Desvios de pontes destruídas pelo fogo viram atoleiros em MS

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O fogo diminuiu, mas deixou na região pantaneira de Miranda estragos que seguem dando dor de cabeça para quem “corta” as rodovias MS-234 e MS-235 na região. Cerca de 13 pontes foram destruídas durante os incêndios deste ano, agravando as más condições viárias em um trecho de aproximadamente 100 quilômetros nas duas estradas.

Desde então, a passagem de veículos e caminhões boiadeiros é feita por desvios, que com a chegada das chuvas, se transformaram em verdadeiros atoleiros. De acordo com o consultor rural Newton Claudio Bezerra Cavalcanti, o “Carioca”, um dos trechos mais atingidos da MS-234 fica entre a região do Carandazal e a Ilha do Nabileque.

São 80 quilômetros de estrada de chão em que dez pontes foram destruídas pelo fogo, segundo ele. Uma delas ficava em frente à Fazenda Reloginho e tinha 120 metros de extensão. Vídeo feito por um fazendeiro da região mostra as chamas transformando a madeira em cinzas.

“Ele ainda tentou serrar a ponte para evitar que o fogo consumisse toda ele, mas não conseguiu devido a fumaça e o fogo alto”, comenta o consultor.

Já na rodovia MS-235 o trecho mais crítico fica no percurso de apenas 20 quilômetros entre o Morro do Azeite e o Carandazal em que mais três estruturas vieram ao abaixo. Imagens e vídeos enviados pelo consultor rural, dão uma dimensão preocupante da realidade que os trabalhadores rurais e pecuaristas estão enfrentando, diariamente.

Uma das imagens mostra um caminhão “dobrado” ao meio junto a uma ponte que não suportou o peso da carga. Por conta das chuvas dos últimos dias, muitos caminhões e veículos têm ficado atolados nos desvios. Vídeos e fotos mostram como é difícil atravessar o lamaçal escorregadio. Só caminhões e caminhonetes traçadas superam os longos trajetos desse “rally pantaneiro”.

A distância é outro agravante que obriga os pantaneiros a “se virarem” como podem, diante de tantos transtornos. A MS-234 começa a aproximadamente 60 quilômetros de Miranda enquanto a MS-235 está a no mínimo 100 quilômetros do perímetro urbano.

“Quem socorre estes motoristas somos nós. Levamos água, comida, arrastamos com tratores, caminhonetes. No final de semana tive um prejuízo de R$ 950,00 com minha caminhonete enquanto arrastava alguns dos motoristas que ficaram atolados”, comenta.

“Quando vemos os caminhões passando na estrada já avisamos os vizinhos que ficam mais frente. Caso nem todos passem por lá é sinal de que já tem algum atolado e vamos atrás”, detalha Newton ao explicar o sistema improvisado de socorro que os moradores desenvolveram para ajudar os condutores que passam pela região.

O consultor conta que a maioria das pontes foi destruída pelo fogo, mas critica a falta de manutenção do poder público.

“Em qualquer estrada de asfalto por onde você passa há manutenção no entorno das pontes. A vegetação é roçada, o entorno é bem cuidado, já aqui não. Cada ponte dessa custa R$ 300 mil e até R$ 1 milhão, deveriam passar pelo menos uma roçadeira no entorno delas para preservar a integridade das pontes. Deviam roçar a vegetação periodicamente para evitar o risco do fogo chegar até elas”, desabafa.

Recursos – Em setembro a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) estimou que serão necessários pelo menos R$ 3 milhões, para reconstruir todas as pontes destruídas pelo fogo no Pantanal. O prazo para a publicação dos editais de contratação das empresas responsáveis pelos reparos, bem como a data para o provável início das obras, no entanto, ainda não foi divulgado.