Ex-marido que matou juíza a facadas na frente das filhas é condenado a 45 anos de prisão

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Paulo José Arronenzi, acusado de assassinar a facadas a ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral, foi condenado a 45 anos de prisão pelo homicídio quintuplamente qualificado. A sentença foi anunciada na madrugada desta sexta-feira, após mais de 13 horas de julgamento.

A magistrada foi morta na véspera do Natal de 2020, na frente das filhas do casal. Paulo José foi condenado por femicídio, crime praticado na presença das três crianças, assassinato cometido por motivo torpe, por meio que dificultou a defesa da vítima e emprego de crueldade.

Segundo o juiz que presidiu a sessão, Alexandre Abrahão Dias Teixeira, o réu demonstrou “conduta arquitetada, fria e obstinada, o que de per si prova a maior intensidade de dolo”.

“A personalidade do acusado é adversa e corrompida. Tal se evidencia pelo padrão hostil adotado a partir de certo período com sua ex-esposa e parentes próximos. As testemunhas ouvidas no decorrer da instrução criminal atestam uma postura descontrolada, cercada de rompantes de raiva tal como na ocasião em que chegou a arremessar um copo de vidro na parede, ferindo com estilhaços a perna de uma de suas filhas menores”, escreveu Teixeira no documento.

A juíza Viviane Vieira do Amaral
A juíza Viviane Vieira do Amaral Foto: Reprodução

Comportamento agressivo e extorsão

Na sessão, a primeira a ser ouvida foi a mãe da vítima, Sara Vieira do Amaral. Durante 50 minutos de depoimento, aos prantos, a idosa descreveu o comportamento agressivo de Arronenzi com a vítima, muito antes da primeira separação do casal, em 14 de setembro de 2020.

— Ele chamava Viviane de burra, feia e cabeção em tom de brincadeira. Ele não fazia elogios. Sempre que falava dela, era desfazendo. Ele empurrou Viviane e ela foi fazer corpo de delito. Quando ele ia buscar as filhas de carro no colégio era um inferno. Ele gritava e berrava dizendo “Eu era feliz até vocês nascerem” — relatou Sara.

A mãe de Viviane disse à promotora Carmem Carvalho que a filha era extorquida pelo acusado e que ele “a isolava do convívio da família”. Durante a separação, Arronenzi exigiu que a juíza pagasse grandes quantias em dinheiro e tomava posse de bens do casal, relatou Sara. A idosa disse ainda que a quantia guardado pela vítima era para a compra de um apartamento, o que não aconteceu devido às chantagens que sofria do ex-marido:

— Viviane transferiu R$ 640 mil para ele. Ele ficou com dois carros, casa e imóveis. Além de solteiro e feliz. Ele adora viajar. Ele achava que tinha direito a metade do que ela tinha, e ele ficou de arcar com um salário mínimo por mês na pensão das filhas.

Segundo a depor, Vinícius Vieira do Amaral, irmão da juíza Viviane do Amaral, relatou ao júri que convenceu a irmã a abrir mão da escolta policial, em dezembro, mesmo período em que foi morta pelo ex-marido. Segundo Vinícius, a orientação veio em meio a um bom comportamento apresentado por Arronenzi. Na época, de acordo com relato do irmão da vítima, o casal estava separado e compartilhando a guarda das três filhas e, por isso, os dois queriam manter uma convivência amigável:

— Paulo não matou Viviane no dia 24. Começou a matar muito antes. E está matando toda a família. Eu não pensa na minha irmã as vezes, penso toda hora. Não consigo manipular uma faca e não pensar nela. A cena de terror se perpertuou. Quem sustentava a casa era Viviane. Ele disse que não ia abrir mão de nada.