MP enquadra médico que prometeu deixar petistas morrerem em Nova Andradina

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O médico Ygor José Saraiva Carvalho Silva será investigado pelo Ministério Público Estadual, em Nova Andradina. Ele teria prometido deixar eleitores de Lula morrerem, sem atendimento, no Hospital Regional Francisco Dantas Maniçoba, por motivos políticos.

O caso foi denunciado pelo vereador ”Josenildo Ceará”, ao TopMídiaNews, no dia 3 de novembro. Inclusive, a reportagem do site serviu de base para o MPE instaurar o inquérito civil, no mesmo dia da publicação jornalística.

O crime atribuído pelo MPE a Ygor é ”improbidade administrativa”. O órgão diz que a suposta fala do profissional de saúde ”atenta contra os princípios da administração pública, notadamente os deveres de imparcialidade e legalidade, além de violação aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade pública… ”, diz trecho do inquérito.

Na movimentação do inquérito, há determinação para que o médico seja notificado. O MPE também notificou o hospital a dizer quais providências serão tomadas em relação ao servidor, no prazo de 10 dias. O Conselho Regional de Medicina do MS também deverá averiguar se houve infração ético-disciplinar por parte do profissional.

O promotor de Justiça, Paulo Henrique Mendonça de Freitas é que cuidará da investigação. O espaço está aberto para manifestação do médico e demais citados.

O caso

Na reportagem do TopMídiaNews, Josenildo Ceará diz ter recebido provas que Ygor José teria dito:

“Quem vota no Lula, com oito dedos, nove dedos, tem que tomar no c*! Porque o Lula é bandido! Quem vota em bandido, bandido é, entendeu? E quem não gostar fala comigo!”, teria esbravejado o profissional. Em seguida ele disse:

“Votar no Lula e chegar morrendo no hospital, vai morrer, porque eu não vou ajudar!”.

Retratação

Após o caso viralizar, o médico publicou uma nota de retratação:

“Venho aqui, por meio desta nota pública, me retratar com relação aos áudios que foram publicados na imprensa de Nova Andradina.

No período da manhã, em dia eleitoral, após ter cumprido com todas as minhas obrigações do dia, fui ao encontro de amigos, onde tivemos nosso momento de descontração.

Nesse momento, fomos até uma conveniência da cidade e chegando no açougue da tal conveniência comecei a brincar sobre a compra que estava fazendo, tirando uma onda em tom de brincadeira sobre promessa política de tal candidato. Com isso, acabei dizendo palavras, das quais, me arrependo.

Menciono que não dirigi as palavras diretamente a qualquer pessoa em particular, sim fazendo brincadeira com meu amigo que ali se encontrava, sendo que tais palavras, naquele momento, foram obtidas por meio de gravação sem meu conhecimento ou consentimento.

Desde já quero deixar bem claro, que as palavras foram da boca para fora, e, em um momento inoportuno, dentro de uma conveniência. Muitos cidadãos de Nova Andradina e região que já passaram por atendimento realizado por mim, sabem que sou sempre descontraído, além disso, que dou o meu melhor no atendimento médico a todos visando acalentar, tirar a dor e propor o melhor àquele que veio até mim, pois foi isso que aprendi durante minha formação, sendo esse, inclusive, o juramento que fiz perante meus colegas e mestres.

Há pouco tempo, tivemos uma pandemia mundial, pandemia essa que devastou famílias em todos os municípios do Brasil e do mundo, inclusive na região do Vale do Ivinhema. Na época da pandemia eu estava lá, a frente do Hospital Regional fazendo planejamentos e decidindo sobre ações que deveríamos tomar a tudo que poderia vir, de repente a pandemia chegou de forma avassaladora e naquele momento, ainda não estávamos totalmente amparados via a materiais e medicações, sobre como seria esse enfrentamento. Porém, como diretor clínico fiz meu papel, chamei a responsabilidade e junto com a equipe médica, enfermagem, fisioterapeutas, nutrição, limpeza e gestores abraçamos o serviço e começamos a dar nosso melhor por todos aqueles que por um motivo ou outro, vinham até nós do Hospital Regional, nunca negando atendimento a quem quer que fosse, isso por amor ao próximo, pois quem exerce a medicina não alcança méritos se um total amor não se fizer sempre presente. Exemplo disso, cito, que durante a pandemia, fui o primeiro médico do Vale do Ivinhema a realizar o processo de sedação e intubação oro traqueal para paciente covid-19+, enquanto muitos se sentiam inseguros para realizar tal procedimento, não pensei nem sequer uma única vez e fiz tal procedimento livrando aquele paciente da angústia respiratória.

Sou médico, mais antes de tudo, sou ser humano, passível de erro com as palavras. Também tenho sentimentos, cometo erros como qualquer pessoa, mas tenho também o senso do dever de me retratar quando necessário.

Longe de mim prejudicar alguém, pois nunca omiti socorro, e nunca o farei em qualquer circunstância quando do atendimento a quem quer que seja, sem distinção de raça, cor, credo ou mesmo posição política qualquer que seja, atendendo a todos como iguais. Gostaria de ser lembrado por isso e não por um momento de infelicidade em conversa na fila de uma conveniência com amigos e conhecidos.

Estou ciente dos procedimentos administrativos que terei que enfrentar e levarei minha defesa sempre com a honestidade.

Desde já, mais uma vez, peço desculpas a quem se sentiu ofendido, e todos podem ter certeza que sempre irei desempenhar o melhor atendimento médico a qualquer pessoa, como sempre fiz durante toda minha carreira médica. Deixo claro, não usei nome de nenhuma instituição que presto serviço.”