A noite terminou com a São Clemente irônica, debochada, recuperando seu perfil histórico. A escola de Botafogo propôs a viagem oposta à dos portugueses em 1500, com o enredo “O achamento do Velho Mundo”, do carnavalesco Jorge Freitas: indígenas saem da Praia de Botafogo e remam até Portugal. O humorista Marcelo Adnet, um dos compositores do samba-enredo, fez parte da comissão de frente, encarnando um português que é encontrado e despido pelos nativos.

A falta de recursos foi a característica mais marcante em uma noite de desfiles apenas medianos, da qual não deve sair a escola que ascenderá à elite. Mesmo as favoritas, ainda que tenham mantido esse status, não repetiram suas performances dos últimos anos.