Morre a jornalista e apresentadora Glória Maria

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Morreu nesta quinta-feira (2) a jornalista e apresentadora Glória Maria. Ela estava internada no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio, tratando um câncer. Em meados de 2022, ela começou um tratamento, após metástases no cérebro, mas, infelizmente, ele deixou de fazer efeito nos últimos dias. Glória deixa duas filhas, Maria e Laura.

A jornalista estava afastada do “Globo Repórter” há mais de três meses, por conta do tratamento. O último programa apresentado por ela foi a edição do dia 5 de agosto de 2022. Ela trabalhava no “Globo Repórter” há 12 anos.

Glória Maria
Glória Maria Foto: Rede Globo/Divulgação

Em comunicado, a Rede Globo informou: “Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, também com êxito incialmente. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias”. Veja ao fim desta reportagem o comunicado completo.

Em 2019, Glória Maria passou por uma cirurgia de emergência para a retirada de um tumor no cérebro, descoberto repentinamente, após um desmaio. Depois da cirurgia, a apresentadora ainda fez um tratamento com a radioterapia e imunoterapia.

Precursora

Nascida em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, Glória Maria Matta da Silva se formou em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e entrou na Globo como rádio-escuta na editoria Rio da emissora. Mais tarde, foi efetivada como repórter. Sua primeira entrada ao vivo foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Ela também foi a primeira repórter a entrar ao vivo na primeira matéria a cores do “Jornal Nacional”, em 1977.

Entrevistas icônicas e lugares exóticos

Mais tarde, ela virou âncora de programas como “RJTV”, “Jornal Hoje”, “Bom dia Rio” e “Fantástico”. Este último, aliás, ela apresentou por um longo período, de 1998 a 2007, embora já fizesse parte da equipe desde 1986. No “Fantástico”, Glória Maria entrevistou diversas personalidades como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.

Também ficou conhecida por matérias especiais em lugares exóticos, tendo visitado mais de 100 países, e participou de coberturas históricas como a guerra das Malvinas (1982), a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), os Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998), entre outras.

Em 2007, ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues, ela bateu outra marca, realizando a primeira transmissão em HD da televisão brasileira. Foi uma reportagem para o “Fantástico” sobre a Festa do Pequi, fruta de cor amarela reverenciada pelos índios Kamaiurás, no Alto Xingu.

Glória Maria
Glória Maria Foto: Estevam Avellar/Globo

‘Glória Maria descontraía sem perder o senso da notícia’

Leia na íntegra o comunicado da Globo:

“Em mais de cinco décadas de carreira, a carioca Glória Maria Matta da Silva, filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, contou histórias do mundo. E fez história no jornalismo brasileiro. Abriu caminhos para mulheres negras e se tornou referência para centenas de profissionais. Na manhã desta quarta-feira, dia 2 de fevereiro, a jornalista e apresentadora morreu e deixa duas filhas, Laura e Maria.

Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão, tratado com sucesso com imunoterapia, e metástase no cérebro, tratada cirurgicamente, também com êxito incialmente. Em meados do ano passado, a jornalista iniciou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias.

Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais. A importante cobertura do desabamento do elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro, que deixou 26 mortos em 1971, marcou sua estreia na Globo. Com a marca do pioneirismo, em 1977, Glória Maria se tornou a primeira repórter a entrar no ar ao vivo e a cores no ‘Jornal Nacional’.

Após passar por ‘Jornal Hoje’, ‘Bom Dia Rio’ e ‘RJTV’, chegou ao ‘Fantástico’ em 1986, programa que apresentou de 1998 a 2007. Neste último ano, mais um feito: participou da primeira transmissão em HD da televisão brasileira, em uma reportagem no Alto Xingu.

A curiosidade de Glória Maria desbravou fronteiras. Em viagens por quase 200 países, Glória Maria andou lado a lado com a história. Participou de coberturas como a da Guerra das Malvinas, em 1982; a posse do presidente americano Jimmy Carter, em 1977; os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996; a Copa do Mundo da França, em 1998, entre outras. Com seu jeito tão particular, arrancava declarações divertidas e reveladoras de entrevistados tão distintos quanto Michael Jackson, Usain Bolt, Paulo Coelho, Harrison Ford, Leonardo Di Caprio, Roberto Carlos e Madonna.

A intensa atuação diante das câmeras a fez solicitar e obter uma conquista: após apresentar por 10 anos o ‘Fantástico’ ao lado de Pedro Bial, ela partiu para um período sabático e ficou afastada do vídeo entre 2007 e 2009. E retornou, no ‘Globo Repórter’, onde levou os brasileiros por viagens e aventuras inesquecíveis. Do Brunei, o “país da felicidade”, a uma descida de bote pelo rio Colorado, no Grand Canyon. De um passeio de camelo pelo deserto de Omã a conversas com encantadores de serpentes no Marrocos. Cruzou o deserto do Saara em um dromedário, pulou do bungee jump mais alto do mundo na China, e viveu uma antológica experiência psicodélica na Jamaica. Foi repórter do programa a partir de 2010 e, nove anos depois, assumiu também a apresentação, ao lado de Sandra Annenberg.

Em 1998, foi convidada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Juventude (Unicef) para ser uma das apresentadoras de um concerto beneficente para a Etiópia. Dez anos depois, em 2008, foi homenageada pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro com a Medalha Chiquinha Gonzaga.

Glória Maria descontraía sem perder o senso da notícia. Viveu, amou e trabalhou plenamente, enquanto escrevia linhas importantes da história do jornalismo brasileiro”.

Quantos países Glória Maria já visitou? Jornalista tinha lugar favorito que gostaria de viver com as filhas

Pioneira em tantos aspectos no jornalismo brasileiro, Glória Maria, que morreu nesta quinta-feira, dia 2, tinha como marca as reportagens pelo mundo. Ela se orgulhava dos passaportes carimbados e até conseguiu contar por quantos países já passou: 160. E tinha até um lugar favorito se um dia mudasse do Brasil com as filhas.

Glória Maria

Glória Maria Foto: Estevam Avellar/Globo

 

“Saint Tropez e Ibiza. Eu conseguiria ser livre com as minhas filhas e com segurança. Lá ninguém te incomoda, não tem violência”, disse em entrevista à Narcisa Tamborindeguy, em 2018.

Além de mostrar a cultura local, a gastronomia e fazer grandes entrevistas, Gloria também se jogava nas experiências. Em algumas delas, até virou meme, como quando usou maconha para fins religiosos na Jamaica em uma reportagem. Dava risada das piadas na web.

E ainda: Glória Maria brincava com ‘mistério da idade’ e disse ao EXTRA o que queria na lápide: ‘Vivi como eu quis’

“Eu não sei fazer essa oração, essa prece, mas eles querem que eu tente. Recusar, nem pensar, seria um desrespeito com a tradição. Num primeiro momento, fiquei completamente tonta. Para quem não está acostumado, é preciso tempo para entender”, disse no “Globo Repórter”, em 2016, durante a reportagem.

Gloria estava internada no Rio de Janeiro, tratando um câncer. Ela deixa duas filhas, Maria e Laura. A jornalista estava afastada do “Globo Repórter” há mais de três meses, por conta do tratamento. O último programa apresentado por ela foi a edição do dia 5 de agosto de 2022. Ela trabalhava no “Globo Repórter” há 12 anos.

Glória Maria

Glória Maria Foto: Rede Globo/Divulgação