Maduro x Guaidó: quem está ganhando este jogo?

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A iminente hecatombe que se anunciava na Venezuela há dez semanas, quando o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, proclamou-se presidente interino do país, não se concretizou. Sustentado pelo comando das Forças Armadas, o regime de Nicolás Maduro avança seus tentáculos sobre o opositor com armas que já são conhecidas.

Na ofensiva mais recente, o líder opositor foi proibido, pelo Supremo Tribunal, de exercer o cargo do deputado pelos próximos 15 anos. O regime alega que, desde 2015, ele fez 90 viagens ao exterior, com gastos que não podem ser justificados pelo seu salário. Seu principal assessor está preso acusado de terrorismo.

Outros líderes opositores já foram encarcerados, fugiram do país por rotas mirabolantes ou estão inelegíveis. As acusações seguem um roteiro que varia de corrupção a assédio sexual. O líder do Vontade Popular, Leopoldo López, encontra-se em prisão domiciliar, condenado a 13 anos por incitar protestos. Duas vezes candidato à presidência, o ex-governador Henrique Capriles não pode concorrer a cargos públicos por 15 anos, acusado de irregularidades no estado de Miranda.

Ex-presidente da Assembleia Nacional, de maioria opositora ao governo, Julio Borges fugiu para a Colômbia, acusado de articular um complô para assassinar Maduro. Hoje é o embaixador de Guaidó no Grupo de Lima. O ex-deputado Freddy Guevara, ex-vice-presidente do Parlamento, está asilado há um ano na Embaixada do Chile, em Caracas.

Por estes exemplos, podemos deduzir que Guaidó terá destino semelhante ao de quem se aventurou a se opor ao chavismo: prisão, fuga ou inelegibilidade. A decisão do Supremo Tribunal de Justiça de levantar sua imunidade parlamentaré o primeiro passo para ser preso (decisão que foi confirmada pela Assembleia Constituinte, também pró-Maduro, na noite desta terça-feira).

O cerco ao autoproclamado presidente interino significa então que ele está perdendo o jogo? Ainda não. Guaidó conta com o respaldo de 60 países, sabe que há um limite para Maduro agir sem sofrer mais retaliações vindas do exterior. Apesar do tom desafiador ao regime, o líder opositor tem obtido poucos avanços. Seu objetivo principal — a queda do regime — está emperrado.

solado e desgastado, Maduro, tampouco, está perto de declarar vitória, apesar do apoio de militares e de um exército de milicianos. Fronteiras com países vizinhos permanecem fechadas, e o governo se mostra incapaz de solucionar os graves problemas que afetam a população venezuelana. Esta, por sinal, é até agora a maior derrotada, submetida a cortes de água e luz e a mais um racionamento.