Chuva atrasa plantio do milho e preocupa produtores da região

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O ano de 2023 teve o mês de fevereiro mais chuvoso dos últimos 44 anos em Dourados, com o acumulado de 302,4 mm, mais que o dobro da média prevista pela Embrapa Agropecuária Oeste. O período de maior intensidade coincidiu com a colheita da soja, o que trouxe perda em alguns pontos da região.

De acordo com o agrometeorologista e pesquisador da Embrapa, Carlos Ricardo Fietz, o clima foi favorável para o cultivo da soja, mas as chuvas que atingiram a região sul do Mato Grosso do Sul, onde Dourados está localizada, atrasaram a colheita do grão. Apesar de alguns relatos de perda em parte da produção, os números apontam que não haverá prejuízo na safra da soja.

“Nós tivemos uma safra muito boa em termos de clima, mas o final dela, principalmente aqui no sul do Estado, teve muita chuva no mês de fevereiro e início de março. De fato, essas chuvas atrapalharam a operação de colheita da soja, mas as informações de que a gente tem é que no Mato Grosso do Sul, em torno de 93% das lavouras estavam em condições boas, o que é um dado muito positivo. Até o dia 17 de maço, segundo a Aprosoja, 65% da soja já tinha sido colhida e 55% da área de milho já tinha sido plantada”, relata o pesquisador.

Agro é DNews esteve em diferentes pontos de Dourados onde é possível notar a diferença no estágio das lavoras do milho.

Essa diferença pode ser explicada pela antecipação do plantio da safra anterior, onde quem conseguiu plantar mais cedo, colheu antes da chuva.

Além disso, as chuvas isoladas atingiram certas regiões mais do que outras, logo, alguns produtores conseguiram plantar o milho na época certa.

Com o atraso na colheita da soja, o plantio do milho safrinha foi prejudicada em certas regiõesCom o atraso na colheita da soja, o plantio do milho safrinha foi prejudicada em certas regiões / Foto: Dourados News

Ângelo Ximenes é engenheiro agrônomo e presidente do Sindicato Rural de Dourados, ele também afirma que a chuva não representou risco para a safra da soja, mas causou atraso no plantio do milho, o que afeta a produtividade do grão e pode trazer prejuízo para os produtores da região.

“O milho semeado em fevereiro tem o potencial produtivo maior, quando inicia no mês de maço ele começa a perder o potencial produtivo, por conta que estamos entrando no Outono, com dias mais curtos e noites mais longas, e o milho precisa de bastante calor, sem contar que ele o período da vegetação vai pegar temperaturas mais baixas e estiagem de chuvas, o que também afeta o potencial”, explica.

Segundo o agrônomo, a estimativa para o milho safrinha na região é preocupante tendo em vista uma perda de 30% do potencial produtivo.

“Nós partimos de uma média histórica de 6 mil quilos, com 100 casas de 60 kg por hectare. Esse é o potencial que acreditamos que vamos ter e, se isso se concretizar, o produtor consegue pagar seus custos e ter um retorno. Entretanto, com o atraso no plantio, acreditamos que a produção na região não vai atingir essa estimativa, principalmente o milho semeado na segunda quinzena do mês de março ou os que ainda vão semear em abril, isso é muito preocupante”, disse.

Conforme os dados do Guia Clima da Embrapa, a estimativa de chuva para o mês de março é de 140.6 mm e o acumulado até ontem (27/3) foi 115.7 mm.