Entenda o que é “lipedema”, doença que atinge 5 milhões de brasileiras

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Com exercícios e dieta, Tamires já perdeu quase 70 quilos, mas uma grande quantidade de gordura resiste nos quadris e nas coxas. Ela tem “lipedema”, o acúmulo desproporcional de células de gordura em regiões específicas do corpo, como pernas, quadris, além de braços e joelhos.

As consequências vão muito além da estética. “Secreção, porque afetou a parte linfática também. Cansaço nas pernas, o tempo todo. Inchada, dolorida, roxidão, os vasos estourados”, relata a doceira Tamiris de Sá.

O lipedema é genético e pode ser desencadeado por mudanças hormonais e hábitos de vida. “Alterações genéticas que a paciente pode herdar, tanto do pai quanto da mãe, e também influências externas. Então, uma alimentação inadequada, a falta de atividades de esportes. Essa gordura pode levar a uma inflamação dos tecidos, pode levar a uma dificuldade da circulação local”, explica a médica cirurgiã do Instituto Lipedema Brasil, Carolina Vitorasso.

Uma em cada dez mulheres no mundo tem lipedema. Só no Brasil, são 5 milhões. A doença é rara em homens. O diagnóstico é basicamente clínico, não existe um exame que confirme a doença, o que faz com que o lipedema seja, muitas vezes, confundido com a obesidade.

“A pessoa pode ter lipedema e ser magra? Pode, inclusive, eu tenho, eu sou portadora de lipedema. O volume das minhas pernas estava maior do que o restante do meu corpo. Se eu encostasse em alguma coisa, doía; se a calça apertasse, doía… e assim, todo muno falava que era mimimi”, lembra a diretora-presidente da ONG Movimento Lipedema, Gabriela Pereira.

Gabriela é fundadora da ONG Movimento Lipedema, que divulga a doença. Ainda não há cura, mas tem tratamento. Em geral, uma dieta sem refrigerantes, açúcar, carboidratos, sódio, álcool e exercícios diários. Para o acúmulo de gordura sumir, só com cirurgia, que no Brasil, não é coberta pelo SUS e nem por planos de saúde.

“Nessa lipoaspiração, a gente elimina células de gordura que estão em excesso… dessa maneira, a gente tira essa sobrecarga sobre o sistema linfático, e o paciente passa a ter menos sintomas, às vezes, passa a não ter sintomas”, explica a médica cirurgiã.