Justiça mantém prisão preventiva de Fahd Jamil e pede perícia médica

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Um dos chefes históricos na região de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, Fahd Jamil Georges, 79 anos, passou por uma audiência de custódia na tarde desta terça-feira (20).

A defesa do “Chefão da Fronteira”, como ficou conhecido, havia feito um pedido de prisão domiciliar, pois alegou que o estado de saúde do réu é grave. Porém, a prisão preventiva foi mantida pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal.

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Fahd Jamil, foi preso após se entregar em Campo Grande na última segunda-feira (19). desde então, está em uma cela do Garras, por questões de segurança e até, que uma perícia médica oficial constante se ele tem condições de continuar encarcerado.

Agora, o magistrado irá solicitar informações das autoridades para saber que unidade tem condições de abrigar o réu. Só depois disso, Roberto Ferreira Filho vai se manifestar sobre o pedido dos advogados.

Carta aberta

Em carta aberta divulgada hoje pela defesa, Fahd Jamil alega que além de isodo e doente, vive sob perseguição de criminosos, sendo sustentado pelos filhos.

Ele afirma ainda que não antecedentes criminosos, que sempre colaborou para o equilíbrio da segurança na fronteira e com as autoridades em geral.

“Por isso tudo, pretendendo zelar pelos meus direitos nos processos em curso, tomei a decisão de me apresentar na unidade local do Garras, em mais uma atitude de consideração pelos poderes públicos em geral”, diz na carta.

Organização criminosa

Fahd Jamil foi alvo da terceira fase da Operação Omertà, denominada Armagedom, que cumpriu dezenas de mandados de prisão em junho do ano passado.

Ela agiu contra os laços de influência e poder que o grupo chefiado por Jamil Name e Jamil Name Filho tinha com vários órgãos da administração pública, e também com Fahd Jamil, de Ponta Porã, chamado de “Rei da Fronteira”, e considerado seu parceiro para trama de execuções e movimentações de arma.

Ao pedir os mandados de prisão preventiva, de prisão temporária e de busca e apreensão, o Gaeco dividiu a então nova fase da organização criminosa em dois núcleos: o comandado por Jamil Name, em Campo Grande, e o comandado por Fahd Jamil, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.

O assassinato do ex-chefe de seguraça da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, ocorrido em 11 de junho de 2018, é o elo que expõe a aliança existente entre o que os investigadores chamam de organizações criminosas de Jamil Name e de Fahd Jamil.

De acordo com Ministério Público Estadual (MPE), o crime foi encomendado por Fahd Jamil e executado pelo suposto grupo criminoso chefiado pelos Name.

Conforme a investigação, o motivo seria uma vingança pela morte de Daniel Jamil Georges, filho de Fahd. Ele desapareceu em 2011 e foi declarado morto em 2019. Ilson teria sido um dos responsáveis por esse desaparecimento.

Além do assassinato de Figueiredo, o grupo de Fahd Jamil também teria executado o pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira (o Betão), em abril de 2016, e também de Orlando da Silva Fernandes (o Bomba) em outubro de 2018.

O grupo de Fahd Jamil mantinha na Fazenda Três Cochilhas, em Ponta Porã, uma fazenda que seria um verdadeiro “bunker”. Uma espécie de quartel-general da pistolagem.

O monitoramento avançado do Gaeco permitiu verificar movimentações financeiras envolvendo os grupos de Jamil Name e Fahd Jamil. Elas sempre ocorriam em maior volume perto das  datas das execuções. Foram pelo menos oito transferências entre os grupos, no valor de R$ 130 mil, indica a investigação.

Em outubro do ano passado, a Justiça aceitou a denúncia contra Fahd e os Name pela execução de Figueiredo.

O indiciado tinha um mandado de prisão em aberto e chegou na manhã de hoje, em um avião, desembarcando no Aeroporto Santa Maria, onde equipe do Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro (Garras) o aguardava.

A apresentação foi negociada entre o advogado do acusado e a polícia.